terça-feira, novembro 29, 2011

IGNORÂNCIA CRIMINOSA DO NEO-LIBERALISMO OU ALINHAMENTO COM INTERESSES DESCONHECIDOS ?

Confesso que não consigo perceber.
Não sou capaz de perceber o que querem estes senhores do PSD e do CDS que nos estão a governar.
Será que estão sinceramente a tentar "endireitar" as contas públicas, será que acreditam genuinamente nas suas premissas económicas de partida e nas potencialidades do caminho que estão a seguir ?
Nesse caso, apenas nos poderemos queixar da sua EXTRAORDINÁRIA ingenuidade e ignorância. Nós, os mais velhos, já vimos muitas vezes, cá dentro e lá fora, onde conduz o tal caminho e sabemos, por experiência, que será sempre à miséria e nunca à retoma do crescimento.
Ou, pelo contrário, estes senhores sabem muito bem qual virá a ser o resultado das suas políticas e estão deliberadamente a "enterrar" o País, só porque isso entregará nas mãos dos amigos grande parte dos recursos que até agora são nacionais.
Ou ainda porque pertencem a um qualquer clube obscuro ( do qual a senhora Merkel é também obviamente sócia ) que planeou e está a executar uma operação de "tomada" da Europa pela força da economia.
No primeiro caso enfrentamos a ignorância e a arrogância dos novos neo-liberais e teremos, mais tarde ou mais cedo, que os derrotar nas urnas e enviá-los para férias prolongadas.
Nas restantes hipóteses, a questão é mais grave, muito mais grave. Comprovadas as suspeitas e vistas as consequências, não teremos outra solução que promover o seu afastamento do poder, de uma forma ou de outra. É que essa atitude seria aquilo a que um militar chamaria de traição à Pátria.
Volto a afirmar : neste momento, não sou capaz de perceber que motivações estão por detrás da acção do Governo.
De facto, este orçamento para 2012 mostra uma tal frieza de sentimentos, uma tal ausência de escrúpulos, um tal cinismo que me faz arrepiar e acreditar na teoria da conspiração contra os interesses nacionais.
Cinismo quando fazem uma pequena operação de cosmética no "roubo" de salários aos trabalhadores do Estado e clamam que atenderam aos apelos da sociedade por uma maior equitatividade ! Note-se que os prejudicados são exactamente os mesmos enquanto grupo mas o Governo acha que introduziu equitatividade no "roubo" ! Só pode ser cinismo ...
E o aumento do IVA na restauração de 13% para 23% ?? Que dizer deste verdadeiro tiro no porta-aviões ? Quem é que fez as contas para recomendar esta medida ? Será que são assim tão maus a aritmética ou é apenas um orçamento de desespero, como ouvi hoje alguém chamar-lhe ?
Será que os senhores ainda não perceberam que acima de certos valores a economia ( sim, o jogo entre a oferta e a procura, até os liberais sabem o que é ) deixa de ser elástica e proporcional e começa a apresentar inversões, como redução da procura, falências, despedimentos, redução do IVA, da TSU , do IRC das empresas e do IRS dos empregados e empresários em nome individual, para além do aumento dos gastos do Estado com os subsídios de desemprego ? Ninguém explicou a estes senhores que os impostos não se podem aumentar acima de certos valores ?
Ou tratar-se-à da destruição deliberada desse sector da nossa economia ? A quem interessará isso ?

Como vêem, é difícil percebê-los. Muito difícil.
Contudo, vamos continuar muito atentos, ah isso vamos. E expectantes.
E tristes, Portugal não merecia estas incompetências.
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segunda-feira, novembro 28, 2011

AH BOM, ASSIM JÁ É EQUITATIVO !

