terça-feira, julho 27, 2004

QUERIAM LIMPEZA DO CADASTRO, NÃO ERA ? ...

Um destes dias, e a propósito dos fogos, perante as críticas ao Governo, comentava um dos novos Ministros : “Este Governo tem apenas oito dias ! “
Entenda-se nas suas palavras : não somos responsáveis pela situação, não fomos nós que fizemos ou deixámos de fazer alguma coisa.
À primeira vista, pode parecer que o referido senhor tem toda a razão.
Mas é só à primeira vista.
A verdade é que se este Governo se reclama da mesma fonte de legitimidade que o anterior, o de Durão Barroso ( as ultimas eleições legislativas ) então a sua responsabilidade política deve ter a mesma data de origem que a sua legitimidade. Ou seja, este não é um Governo diferente, é apenas um Governo de continuação. Melhor ainda : este Governo é responsável por tudo aquilo que o anterior fez e não fez.
Se não gostarem desta situação, então arranjem a sua própria legitimidade e não se sirvam da mesma que o Governo anterior.
Em suma : é falso que este Governo tenha apenas 8 dias de funcionamento. Na verdade, tem bastante mais que 2 anos !
E para quem duvidar desta minha argumentação : se assim não fosse, como poderia o eleitorado julgar um Governo, no final de uma legislatura ? Bastaria que o partido mais votado dividisse em dois o período da legislatura : na primeira metade funcionava o governo “mau”, das medidas duras e impopulares; na parte final, entrava o Primeiro-Ministro bonzinho, com medidas mais suaves e pacíficas, para que os eleitores esquecessem as outras medidas ....
Simples, não era ?
Não se deixem enganar, portanto. Este Governo É o outro, se a sua legitimidade é a mesma, e deve responder por tudo aquilo que o Governo de Durão fez e deixou de fazer.

segunda-feira, julho 26, 2004



Ainda os fogos de Verão.
Desta vez, mais a sério que ontem.
Li hoje que o nosso Governo pediu auxílio à EU ; no seguimento desse pedido a Grécia ( a Grécia !!!! ) vai enviar para cá dois aviões Canadair ...
Amigos : todos os anos é esta história. Toda a gente se interroga porque motivo Portugal não adquire uns quantos Canadair, aqueles aviões bimotores que largam grandes quantidades de água e depois vão reabastecer-se outra vez a barragens, lagos ou até ao mar, se estiver calmo. Não devia ser dificil para quem construiu 10 novos estádios de futebol. Mais : talvez não saibam, mas aqui não há muitos anos a nossa Força Aérea tinha um kit de combate a fogos que era instalado num C-130, um tanque cheio com uma mistura líquida de eficácia muito superior à simples água. Foi abandonada a ideia, porque a Força Aérea cansou-se de ter o avião preparado sem que o Serviço Nacional de Bombeiros o requisitasse, em épocas de fogos intensos.
Proponho-vos as seguintes linhas de raciocínio :

--> porque razão Portugal não compra pelo menos dois ou três Canadair, quando se vê que são indispensáveis todos os anos e que o seu custo seria rapidamente amortizado ?

--> porque razão esse C-130 da FAP com o kit de combate a incêndios deixou de ser utilizado ?

--> quem terá vantagens económicas com o facto de Portugal ( o Estado ) não possuir esses meios e ter que estar sempre a pagar o seu aluguer ( caríssimo ! ) ? Quem estará ligado a essas actividades directamente interessadas na industria do combate ao fogo ?

--> Será que não há interesses económicos que lutam, por detrás das cortinas, pela manutenção deste caos e a quem não interessa nada que o Estado possua meios aéreos próprios de combate aos fogos ?

--> Ou será, em alternativa, que as pessoas ligadas a este problema em vários Governos anteriores são todas incompetentes, medrosas ou cegas ??


