O REFERENDO SOBRE A EUROPA
Ah, agora é que o querem fazer, o referendo ? Quando tudo era dourado e apetecível, nessa Europa-sebastiânica, ninguém pareceu muito interessado em fazer o tal referendo ...
Agora, que se anuncia uma espécie de nova "Constituição" para a Europa, com a concentração do poder nos grandes países e um papel ultra-secundário para os pequenos, os nossos políticos começam a ter medo de enfrentar, sózinhos, a submissão a essa Europa dos grandes. Começam a falar de um referendo...
A atitude do nosso poder político ( no bloco central ) em relação à questão da Europa sempre foi de um grande vanguardismo, elitismo e desprezo pela opinião popular : nunca, nem mesmo relativamente à moeda única, nunca foi dada aos portugueses qualquer oportunidade de dizerem aos seus representantes o que desejavam para a Europa .... Esses representantes sempre assumiram que sabiam muito bem o que convinha aos portugueses.
Então, um referendo agora porquê, para quê ?
O referendo, AGORA, parece-me somente o desejo de co-responsabilizar o País inteiro numa reforma que abre o caminho a uma Europa de países democráticos ... governada por uma burocracia não-democratica.
Bonito ! E precisam dos portugueses para terem a coragem de dizer que assim não vale ? Ou, pelo contrário, querem que lhes demos uma palmada de conforto nas costas e lhes digamos para irem por diante com essa Europa esquisita ?
E, nessa hipótese, se os portugueses recusarem agora essa nova "Constituição" , vamos fazer tantos referendos até que o resultado seja sim, como outros já o fizeram ?
Chega. Não gozem mais com os céguinhos, não ?
Aprovem ( e sofram as consequências políticas do facto ) ou não aprovem ( essa nova "Constituição" é de facto um projecto perigoso para a Europa ), mas não nos queiram responsabilizar, AGORA, quando nunca o fizeram antes.
Se, ainda assim, o tal referendo se fizer, vou dizer que não. Com raiva. Por esta vez e por todas as outras anteriores, onde até diria que sim algumas vezes mas nunca me deixaram dizer nada ...