O Governo e o PS estão em vias de se entenderem : os cortes dos subsídios de férias e natal de 2012 vai ser muito mais justa e equitativa ! Já não é para todos os funcionários públicos e do sector empresarial do Estado com vencimentos acima de 1000 euros !! VAI SER EXACTAMENTE PARA AS MESMAS VÍTIMAS MAS COM VENCIMENTOS ACIMA DE 1100 EUROS ! ATÉ LÁ, EM VEZ DE SER A PARTIR DE 480 EUROS VAI SER A PARTIR DOS 600 EUROS, OS CORTES SÃO PROPORCIONAIS !!

DEIXEM-ME RESPIRAR, QUE FANTÁSTICO ! QUE SOLUÇÃO ENGENHOSA !!!

ISTO É QUE É EQUITATIVIDADE DENTRO DA SOCIEDADE PORTUGUESA !!

BRAVO !

APENAS FAÇO O SEGUINTE COMENTÁRIO, SE ISTO VIER A CONCRETIZAR-SE : O PS QUE VÁ DAR UMA CURVA AO BILHAR GRANDE, PARA VER SE APRENDE A SER UM PARTIDO DE OPOSIÇÃO A SÉRIO E NÃO ANDA A BRINCAR COM OS PORTUGUESES.
MAIS : O SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA, SE "ENGOLIR" ESTA E NÃO FIZER NADA, ESTÁ DISPENSADO DE SE PRONUNCIAR SOBRE O QUE QUER QUE SEJA EM PORTUGAL.

NOTA FINAL : ESTA GENTE ENDOIDECEU TODA ???
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quinta-feira, novembro 24, 2011

E AGORA, EUROPA ?

É deveras impressionante ler e ouvir as diversas declarações dos responsáveis europeus sobre a crise financeira.
Impressionante, porque reina entre eles uma calma e passividade esquisita, como se ainda não tivessem percebido que não têm muito tempo disponível.
Impressionante, porque a Alemanha continua presa dos seus egoísmos e dos seus preconceitos para com os outros países da Europa, a menos que sejam outras as motivações.
Impressionante, porque o primeiro ministro de Portugal evidencia um pensamento político primário, nitidamente mal fundamentado e obviamente errado. De resto, como se o senhor percebesse alguma coisa da guerra em que está metido.
Impressionante, por último, pensar que pertencemos a uma Europa onde um só país paralisa todos os restantes, negando-se reiteradamente a combater os ataques financeiros de que todos somos alvos. Lembrem-se que esse mesmo país foi o mesmo que, já por duas vezes, mergulhou no caos toda a Europa. Por este andar, a terceira está para breve.

Enquanto tudo isto se passa, os tão prometidos e propagandeados instrumentos legislativos de regulação do sector financeiro, na América e na Europa, dormem um sono profundo nas gavetas dos responsáveis.

Amigos, estas coisas não podem acontecer por acaso.
Os lideres europeus não possuem grande craveira intelectual mas não podem ser assim tão estúpidos e distraídos ...
Não, há aqui uma lógica de destruição por detrás destas atitudes demissionárias. Alguém anda a planear tudo isto.
Alguém descobriu as vulnerabilidades da Europa e resolveu saquear tudo isto a seu bel prazer. Primeiro põem as economias de rastos, compram depois ao desbarato as nossas empresas e bens, enquanto todos nós, aturdidos, roubados e humilhados nem forças teremos para protestar.
Uma vez mais proclamo : se a Alemanha não está a participar desta autêntica contra-revolução neo-liberal, a verdade é que parece.
Parece, parece !
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terça-feira, novembro 22, 2011



AH, ENTÃO OBRIGADO, PÁ !