Bem sei que este calor sahariano não convida muito a grandes esforços mentais ... mas, co’os diabos, são só dois micro-segundos de raciocínio !
Vá lá !
HÁ COISAS QUE PARECEM INEVITÁVEIS

É inutil.
Não vale a pena estar sempre a falar nos fogos e no que se havia de fazer para acabar com eles ou pelo menos para lhes diminuir as consequências.
É totalmente inútil : todos os anos sucede o mesmo, com uma regularidade monótona. Todos os anos nos queixamos da falta de meios dos bombeiros, todos os anos dizemos que a culpa é das altas temperaturas e do vento.
A coisa é tal que começo mesmo a acreditar que os fogos só param quando querem, com ou sem os esforços dos bombeiros... assim sendo, não seria melhor aplicar o dinheiro que se gasta com bombeiros, viaturas, aviões, etc ... pura e simplesmente a limpar as matas, a seccioná-las e a dotá-las de caminhos ? Depois, quando acontecesse um fogo, deixava-se arder até acabar. A diferença para agora não seria muita e poupava-se aquele esforço inglório, aquele aparato dramático, aquela ostentação penosa da mais gritante descoordenação e ineficácia.
Isto que digo pode ser uma enorme parvoíce, é verdade. Porém, desafio alguém a demonstrar-me que estou londe da verdade ...
Claro que só estou a falar de fogos florestais, amigos, não dos fogos urbanos nem dos industriais.
E já agora, que estou com as mãos na massa, digam-me lá se não se ganhava também mais em não ter governo nenhum do que em ter este ?
Pensem bem nisso.

quarta-feira, julho 21, 2004

A LIBERDADE DE USAR A INTELIGÊNCIA

Acabei de ver uma entrevista de Maria João Avilez a Pacheco Pereira e apetece-me dizer : vivam a inteligência, a honestidade intelectual e a liberdade de espírito !
Pacheco Pereira não é um homem da minha família política ; contudo, oiço-o sempre com um prazer imenso, mesmo se dele discordar, em parte ou no todo. Isto não me acontece com muitas outras pessoas, infelizmente.
Não é apenas a lucidez da análise e a facilidade de expressão, é também, e provavelmente antes de mais, a enorme sensação que transmite da sua liberdade de pensamento. Quando fala, é ele que fala, não um partido, um grupo económico ou um sindicato. A verdade é que todos estes anos me cansaram de frases repetidas, de ideias estereotipadas, de escravizantes opiniões de grupo. Agrupar as nossas opiniões e os nossos comportamentos, cristalizando-as em partidos, sindicatos, clubes de futebol ou outras coisas semelhantes, tem inegáveis vantagens na viabilização de uma sociedade plural e democrática, é verdade. Mas é também uma espécie de tirania intelectual e algo profundamente redutor para o espírito humano.
Por isso gosto das pessoas, como Pacheco Pereira, que se vão libertando do jugo das opiniões de grupo pré-definidas, nunca desistindo de ser livres e inteligentes.
Claro que nem todos o podem ser, nem todos o devem ser, nem todos o querem ser.
Contudo, é importante, muito importante, que existam pessoas assim.

domingo, julho 18, 2004

A VERDADE SOBRE A CONSTITUIÇÃO DESTE GOVERNO
 
Este primeiro-ministro é um finório !
As suas influências noctívagas foram determinantes na constituição deste cocktail, perdão, deste governo : uns quantos ingredientes, umas pedras de gelo, vai tudo ao shaker e ... aí está uma bela bebida, pronta a ser servida aos portugueses.
No fundo, não foi bem assim. Foi um pouco mais elaborado, o processo : foram produzidas duas listas diferentes, a das pessoas ministeriáveis e a dos ministérios. Depois, a cada pessoa, lida da primeira lista, foi feita a correspondência com um ministério tirado da outra lista, completamente à sorte !
Brilhante, esta táctica.
Assim ninguém se vai queixar de favoritismos ou de cunhas na distribuição das pastas, não é ? Quem vai contestar um sorteio ?

sábado, julho 17, 2004

COMO É QUE SE MUDA ?
 
