terça-feira, março 30, 2004

A TANGA E A RETOMA

Sabem que mais ? Durão Barroso deve estar arrependidíssimo daquela ideia do país a andar de tanga ... tanto repetiram o mote que as pessoas e as empresas interiorizaram o conceito e passaram a agir como se estivéssemos mesmo com a corda na garganta. Resultado : ficámos mesmo com a corda na garganta, que isto da economia é ainda uma espécie de bruxedo medieval e quando as pessoas se assustam é o diabo !
Agora, como já lhe começa a convir, o Governo e o PSD encarniçam-se a dizer que já aí está a retoma, que a tempo das vacas gordas está à porta .... A oposição, como é de bom tom, procura denegrir esta luz no fundo do túnel, gritando alto e bom som que não há retoma nenhuma !
Já viram ? Quer num caso quer noutro, o interesse ( pelo menos imediato ) de alguns partidos políticos é oposto ao interesse público nacional. Não é a primeira vez que noto e registo este fenómeno. Não seria possível fazer melhor que isto, meus senhores ? Será inevitável que a política, e os políticos, se movam sempre num terreno semi-pantanoso, onde a verdade e a ética sejam coisas um pouco dispensáveis ?

segunda-feira, março 29, 2004

CÁ ESTOU EU DE NOVO ... DESCULPEM QUALQUER COISINHA !

Há alguns dias que não escrevo no meu blogue. Sabem que sinto uma espécie de culpa, em relação a alguns leitores habituais ? Pois é, mas não tenho conseguido escrever. Hoje vou tentar outra vez, domingo à tarde, sentado à secretária, absorto, sentindo a humidade no ar, aquecimento ligado.
Na TV, no Eurosport, um clássico : a prova de remo Cambridge-Oxford, no Tamisa. Os comentários surgem-me em música de fundo, alguém diz que o timoneiro de Cambridge cometeu um erro, fez não sei o quê ... Penso noutras coisas, por exemplo no caso do processo judicial da queda da ponte de Castelo de Paiva.
O juiz de instrução achou que a queda se deveu a “causas naturais”, referindo-se às cheias verificadas em dois anos, e mandou arquivar o processo.
Toda a gente pensante lhe caiu em cima : rádios, TV e jornais. Faz-se humor, mandam-se bocas, comenta-se o estado da justiça. Estas coisas intrigam-me !! Os portugueses devem ser os indivíduos mais estranhos do Mundo : tão depressa se estão nas tintas para tudo e para todos, como gritam de raiva e indignação para encontrar um culpado, alguém que pague pela incúria que se sabe ser generalizada. Como se, com a descoberta desse culpado, ficássemos “limpos” e “purificados” de toda as incúrias e do “não-te-rales” do nosso passado, presente e futuro.

Já passou um dia e a “crónica” não ficou completa, continuo hoje. Fui de “peregrinação” à minha terra natal, algures no Ribatejo. Casarão sempre a exigir atenção, por isto ou por aquilo. Arranjei um estore dos grandes, suei e sujei-me todo. A minha filha, peregrina comigo, apanhou umas flores, estrelícias, para trazer para Lisboa e uma cesta de limões, para dar ao namorado ... Não faço ideia para que raio quer o rapaz tanto limão, mas enfim ...Almoçamos, num restaurante de um amigo do tempo da infância, uns excelentes filetes de cherne com um arroz de tomate. Depois passei pela Câmara Municipal, resolver um problema com uma factura de água que não tinha pago, pelos vistos .... ehehehe .... tornei a passar por casa e eis-nos de abalada de novo, pela autoestrada para Lisboa.
Faço este trajecto há milhões de anos e cada vez me parece mais complicado andar na autoestrada. Carros pesados em todas as faixas, a ultrapassarem-se uns aos outros, gente apressadinha a ultrapassarem-nos pela direita ( quando eu ia a 150 Km/h .... ! ), molhos de carros encostadinhos uns nos outros ( haverá homosexualidade entre automóveis ?? ) e a entupirem o caminho aos outros .... enfim, andar uma centena de kms em autoestrada não é nada, mesmo nada uma tarefa que se possa fazer descontraida e alegremente !
E já nem falo na ficção dos 120 km/h legais ! Tchiiiii, meu Deus, NINGUÉM anda a essa velocidade, NINGUÉM !!!!!!!