Ah bom, assim está bem, andava a ficar preocupado mas não tinha razão. Afinal, a tremenda injecção de dinheiro nos bancos privados ... é para salvaguardar os nossos interesses, leitor. Não é para lhes fazer um favor a eles, bancos, é para nos defender a nós. Assim, sim, podemos andar descansados.
Para ser sincero, começo a estar MUITO farto destes argumentos. Mesmo muito farto. Já paguei muitos euros para o BPN, para os bancos que emprestaram dinheiro ao Alberto João, na Madeira e agora tenho que continuar a pagar para todos estes ?
Isso já é suficientemente mau, não me venham ainda por cima passar a mão pela cabeça e fingir que tudo isto é ... para o meu bem. Mas que raio de fantochada é esta ?
O meu bem ? Eu nunca precisei desses bancos para nada, eu nunca vi esses bancos a financiar o desenvolvimento do país, apenas os vi na ganância dos empréstimos à habitação ( e não à agricultura e à industria ) e também no negócio dos empréstimos às Câmaras Municipais e Empresas do sector empresarial do Estado, ajudando a criar os enormes buracos da gestão pública deste país.
Muito a sério, leitor, nada, mas mesmo nada, existiu de virtuoso na gestão destes bancos no passado. A ajuda deles ao bem público foi bem reduzida.
Agora, querem-me convencer que esta ( mais esta ) injecção de dinheiro é para o MEU bem e não para lhes fazer a papinha ?
Ao longo dos últimos anos quem ficou com os lucros repartidos pelos accionistas, todos os anos ? Calhou-lhe algum desse dinheiro, leitor ? A mim não, porque hei-de eu agora pagar este frete ?
Agora é que estes bancos vão ajudar o país ? Agora é que vão ser úteis ao bem público ?
Poupem-me, por favor. Estou farto destes argumentos sobre o interesse nacional dos bancos. Nunca o vi, esse interesse nacional, quanto a ESTES bancos. São apenas empresas privadas que se regem pelos princípios do lucro mais fácil e imediato, mais nada. Ainda por cima, não são eles que garantem sózinhos o valor dos nossos depósitos, é uma vez mais o Estado com a mãozinha por detrás.
Estou pelos cabelos com esta iniciativa privada que, quando as coisas não lhes correm bem, vêem buscar dinheiro ao sector público, a todos nós. ELPPP, deviam-se chamar estes marmanjos. Empresas de Lucros Privados e Prejuízos Públicos.
Se virem bem, do projecto de lei nem sequer constam os juros que esses bancos deveriam pagar pelo empréstimo. Nada, é oferta de todos nós a esses bancos. Não se conhecem imposições do Estado para que vendam património, para que façam aumentos de capital a partir dos accionistas, para que sejam impedidos de distribuir dividendos nos próximos anos ... Nada. Toma lá o dinheiro e depois logo se vê.
Não, assim EU não alinho. Sou EU que vou pagar esse dinheiro e NÃO concordo com essa tramóia.
Por Deus, até parece, por aquilo que temos vindo a observar, que os "negócios" tomaram o poder neste país. Já não é PSD e o CDS, acho que deviam meter um "N" algures no meio dessas siglas. "N" de negócios.
Nisso, pelo menos o BPN tinha lá o "N", não enganou ninguém...
Passem bem, se puderem.
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domingo, novembro 20, 2011