Confesso-lhes que não faço a menor ideia do que deverá ser feito para tornar Portugal um País próspero e justo, sem desigualdades sociais graves.Tenho alguns palpites, é verdade, mas não tenho certezas nenhumas.
Estas minhas dúvidas não são graves : ninguém espera de mim decisões importantes, as minhas dúvidas não comprometem o futuro do país e o dos meus concidadãos. Já acho grave, porém, que a maior parte dos nossos políticos, homens e mulheres, partilhem comigo essa ignorância : é que é bem visível que nenhum deles tem a mínima ideia de futuro, a mínima estratégia, o mínimo sonho ! Em todos eles noto a ausência de um projecto, sequer de um esboço. À esquerda e à direita limitam-se a navegar à vista da costa, não há rasgos, não há aceitação de riscos, não há caminhos.
Mesmo a magistratura de topo do Presidente da República é tímida e pantanosa, não ousando os gestos purificadores e que abrem soluções, preferindo a comodidade à incerteza, a mediania à possibilidade de uma saída.
Se Martin Luther King tivesse sido português nunca teria dito “Eu tenho um sonho...”, teria antes proclamado “Sede pacientes, irmãos, a estabilidade antes de tudo!”.
Aqui, neste meu país, joga-se sempre pelo seguro. Jogo rasteiro, baixinho, que o guarda-redes é anão, como se ironizava aqui há uns anos, antes do Ricardo ser herói.
Aqui nunca há grandes ondas, nem grandes arroubos. Nem nunca houve Hitlers, Mussolinis, Stalinis ou Francos, apenas um Salazar de botas rurais, ditador de meias tintas, sonhando com um país onde nada nunca mudasse ...
O horror à mudança parece ser a nossa essência. Também não gostamos muito daquilo que somos, é verdade, mas ainda gostamos menos de mudar. É isso que explica a nossa persistência em continuar a ser um país de merda.
Por essas e outras é que eu digo : não faço a mínima ideia de como podemos mudar Portugal.
Talvez Pedro Santana Lopes e Paulo Portas saibam... eheheheh ....quem sabe ?

quarta-feira, julho 14, 2004

ANDO A TER PESADELOS

Por vezes olho este meu país como que num sonho. Num daqueles sonhos onde acontecem coisas estranhíssimas, como voar ou atravessar paredes. Olho as imagens na televisão e sinto-me no meio de um desses sonhos. Só pode ser sonho mesmo, sim. Aquele não é aquele puto cheio de paleio que girava na sombra de Sá Carneiro ? Aquele que passa a vida a mandar bocas que nunca cumpre e deixa sempre tudo a meio, mesmo as relações com mulheres ? Só pode ser sonho, imaginem, aquele gajo Primeiro-Ministro do meu país ! Será grave isto que sinto ? Para que me havia de dar, ter estes pesadelos, já viram ? Tenho que marcar uma consulta com o dr. Macedo, já não vou lá desde que deixei de fumar e me andava a sentir miserável de todo ...
Mas lá que este meu cérebro tem piada, isso tem ... onde raio é que iria ele buscar esta ideia de fazer do Santana Lopes Primeiro-Ministro de Portugal ...
Livra, tenho que deixar de ter estes sonhos, deixam-me angustiado de todo !

domingo, julho 11, 2004

SER ISENTO É ESTAR SEMPRE CONTRA QUEM NOS ELEGEU ???

O impensável aconteceu.
Depois de grande meditação e de ouvir tanta gente, o Presidente fugiu, também.
Está na moda, de resto, no meu país. Durão Barroso fugiu, Sampaio imitou-o . Ambos fugiram das suas responsabilidades ( ou algo de muito parecido ! ), ambos optaram pelo mais fácil.
Mas esperem, não ficou por aqui ... Ferro Rodrigues também se baldou, pois então !
Durão alegou a importância de um português na Europa, Sampaio justificou-se com a estabilidade política, Ferro Rodrigues não aceitou a “traição” do “seu” Presidente !
Tretas ! Nem é importante estar um português na Europa nem a estabilidade é algo que os portugueses comam ou lhes dê emprego. Já viram se em 24 de Abril alguém se declarasse contra a revolução com o argumento da estabilidade política ?
E quanto a Ferro Rodrigues, um político deve ter ética e verticalidade, é certo, mas também deve ter um estômago de ... ferro.
Pois é ... a verdade é que aí estamos nós com um governo de ocasião, saído da cartola do Presidente. Governo em que ninguém votou.
Pior : Governo em que poucos votariam, se nos tivessem dado voz.
Se nos tivessem deixado.
A partir desta solução, Portugal só formal e legalmente é uma democracia.
No fundo, vamos ter um Governo não escolhido por nós, eleitores.
E um Presidente que acha que estabilidade é isso mesmo : aturar um Governo que ninguém escolheu.
Acha ele, mas não acho eu. Fiquei terrivelmente desiludido e desestabilizado. E irritado. E com um sentimento de que alguém me enfiou um grande barrete.
Então e foram precisos 15 dias para esta brilhante decisão ?
Sampaio, Sampaio, hás-de arrepender-te tanta vez, tanta !

