sexta-feira, janeiro 29, 2010

A MORTE DA ECONOMIA

Já sabem quem morreu ? A Economia, coitada. Foi assassinada, sem dó nem piedade. A PJ ainda não tem a certeza de quem cometeu o crime mas desconfia do sector financeiro. Nos ultimos anos este suspeito sector já vinha ameaçando, já se notava que o valor das empresas cotadas não tinha relação nenhuma com a sua realidade económica mas sim com o valor de mercado das suas acções, dependendo portanto de factores tão exógenos como a realização de mais valias ou a especulação.
A coisa foi piorando de forma escandalosa. O sector financeiro passou a impor as suas próprias regras á economia, inventando produtos imaginários e vendendo-os a todo o mundo, numa espiral crescente de compra vende, sempre a preços crescentes, como se toda a economia fosse um gigantesco faz-de-conta em que só os ultimos se lixam. E quando não são produtos imaginários, sem qualquer suporte físico real, vendem-se produtos a datas e preços futuros, numa autêntica lotaria de gente sem escrupulos nem decência.
Enquanto tudo isto era apenas uma parte ínfima da economia global, não assustava, permitia realizar mais valias a muita gente e financiar as empresas. Quanto perdeu o controlo e passou a regime de autocrescimento permanente, abarcando todo o mundo, fazendo e desfazendo quantidades de dólares incríveis com muitos zeros em horas ou dias, a economia empalideceu, tremeu e ... morreu. De morte subita.
E é assim que estamos. O desemprego está como está por causa deste assassinato. Olhamos todos uns para os outros sem perceber, mas a verdade está aí, nua e crua : a menos que prendam e castiguem exemplarmente a culpada, a grande finança, a morte da economia será irreversível e arrastará com ela crise, miséria e desemprego.
Metam no seu lugar o sector financeiro, por favor. Digam-lhe que a verdade não é a multiplicação do valor monetário das coisas, artificialmente, manipuladamente, especulativamente, mas sim a velha produção e comercialização de bens e serviços, com o consequente valor para o comprador e a realização de lucro para o vendedor, de uma forma natural, gradual e lenta, ao ritmo do trabalho humano e da dignidade dos homens.
Não deixemos a economia morrer de vez !

segunda-feira, janeiro 25, 2010

O NOVO PAPÃO

O grande papão do momento é o endividamento externo, o défice orçamental e as empresas de “rating”. O medo a estas empresas é recente e surge curiosamente quando a credibilidade destas empresas anda pelas ruas de amargura, já que falharam redondamente na previsão da actual crise financeira.
A verdade é que toda a gente, jornais, TVs, políticos, partidos, sei lá, toda a gente que supostamente pensa sobre estes temas fala nas empresas de rating.
Bem, lembrem-se: era preciso vender medicamentos para aumentar os lucros, aparece uma endemia de gripe ; agora é preciso “travar” os salários e beneficios sociais e aparecem as empresas de rating e a ameaça de bancarrota.
Notem bem, é sempre assim, dê-se-lhe as voltas que quiserem : quem paga isto tudo são sempre os mesmos ; quem aproveita para embolsar, também são sempre os mesmos, embora sejam outros mesmos.
Já ninguém fala nos imensos milhões de euros “metidos” no sistema bancário, retirados do orçamento de 2009, responsáveis em grande parte pelo aumento do défice. Interessa-lhes esquecer esse pormenor, não é ? Pois é, agora vamos todos pagar essas “ajudinhas”, vão ver. E os “ajudados”, esses bancos, continuam com as mesmas políticas e atitudes, os mesmos prémios e extras chorudos. Agora viram-se todos contra os funcionários públicos, as pensões e o serviço de saúde, os criminosos do costume. Os banqueiros,tanto os sérios como os corruptos, viram a cara para o lado e assobiam para o ar, não é nada com eles.
Ah que paciência é preciso para aturar estes tipos !

quinta-feira, janeiro 14, 2010

ACHO QUE DEUS ANDA MUITO DISTRAIDO

Estas tragédias recordam-nos constantemente que vivemos num Mundo perigoso. Não só perigoso como injusto, o que ainda é pior. Muito perigoso e tremendamente injusto. Um Mundo sem poderes regulatórios ou compensatórios de natureza extra-humana. Havia logo de ser ali, em cheio, naquele povo paupérrimo, com fome, a viver em imensas favelas de milhões de pessoas que um forte sismo acontecia ? Merda, uma desgraça nunca vem só, não é ?
Esperemos que, pelo menos, saibamos encontrar em nós uns restos de solidariedade e ajudemos aquela gente, como pudermos. É o que nos resta para não perdermos completamente a dignidade humana.

sábado, janeiro 09, 2010

A LEI DAS COMPENSAÇÕES NO CASAMENTO ?

Pronto, estou convencido. Somos pobrezinhos, corruptozinhos e outros inhos mas somos um povo culto, de cabeças arejadas e muito solidários.
Assim, sim, dá gosto ser português. Os direitos humanos foram repostos no nível de respeito merecido.
Sim, é disso que falo : a partir de agora todos os portugueses e portuguesas se podem casar. Uns com umas, umas com umas e uns com uns. Nada a objectar.
A não ser ... enfim, porque será que esta nova “modalidade” de casamento é legalizada agora quando os “outros” casamentos estão a ir pelo cano abaixo ?
Vai ser giro : qualquer dia, só há casamentos de pessoas do mesmo sexo. Os outros, que já experimentaram isso há séculos, estão todos a baldar-se !

sábado, janeiro 02, 2010

A TEMPESTADE INEVITÁVEL ?

Passadas as festas, as boas intenções e as esperanças, resta-nos o quê ? O mesmo país moribundo, pejado de abutres que se acotovelam na disputa dos seus euros, o mesmo conjunto de actores políticos, gastos, desacreditados, sem soluções nem vergonha de as não ter, o mesmo povo apático e desinteressado de que falava Eça de Queiroz, a mesma TV, os mesmos jornais, os mesmos críticos ( como eu ), sem qualquer capacidade de mudar seja o que for ...
Ou seja : depois da esperança infundada, a crua realidade. O país desagrega-se, confundido com tanta inoperância e tanta ganância. Desalentado pela quase ausência de ética e vergonha. É um fartar vilanagem, antes que estoure e nada se aproveite. É um país quase a saque, sem rei nem roque, sem leme nem timoneiro, a navegar sempre nas mesmas águas turvas.
Ninguém sabe o que fazer, o que é mais grave. A responsabilidade e o espírito de missão que seriam necessários não se inventam por decreto. Deixamos as coisas degradarem-se, como em tantas outras ocasiões na nossa história, até que algo aconteça, uma outra Índia ou Brasil ou Europa ou Maio ou Abril ou sabe-se lá o quê.
Apetece dizer : não se pode mudar de povo, de governantes, de classe política, de jornalistas, de gente da TV ? Não ?? Então que se lixe, aguardemos pelo terramoto calmamente.