ESTOU MUITO APREENSIVO

Até há pouco tempo, parecia-me que a Europa tinha falta de liderança política e que esse era o problema que justificava esta crise.
Começo a suspeitar que não é bem isso que se passa.
Deixem-me propor-vos esta linha de raciocínio : e se a aparentemente frágil e desorientada Angela Merkel fosse, no fundo, uma política determinada e perfeitamente consciente do caminho que quer seguir ?
E se, por debaixo das aparências, existisse um País na Europa que desejasse, uma vez mais, levar por diante os seus objectivos permanentes de alargamento do seu "espaço vital" ?
E se a aparente "desconfiança" dos "mercados" em relação à Europa ( não vejo os tais mercados a atacar da mesma forma outras zonas económicas do Mundo ) fosse, afinal, uma ofensiva perfeitamente planeada e coordenada, visando destruir a derradeira praça forte na defesa dos Estados sociais ?
E mais, se certos Estados da Europa não fossem completamente alheios a essa ofensiva, atrasando deliberadamente o início de uma defesa activa e eficaz que inviabilize esse ataque ?
E se, tudo examinado e ponderado, estivéssemos já em plena Guerra Mundial III, mesmo ainda sem o saber ?
E se aquilo que se passa fosse muito mais que a despudorada actividade de um sector financeiro ao qual ninguém parece disposto a opor-se ?
E se toda esta passividade não for apenas incompetência mas estratégia ?
Já viram a persistência com que a Alemanha recusa permitir que o Banco Central Europeu compre a dívida pública dos países atacados ? Porquê essa atitude ? O motivo oficial é o receio de que esses países deixem de tentar controlar as suas despesas, se o BCE lhes comprar a dívida. Sim, esse é o motivo oficial invocado.
E se o verdadeiro motivo não for esse ?
É que, não sei se sabem, muitas das empresas privatizadas à força, a que a Grécia e a Irlanda ( e o mesmo irá suceder com Portugal ) se viram forçadas, foram ou irão ser adquiridas a baixo custo por empresas ... alemãs. Claro.
Só um tolo deixaria de considerar esta hipótese : e se a recusa da Alemanha em utilizar o BCE para controlar a crise for porque ... lhe convêm assim ?
Pensem nisso. Oxalá, digo-vos, que estas minhas especulações não passem disso mesmo.
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sexta-feira, novembro 18, 2011

HIPOCRISIAS

Hoje vou pegar na história da produtividade em Portugal e na miserável, requentada e mais que gasta ideia de que é preciso reduzir salários para nos tornarmos competitivos quanto às nossas exportações.
Sabem, a hipocrisia, a falsidade e a mentira arruinam-me a disposição. Não consigo aceitar de bom grado estas ideias cujo único objectivo é conseguir baixar o custo da mão de obra, em nome dos interesses de quem proclama estas ideias.
A competitividade ( e também a produtividade que são dois conceitos económicos diferentes, já agora ...) depende de muitos factores para além do custo da mão de obra. Começa pela natureza do próprio produto, pelas técnicas organizativas do trabalho, pelo nível e produtividade do equipamento usado na produção, pela qualidade dos lideres, por muita, muita coisa para além dos salários.
Se apenas dependesse dos salários deveríamos ser, aqui em Portugal, dos mais competitivos da Europa, não é ? Como somos dos que têm os salários mais baixos, de acordo com a própria receita deles deveríamos ser dos mais competitivos, ou não ?
Mas não somos, claro, porque faltam as outras coisas.

Nos poucos sectores produtivos exportadores portugueses ( calçado, moldes de plástico, vidros, etc ... ) melhoramos todos os aspectos que atrás referi e o resultado foi o aumento da competitividade e o êxito nas exportações. Alguns desses sectores até praticam bons níveis salariais para os respectivos trabalhadores.
Então, é a reduzir salários que se melhora a competitividade ? O tanas, desculpe o leitor.
Isso é o que eles querem, reduzir o valor do trabalho a zero. Assim vai o Mundo neo-liberal em todo o seu esplendor. Assim vai o ódio e desprezo desta gente por quem possui de seu apenas aquilo que ganha com o seu trabalho. É assim que se vê onde querem chegar estes fulanos ...

quarta-feira, novembro 16, 2011

A GUERRA JÁ COMEÇOU E ESTAMOS OCUPADOS ??