quinta-feira, julho 08, 2004

COM O TEMPO, A VERDADE VEM AO DE CIMA

A gestão da crise política pelo presidente Jorge Sampaio tem sido exemplar. Desde logo por não se isolar e, pelo contrário, ouvir não só os partidos políticos como uma longa série de notáveis, pessoas com experiência política e económica. Mas exemplar sobretudo pela utilização do factor tempo. Ao invés de Durão Barroso e de Santana Lopes, Sampaio percebeu que a passagem dos dias iria clarificar posições e atitudes. Assim aconteceu : a oposição sedimentou esperanças e iniciou um discurso mais agressivo e confiante, enquanto Paulo Portas e Santana Lopes evidenciaram um nervosismo tremendo, acumulando erros sobre erros. De facto, a paupérrima exibição destes dois lideres partidários nestas circunstâncias delicadas mostraram a muitos portugueses de que massa são feitos, esclarecendo mesmo aqueles que andam distraidos ou esquecidos quanto à personalidade política ( melhor, quanto à falta dela ) daqueles a quem ficariam entregues os nossos assuntos públicos.
Aqui chegados, talvez fosse bom clarificar a seguinte ideia ao PSD: os erros de “casting” pagam-se muito caro, em política. Um partido da dimensão e com a representatividade do PSD, em Portugal, não pode deixar-se conquistar por um homem como Santana Lopes, sem outras ideias ou projectos que não sejam os de vender a sua própria imagem. Seria bom para a democracia, em Portugal, que o PSD percebesse que Santana Lopes é um político vazio e sem estofo de estadista e se livrasse dele.
Fosse outro o actual lider do PSD e talvez a solução política para a crise pudesse ser outra. Assim, com Santana Lopes, seria uma palhaçada. O PSD não merece isto e Portugal muito menos.
Inteligente, Sampaio percebeu que uns dias de arrastamento da solução fariam vir à tona a essência das coisas : o ridiculo completo de um governo formado por um playboy da política e por um travesti de homem de Estado.
Vamos a votos, senhoras e senhores.
Nota ao PSD : no fim das eleições, se acontecer a derrota que pressinto, sugiro ao PSD que se livre de Santana Lopes. Se tal não suceder, será muito mau.

terça-feira, julho 06, 2004

O MEDO DE PERDER O PODER

A posição dos partidos que não querem eleições antecipadas é cínica e despudorada. Ninguém que ocupe uma posição de poder legitimada pelo voto popular pode alguma vez, seja em que circunstâncias for, recusar novas eleições. Em democracia, a soberania não se delega em representantes eleitos, o que se delega é apenas o exercício temporário do poder. Em principio, por um período de tempo pré-determinado, sim, mas sempre sujeito a interrupção, caso as circunstâncias o justifiquem.
Alguns dos senhores e senhoras que são nossos representantes eleitos tendem a esquecer-se destas verdades básicas e nem mesmo têm vergonha de revelar que NÃO querem eleições. Esta é a verdade : FOGEM de eleições, EVITAM perguntar às pessoas como querem ser governadas.
Há que respeitar as eleições de 2002, dizem. Mas não seria melhor respeitar umas frescas, que sejam feitas AGORA ? O que é melhor, a vontade do povo em 2002 ou a vontade do mesmo povo AGORA, depois de tudo o que aconteceu ?
Vamos então fingir que as pessoas permanecem com as mesmas intenções de voto que em 2002, depois de uma união de partidos que surgiu á posteriori, depois de uma longa série de promessas eleitorais esquecidas, depois daquele em quem votaram ter desertado para Bruxelas, depois de dois anos infernais de uma contenção orçamental que foi só para alguns e sem resultados positivos visíveis ? Hem ? Votaríamos hoje como votámos em 2002 ? O tanas é que votávamos ... Viu-se nas ultimas eleições para o parlamento europeu. Viu-se.
QUEM TEM MEDO DE PERGUNTAR AOS PORTUGUESES O QUE QUEREM ?
Ao contrário do que toda a gente parece acreditar, não penso que a estabilidade política seja o bem absoluto a preservar na gestão da coisa política. A legitimidade e a genuinidade do poder são valores bem mais importantes.