A burocracia bancária produziu resultados : telefonaram hoje à minha filha a dizerem-lhe que o pedido de crédito já estava autorizado ! Boa, os dados estão lançados, a coisa vai avançar agora com a odisseia dos registos provisórios na Conservatória, mais tarde a escritura notarial, depois os contratos de electricidade, água, gás, cabo, ... sei lá que mais !
Por hoje é tudo, tenham uma boa noite !

terça-feira, março 23, 2004

AINDA SOBRE OS ISRAELITAS E OS PALESTINIANOS

Deixem-me dizer-vos, antes de mais, que este é terreno minado. Analisar e discutir esta questão exige o mesmo comportamento que é obrigatório ao atravessar um campo minado : é preciso ver muito bem onde se põem os pés... Mais ainda, é preciso ter a certeza de que não se está a reflectir segundo ideias preconcebidas, do tipo “eu defendo os palestinianos” ou “eu sou visceralmente pró-judeu”. Nada que se prenda com palestinianos e israelitas é simples ou puro. O sangue de vítimas inocentes provocadas pelos dois lados empapa as areias dos desertos naquela zona do Mundo.
A questão fundamental que se coloca é a seguinte : num conflito político internacional, num cenário onde as acções terroristas são usadas por um dos lados, é legítimo ou não abandonar o direito e passar a actuar como se de uma guerra clássica se tratasse ? Ou seja, em poucas palavras, seria legítimo abater friamente a tiro os autores dos atentados do 11 de Novembro, nos EUA, ou do 11 de Março em Espanha, ou os do IRA ou da ETA ?
A resposta parece ser simples, para quem acredite que a democracia é o melhor sistema político, e que devemos respeitar as suas normas até ao fim: NÃO, não é legítimo um procedimento assim.
Porém, não sejamos ingénuos : essa atitude não é seguida pelos terroristas, obviamente. Eles sabem que as democracias têm poucas defesas perante acções violentas organizadas, exactamente pela necessidade de respeitar os direitos individuais. Eles sabem isso e usam-o em seu proveito. Passeiam-se livremente no meio daqueles que irão atingir, usam sem pestanejar as suas liberdades, reclamam os seus direitos exigentemente em caso de prisão.
Que me conste, nunca nenhuma organização terrorista ouviu previamente em audiência representantes das pessoas no meio das quais se propõem fazer estoirar umas bombas, para conhecerem a sua opinião ...
Já pensaram que, caso o uso do terrorismo se intensifique muito, é natural que as democracias tenham que rever os seus conceitos e restringir o respeito pelas garantias individuais ? Perceberam que isso começou a acontecer, JÁ, nos EUA e mesmo na Europa ? Por muito que nos desagade a todos ! E sabem porquê ?
Porque finalmente nos apercebemos do horror que é o terrorismo organizado à escala internacional. Porque finalmente nos damos conta do que é o terrorismo. Porque deixou de ser uma coisa longínqua e improvável. Porque nos pode atingir amanhã e aqui.
Bom, é nessa situação que israelitas e árabes vivem, há muito tempo. Mesmo muito tempo. Não se esqueçam disso a próxima vez que começarem a arengar, no café ou no local de trabalho, sobre os mauzões dos israelitas e os bonzões dos palestinianos. Ou vice-versa.
Não queiram nunca ver-se metidos na teia de ódios e reacções primárias em que eles vivem há dezenas de anos.
Tentem perceber. Não para tolerar ou desculpar, mas para exigir que a situação termine. Não vejam de um lado vítimas e do outro carrascos. Quem são uns e outros ? Não serão todos uma coisa e outra ?
A verdade é que não sou capaz, intelectualmente, de chamar assassino a Sharon e apelidar cândida e ingenuamente Ahmed Yassine de líder espiritual do Hamas ... isso, para mim, é cinismo e sectarismo.
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Claro, a violência cresce em espiral : acabo de ler que o substituto de Yassine vai ser um homem ainda mais radical que ele, Al-Rantissi, que sempre se opôs a qualquer negociação com Israel ... meu Deus, que acham que vai acontecer ??
A paz no Médio-Oriente não é com certeza ...

segunda-feira, março 22, 2004

EFEMÉRIDES
Os israelitas fizeram outra das deles : mataram o dirigente máximo e teórico do Hamas, com um míssil. Veremos se foi um passo na solução do problema ou no avolumar do mesmo.
A guerra do Iraque começou há um ano. Entretanto, nem o terrorismo diminuiu, nem foram encontradas as armas de destruição massiva. E agora o problema é sair de lá.
O Afeganistão continua.
Em Madrid, Zapatero multiplica-se em declarações. Algumas sensatas e imprescindíveis, outras nem por isso.
Tony Blair vem a Portugal encontrar-se com Durão Barroso. A oposição comenta : “encontro de dois mentirosos”.
O meu blogue fez seis meses. Parece pouco tempo, mas são mais de cento e cinquenta textos escritos e mais de 2000 pessoas a lê-los. Para mim, estes números são significativos.
Começou a Primavera, mas o Mundo não sabe disso.
Não, ainda não fui ver a Paixão de Cristo. Há coisas que prefiro ver tal como as imaginei na minha infância. Quando Jesus Cristo e Afonso Henriques eram os meus ídolos. Diga-se, em abono da verdade, que não tinham ainda nascido nem Paulo Portas nem Durão Barroso ...