Pensando bem as coisas, isto das legalidades é coisa complicada. Quem conferiu o direito a esta gente de vir para o nosso país e começar a dizer que nós temos que fazer isto e aquilo, só porque nos emprestaram uns milhares de milhões de euros ( não chegam, sequer ) a juros altíssimos ( à volta de 5% ) e cobrando-nos ainda por cima por esse trabalho umas largas centenas de milhões de euros.
Já pensaram que esta história, num país aflito porque não se consegue financiar no mercado ( porque a especulação é desmedida e não controlada ) pode muito bem configurar uma chantagem ? Ah queres ajuda ? Então, vais pagar uns juros valentes, vais vender as tuas grandes empresas a preços de saldo, vais embaratecer a tua mão de obra, vais financiar os bancos do teu dinheiro, etc, etc ...
Se isto não é chantagem, o que é então chantagear um País ?
Qual é a legislação interna portuguesa ou tratado internacional que legitime esta verdadeira intervenção externa ?
Sabem que a ferocidade destas cláusulas é tal que nem no tempo da intervenção espanhola aconteceu assim ? Quem deu autoridade à Europa e ao FMI para uma intervenção deste tipo ? Sob que soberania vivemos hoje ? Nos termos da Constituição, para suceder uma situação destas não seria necessária a declaração do estado de sítio ou de emergência, por forma a suspender a acção da legislação normal ?
OK, OK, ir-me-ão responder que quem deve tanto dinheiro ao estrangeiro não se pode queixar. A isso respondo que não é assim forçosamente, que não somos obrigados de forma alguma a este temor e respeito pacóvio pela troika, que bem poderíamos e podemos a qualquer tempo rejeitar esta ou aquele medida e exigir outro tratamento. Sim, se se trata de vender a nossa soberania, em definitivo, quero pelo menos fazer um concurso mundial para ver se os chineses dão mais. Que raio de negócio é este assim ???
Insisto na pergunta : estamos ocupados por alguma potência estrangeira ?? Se não estamos, porque raio vamos pagar tanto por este empréstimo e vender-lhes, quase ao desbarato, a TAP, a REN, a EDP, etc ...?
Qual é a fonte de legitimidade da troika ??
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terça-feira, novembro 15, 2011

O ROUBO

Leitor, tenha paciência, atente nestes números que dizem respeito à venda de títulos da dívida pública espanhola.
Há um mês Espanha vendeu títulos da sua dívida a 3,8 % de juros, numa venda concorrida onde surgiram 4,26 vezes mais interessados do que títulos à venda.
Um mês depois, aparecem ainda mais interessados, 5,96 vezes mais que os títulos, e os juros foram a ... 5,15 % !!!!

Nota-se :
a) os investidores estão tão pouco receosos quanto à capacidade da Espanha pagar que quase duplicaram em relação à ultima vez ;

b) apesar de haver muito mais interessados os juros subiram escandalosamente ...

Assim não dá, leitor. Assim é nítido que este não é um jogo limpo e que aquilo a que se anda para aí a chamar de mercado mais não é que uma organização de ladrões e vigaristas. A lógica elementar mandava a que o mecanismo de fixação dos juros fosse baseado numa função inversa da procura. Se houver muitos interessados, os juros baixam e sobem quando houver que despertar o interesse do investidor.
Mas não, aqui, ao que parece, os juros são fixados directamente por quem tem interesse em lucrar milhões com eles e não de acordo com nenhuma regra "limpa" de mercado. É óbvio que os juros são manipulados por pessoas, não por mercado nenhum.
É tão óbvio que a pergunta seguinte tem que ser : então porque é que os governos permitem isto ? Porque é que todos toleramos esta ditadura gananciosa e vergonhosa, fingindo que ninguém tem a culpa e são as regras da oferta e da procura a provocar isto ?
Porque é que os governos não actuam ?

Cada um dos leitores escolha a sua razão. A mim serve-me perfeitamente o desabafo de Mário Soares, há dois dias, num colóquio, quando formulou esta mesma pergunta : só pode ser porque muitos deles têm interesses neste tipo de mercado ...
Ou há outra explicação para o simples facto desses tais mercados subjugarem completamente os governos de países soberanos ???
Já houve guerras mundiais a começar por muito menos, leitor. Olhe que é verdade, houve já milhões de mortes por causas bem menos graves.
Não será tempo de começar a fazer algo contra esses tais mercados ? Ou se destrói a capacidade deles em manipular os juros, directamente, por regulamentação séria e mundial, ou então pomos o Banco Central Europeu a fazer moeda e a emprestar aos países da Europa, enquanto esses países se tentam reestrutura e endireitar. Sem destruir o consumo interno nesses países nem lançar na fome, desemprego e desespero milhões de pessoas.
Porque esperam ? Será que nós os temos que obrigar a fazer o que deve ser feito ?
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quinta-feira, novembro 10, 2011

PARA TODOS ??