segunda-feira, julho 05, 2004

IDEIAS EM CONTRAMÃO

De repente, a ideia atinge-me como um clarão : a morte de alguém querido é muito mais penosa para os que ficam que para aquele que se finou. Se isto for verdade, a minha verdadeira morte está a acontecer agora, antes da outra, a biológica. Sinto a falta de pessoas que sempre me rodearam e eu admirei. Pessoas que eram parte do meu pequeno mundo. Pessoas de que ainda guardo o sorriso, o cheiro, o som das palavras.
Se isto é assim, morre-se aos poucos, lentamente, até já pouco restar que nos prenda á vida.
E, como todas as dívidas que não se pagam a pronto, morremos pagando juros e amortizações, morremos mais do que devíamos, muito mais.
A longo prazo, acabamos por morrer duas ou três vezes.
Por outro lado, a dor vem gradualmente, vamo-nos habituando a ela, insidiosamente, quase sem darmos por isso. Um mês fazemos um pagamento, no mês seguinte dois, lá vem depois um mês onde somos dispensados da prestação.
A morte financiada a prazo com prestações suaves.
Suaves ... mas mortíferas, não se esqueçam.

domingo, julho 04, 2004

A ARTE DE NÃO FAZER NADA

Um país em transe. Um país inteiro à espera. Como sempre. Não sei bem como, mas os portugueses arranjam sempre forma de estarem à espera de alguma coisa. Estar à espera significa que não é preciso fazer nada, nem sequer mexer, apenas respirar.
Agora espera-se pela final do Europeu 2004 e também pela decisão do Presidente. Depois há-de esperar-se pelo novo Governo, para ver como as coisas vão parar. E se houver eleições antecipadas ainda melhor : o tempo de espera aumenta e aumenta o período em que há justificação para não se fazer nada.
Hoje de manhã, no café, ouvi o seguinte comentário de uma senhora para o empregado de balcão : “Amanhã devia ser feriado nacional, se ganharmos hoje a final ! “ ... Com o meu melhor sorriso acrescentei : “E se perdermos também, para nos recompôrmos ...”
O sorriso de cumplicidade foi geral. Somos assim, uns mestres na arte de arranjar pretextos para não fazer nada.
Quem sabe se, afinal, não é essa a grande mais valia da cultura portuguesa ? Sim, porque essa história de que só o trabalho dignifica e dá valor à existência humana está muito mal contada, eheheh ...
Acho eu, claro.

quinta-feira, julho 01, 2004

NÃO GOSTO DE POLÍTICOS PROFISSIONAIS, PRONTO !

A vida política tem destas coisas : os políticos profissionais, homens que nunca foram pedreiros, médicos, advogados, engenheiros ou funcionários administrativos, embora muitas vezes sejam titulares de diplomas e carteiras profissionais. Nunca tiveram qualquer profissão, foram sempre homens “dedicados” ao seu partido e à coisa pública. Leia-se : viveram do seu partido ou do nosso dinheiro. Profissão : político. Podem ser políticos centrais, ministros ou homens do aparelho partidário ou podem ser locais, autarcas e similares. Une-os porém o entusiasmo de representar o povo e de gerir as coisas que são de todos nós. Nunca trabalharam em nada de concreto, nunca demonstraram aptidão particular para nada além de se fazerem eleger ou nomear. Falam sempre com um ar categórico, possuidores de visões e certezas inabaláveis, vendem sempre uma ideia de convicção e segurança.
Nunca gostei desses tipos que nunca fizeram nada de prático na vida. Assim como nunca gostei de vadios, chulos ou vigaristas.
Por mim, faço-lhes sempre esta pergunta : oiça lá, óh mister, afinal quem é você e o que é que já produziu de útil na vida ? E se nunca fez nada de concreto, como quer que eu acredite que é capaz de governar este país ?
Não se espantem nem abespinhem : gajos destes, conheço-os de todas as cores ... embora nem todos se arrisquem a acabar em Primeiro-Ministro !