sexta-feira, março 19, 2004

ABAIXO OS DIAS DISTO E DAQUILO !
Hoje de manhã, olhei o meu telemóvel e tinha uma mensagem. Rezava qualquer coisa como “Anima-te, pai ! Um beijinho para ti !” e vinha da minha filha. Ela nunca me envia mensagens, prefere sempre falar ... aquela mensagem porquê ? Pensei que tinha lido o meu blogue ontem e que percebera o meu desânimo ... de repente, entendi : hoje é o dia do pai. Ahhh, afinal é apenas por ser dia do pai ... e ri-me, com os meus botões. Estava a achar demasiada preocupação da parte dela, ehehehehe, se percebem o que quero dizer ...
Pus-me a pensar. Os pais também pensam, sabiam ? Dia do pai. Dia da mãe. Dia dos Namorados. Dia do Coração. Dia das Bruxas. Dia Mundial da Paz. Dia da Mulher. Dia da Árvore. Estou bem acompanhado, caraças. Dia do Pai.
Mentiras piedosas, acho eu. Tranquilizamos as nossas consciências. Fingimos durante um dia que damos muita importância a certas coisas. E sempre anima o comércio.
Mas há algo que me perturba, nestes dias especiais. Porque será que nunca se lembraram daqueles que não têm namorada/o, ou pai ou mãe ou filhos ? Não seria boa ideia um Dia dos Sem Namorado/a ? Ou um dia dos Orfãos de Pai ou Mãe ? Ou um Dia Dos Que Não São Pais nem Mães ? E mesmo para quando um Dia do Filho/a ?
Foi assim que me surgiu uma sugestão inovadora e revolucionária : vamos passar a celebrar o Dia Mundial das Coisas Sem Dia Atribuido !
Que tal ? Não só se eliminavam aquelas injustiças e esquecimentos a que acima me referi, como também se poupavam as celebrações de uma data de dias dedicados a isto e aquilo, passando todas as festas, paradas e discursos a concentrarem-se num só dia.
A isto chamaria eu produtividade celebracional do Dia Mundial.
Nem mais. Tenho dito.

quinta-feira, março 18, 2004

A NOITE

A noite vem e com ela o desânimo, a escuridão, a memória do passado. Bem podem os amigos tentar animar-me, dizer-me que a vida é bela ... não acredito, eu sempre a vi, a essa senhora, ser tão depressa bela como soturna e perigosa. Porque iria agora ser diferente ?
Estar no ultimo quarto da nossa vida é tremendamente destruidor, se se pensa muito nisso. Nos ultimos anos, tenho vindo de perda em perda até ao nada. A normalidade, o imprevisto, o receio, tudo se conjugou para me tornar apenas num ser que já foi. Com a agravante de me lembrar bem de o ter sido. Espanta-me, a minha quase derrota de hoje. Nunca pensei que fosse tão dificil envelhecer e ficar só. Ou será apenas uma fase, como tantas outras nas nossas vidas ? Talvez, deve ser isso, sim ...

É assim que sou, tão volúvel como uma prima-dona ou uma pop-star. Num dia amo a vida e o belo, no dia seguinte vejo tudo pintado de um cinzento monótono e vazio. A única solução foi sempre a de me manter a trabalhar até embotar a lucidez e a capacidade de pensar sobre mim.

Acho que, nascido com outros ventos, teria sido poeta ou anarquista ou um doido iluminado como Almada Negreiros. Provavelmente, acabaria como Antero do Quental, num qualquer banco de jardim. Ou talvez não.
Os deuses não me dotaram dessa forma, limitaram-se a pôr-me dentro um bocadinho de pensamento e uma dose maior de indiferença. Foi assim que fui feito, não sou capaz de me refazer.

Ai de quem se aproximar de mim. Se odeio, sou impiedoso, se amo sou imprevisto, possessivo umas vezes, indiferente outras, um turbilhão emocional a maior parte do tempo. Conheço a minha variabilidade, tento evitar que se aproximem de mim. Sobretudo as pessoas que poderiam amar-me e a quem eu iria magoar, mais tarde. Mais vale só.