É isto : ainda poderia tentar perceber se justificassem, de alguma forma, o que vão fazer. Mas não, tentam cínicamente esconder a realidade das suas acções com frases destas, repetidas mil vezes, conforme recomendações dos conselheiros de marketing. Isto não é fazer política, senhor primeiro ministro, isto não é ser leal e frontal, isto é atropelamento e fuga, é bater nas pessoas e assobiar para o lado, é tentar salvar a dignidade própria à custa apenas dos desgraçados de sempre.
Não é assim, senhor primeiro ministro, que irá recuperar a economia e nem sequer a idoneidade. Assim apenas irá criar ódios e ressentimentos. Assim nunca mais terá um país coeso e solidário. Assim não vai lá, senhor Passos Coelho. E repito, não estou a falar de dinheiro, que nunca para mim foi importante, sequer. Estou a falar de dignidade, de verdade, de orgulho no que sou, penso e faço.
Nem consigo compreender, senhor primeiro ministro, como consegue olhar-se ao espelho de manhã sem corar e sentir-se mal. Decerto os seus pais o ensinaram que não se deve mentir. Mentir, sim, com todas as letras : é que os sacrifícios que está a pedir ao País não são exigentes para todos por igual, como o senhor bem sabe. Bem pode repetir milhões de vezes a mesma frase, pouco importa : o senhor primeiro ministro do meu País ( que eu já muito sofri para defender ) não está a dizer a verdade, conscientemente. A esse acto chama-se mentir.
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quarta-feira, novembro 09, 2011

ESTAMOS PRISIONEIROS DA ESTUPIDEZ ... OU DA MALVADEZ ?

Rodemos à nossa volta, oiçamos as palavras de responsáveis de vários grupos e governos, meditemos e ... espantemo-nos, senhores. Espantemo-nos com tamanha parvoíce e ignorância ou, se formos menos crédulos, com tamanha sem vergonha e ataque descarado aos direitos dos humildes e dos distraidos.
Oiçamos o senhor presidente de uma região autonóma de uma só via ( só é autónoma para gastar, para as receitas já não é autónoma, nós que paguemos ) e pasmemos, se conseguirmos resistir ao sono. Onde é que fomos inventar tal personagem, meu Deus ? Onde é que já alguém ouviu um discurso de tomada de posse de uma zona ( com menos gente que a Amadora ) em que, ao longo de uma hora e tal, se misture a defesa de uma coisa tão repugnante como a zona franca da Madeira com ataques directos ao Continente, àqueles que têm pago as contas deles ? Tudo isto entremeado com trezentas e tal citações desde Sá Carneiro ao padre Manuel Antunes, a uma média de uma citação e meia por frase ?
A insuficiência intelectual não mora só na Madeira, porém. Do lado de cá, vemos e ouvimos um Passos Coelho patético a jurar que ele nunca pediu, nem tem necessidade de pedir, nenhuma renegociação do acordo com a troika, coisa à qual óbvia e manifestamente iremos parar, vidé Grécia e, atenção, brevemente, vidé também a Irlanda. O sr. Juncker, que eu nunca percebi o que é que anda a fazer no meio deste granel, a jurar que Portugal não precisa de mais dinheiro - de que óbviamente Portugal precisa - e que, de resto, mesmo que precisasse ele seria contra. Lindooooooo ...
Esta idiotice radica ainda na ideia completamente tótó que os "mercados" reagem à confiança ou desconfiança, que os "mercados" se vão portar bem se nós também nos portarmos bem ... Passos Coelho, então, é tão patético e veemente a declarar que iremos cumprir a todo o custo as metas inicialmente traçadas, e a jurar que nunca procuraremos renegociá-las, é tão enérgico nestas declarações que ... parece que não deseja que nada mude e que as condições continuem mesmo más.
E pensando bem, se calhar até lhe convem, é o unico enquadramento político que lhe permitirá prosseguir nas destruições e demolições da máquina do Estado. É uma ideia horrível, mas possível, não sejamos ingénuos. Nessa lógica, para a troupe neo-liberal, quanto pior ... melhor.
Mas aposto o que quiserem que assim não vamos lá. Vão ser indispensáveis novos prazos e novas taxas de juro. E uma ladeira menos íngreme para as taxas anuais para o défice. Aposto o que o leitor quiser.
A menos que tudo isto ainda seja mais idiota do que eu penso e que esta malta ainda não tenham percebido ( apesar da Grécia ) que este caminho não tem saída.
Seja como for, leitor, o pior deste filme é que nós é que o estamos a pagar com língua de palmo, sem sequer podermos discutir as condições.
Sinceramente, leitor, acha normais todas estas coisas ?

PS - eu não acho, como se percebe pelas minhas palavras. E no próximo sábado poderão encontrar-me no Rossio, com muitos mais militares, a mostrar claramente que não gostamos mesmo nada do que este Governo está a fazer. Tudo democrático e calmo, não tenham receio, não haverá fardas nem espingardas nem carros blindados nem nada. Apenas nos queremos fazer ouvir, que isto da democracia não se esgota no voto de quatro em quatro anos, e cada vez mais temos de também falar, nesse intervalo. Tanto mais que antes do voto se dizem umas coisas ... e depois do voto se fazem outras.


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terça-feira, novembro 08, 2011

SEJAMOS CLAROS

Declaro que sou pensionista e poderá haver da minha parte uma leitura enviesada por esse facto. Contudo, acho-me suficientemente sério e imparcial para poder emitir juízos perfeitamente equilibrados.
Dito isto, sejamos claros e directos : aquilo que o Governo pretende fazer aos pensionistas e funcionários públicos, e só a eles, é uma monstruosidade de injustiça e desprezo pelas pessoas. É ignóbil, primário, desonesto. Em português arcaico, uma pulhice vergonhosa, não tenhamos medo das palavras nem dos homens.
Ainda por cima, o cinismo com que se ouve o sr. Relvas e outros que tais a declararem que "os sacrifícios são para todos" põe-me à beira de um ataque de raiva e de desejo de destruição, não sei bem de quê ou de quem.
Até pode ser que, em termos económicos e de sustentação futura da solução, seja melhor reduzir apenas nos gastos do Estado, sem agravar os impostos ao resto do País. Pode ser que essa seja a solução tecnocrática, a solução contabilística, até concedo isso. Contudo, uma Nação é feita de muito mais que de tecnocracia e contabilidade. É feita de pessoas, de sentimentos e sensações. É feita de confiança. É feita de coesão e de sentido de justiça.
Não basta aplicar medidas muito certinhas em termos contabilísticos ; a verdade é que fazer de bodes expiatórios das asneiras e azares de um País inteiro apenas os funcionários públicos e pensionistas é BAIXO, é SOEZ, é INDIGNO de um governante.
Tudo isto é possível porque entrámos no reino do improviso, da incompetência e da manifesta falta de valores éticos e humanistas, já há muitos anos.
Lembrem-se : que raio de sociedade política é esta que permite Santanas Lopes, Zés Sócrates ou Passos Coelhos como Primeiro Ministros, pessoas sem experiência de governo ou gestão de coisa nenhuma a sério, com uma falta de cultura impressionante e mesmo de princípios políticos consistentes. Quantas vezes me lamentei eu dessa sina maldita ?
Sabem, e falo apenas por mim : o que me custa não é perder os subsídios, não é o dinheiro apenas, o que me custa é sentir-me vítima de uma enorme injustiça no meu País, o que me custa é a raiva contra tudo o que cheire a Estado por parte deste governo. O que me custa é que sinto o País a fragmentar-se, a destruir-se, a ser levado por caminhos errados, o egoísmo a crescer dentro de nós. O que me custa é a cegueira doutrinária, a estupidez inenarrável de quem pensa que destruindo o Estado e reduzindo o défice público alcançará o desenvolvimento económico automaticamente ...

quarta-feira, novembro 02, 2011

UMA SOCIEDADE EM CONVULSÃO

Começa agora a perceber-se, creio eu. A situação social na Grécia deve ter atingido um tal grau de instabilidade que o Governo temeu um golpe militar. As Forças Armadas gregas são modernas, bem equipadas e com uma grande tradição de intervenção nas questões públicas. Papandreau, acossado politicamente pela direita, provavelmente receando o resultado de uma campanha eleitoral para novas eleições e, por outro lado, encostado à parede pelos militares, decidiu que um referendo popular seria mais fácil de ganhar e legitimaria o seu governo, travando a direita e os militares.
A jogada é arriscada, o resultado do referendo não é de fácil previsão.
Teremos que aguardar para ver a evolução.
De qualquer forma, uma intervenção militar nesta altura seria muito grave, não estou a ver onde é que os militares iriam buscar o financiamento para o país não colapsar totalmente.
Assim, por alto, toda esta história dá para reflectir quanto às consequências do caminho que o FMI e a Europa têm andado a impingir à Grécia. Cortes, redução brutal do nível de vida, recessão prolongada e profunda, completa ausência de perspectivas para a saída da crise, crispação, violência, choques sociais brutais, um país à beira de uma tragédia.
Admiram-se depois com os resultados de uma "política" tão desastrosa ?
Europa, acorda, ainda há tempo mas está a esgotar-se rapidamente.
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terça-feira, novembro 01, 2011

ERA O QUE NOS FALTAVA AGORA

Era isto mesmo que nos faltava agora, este arroubo democrático de Papandreou. Cada vez é mais notória a falta de lideres nesta Europa cansada e descrente.
Era mesmo disto que a Grécia mais precisava. Depois de pôr a pão e laranjas sobretudo os funcionários públicos e reformados, o primeiro ministro grego tenta sacudir para o povo a água que lhe cai em cima, que é como quem diz a responsabilidade. Precisamente agora, quando tudo exigia que a realidade grega fosse tratada com luvas e pinças.
Não é loucura, não, é demagogia e irresponsabilidade. Que pode o povo dizer no tal referendo ? Que não senhor, que preferem mandar tudo às urtigas e ir vender pevides para a porta da Acrópole ?
O anterior governo ocultou, mentiu, gastou, destruiu tudo. Este, não aguenta a pedalada e sai pela esquerda baixa ? Que merda é esta ? Apetece mandar a Grécia à fava e continuar a vida, não é ?
Só que, agora, a Europa está indissociavelmente ligada à sorte da Grécia. Se deixar afundar a Grécia, a Europa inicia o seu funeral a todo o vapor e nada mais irá restar que cinzas do sonho de uma Europa forte e unida.
Agora, nem quero pensar nisso.
Acho que está na hora de um grande salto em frente, para a Europa. Comece-se a discutir o embrião de uma federação, ainda que seja limitada apenas a alguns poderes. Aproveite-se a nova liderança e faça-se do BCE um banco europeu, de facto. Não sei como será possível convencer os alemães a alinhar nisto, mas a verdade é que é isto ou ... ficamos todos isolados na Europa, cada país a contar apenas consigo mesmo.
Vivem-se momentos angustiantes, para quem saiba qual é a situação real. Não precisávamos para nada agora desta cambalhota do sr. Papandreou. Se ele está assim tão medroso, demita-se e convoque eleições ou discuta com a Europa e a troika o caminho do resgate. Seria bem melhor que andar para aí a fazer referendos parvos e inúteis.