Não me lastimem, peço-lhes, nem tentem mostrar-me caminhos. Se são meus amigos deixem-me continuar a caminhar por onde vou.
Podem é acenar-me, lá de onde quer que estejam, e atirar-me um sorriso de compreensão e amizade.
É quanto basta.

quarta-feira, março 17, 2004

HISTÓRIA DE UMA RECLAMAÇÃO AO ADSL.SAPO.PT ( PT TELECOMUNICAÇÕES )

Exmos Senhores :
Sou cliente ADSL-SAPO XXXXXXXXXXX.
Desde há uns dias a esta parte as condições de funcionamento da ligação degradaram-se notoriamente.
Dificuldades de acesso a páginas internacionais e nacionais, tempos de resposta dignos das antigas ligações dial-up, de tudo um pouco tenho experimentado.
Não houve qualquer alteração nos meus parâmetros de configuração da ligação. A verdade é que, durante o dia e tb à noite, a velocidade baixou drasticamente.
Daí a minha reclamação. Isto assim não é banda larga coisa nenhuma, nem sequer banda chega a ser...
Não esqueçamos que pago todos os meses uma quantia nem por isso assim tão reduzida por um serviço que é suposto ter determinados níveis de exploração.
Com o aumento do numero de utilizadores ADSL não se estarão a esquecer de fazer o upgrade ( ou substituição ) dos equipamentos das centrais telefónicas e/ou da disponibilidade das trunks ??
Agradecia uma resposta, por favor. Fico mais feliz com a verdade que com conversa de marketing para amolecer clientes.
Por favor.


------------------------------------- RESPOSTA DO SAPO.PT ------------------------------------------------------------------------------------
Estimado Cliente,
Em resposta à sua questão gostaríamos de informar que é necessário efectuar alguns despistes para verificar a situação descrita:
- Colocar o computador em monoposto (ligado apenas a um computador).
- Desactivar software antivírus e Firewall existentes
Tendo em conta que ao efectuar o traceroute não deverá ter nenhum software de TCP/IP a funcionar em simultâneo ( correio electrónico, web, IRC, MSN, Rádios ou TV on-line etc. ) caso contrário o resultado do traceroute será incorrecto, uma vez que a largura de banda que usa, é dividida pelas aplicações de TCP/IP consoante os programas que tiver a utilizar.
- Abrir uma janela de MSDos (Ex. menu "iniciar"; "run"; escrever "cmd" e clicar em "OK") e, na raiz (c:\>), escreva os seguintes comandos:
- ping www.dn.pt
- tracert www.dn.pt
– ipconfig
Solicitamos o envio dos resultados, através de “Print Scrn”, de todos os testes acima indicados para melhor podermos averiguar a situação em causa.
Mais informamos que, as linhas Adsl têm velocidades downstream muito superiores às de upstream, o que acaba por deteriorar um pouco a linha quando é necessário realizar uploads e downloads em simultâneo.
Assim, e por forma a efectuar um despiste mais completo é ainda necessário que nos forneça informação mais detalhada para que possamos efectuar um diagnóstico correcto:
- Username
- Número de telefone ADSL
– Número de telefone de contacto alternativo (telemóvel)
- Número de contribuinte do titular da Activação
– Qual o modem utilizado?
– Existe rede interna?
- Qual o estado das luzes do modem quando cai a ligação: ambas ligadas, ambas desligadas, ou apenas uma acesa?
– Qual a cor da luzes do modem?
- Quanto tempo dura a ligação em média?
- Utiliza o microfiltro duplo na ligação ADSL e o simples num outro equipamento telefónico?
- Já experimentou ligar o modem directamente à tomada RITA ?
– Utiliza alguma extensão telefónica para ligar o modem ou utiliza o cabo RJ-11 fornecido no pacote?
- Qual o sistema operativo que utiliza (Windows, MacOS, outro e qual a versão)?
- Ocorre, frequentemente, alguma mensagem de erro no estabelecimento da ligação à Internet? Se sim, qual?
– Utiliza algum periférico USB (Ex. impressora, câmara) em simultâneo com modem?
– Ao ligar o modem a outra porta USB a situação se mantém?
- Tem alguma firewall e/ou Anti-virús activo?
– Verifica algum ruído na linha telefónica de voz? Tem voz na linha telefónica? A ligação ADSL permanece se usar o telefone?
– O computador utilizado é um portátil?
Mais informamos que no Internet Explorer é necessário verificar as seguintes configurações:
- opção "Ferramentas"; "Opções de Internet"; "Ligações" escolher "nunca estabelecer uma ligação" ("never dial a connection")
- opção "Ferramentas"; "Opções de Internet"; "Ligações"; "Ligações de Rede" (Lan Settings) e Nenhuma das opções deve estar seleccionadas.
Caso subsista alguma questão não hesite em contactar-nos de novo, através deste e-mail ou, de forma mais rápida, através do número de apoio a Clientes 707 22 72 76*.
Saudações cordiais,
Carla Paiva
Serviço de Apoio a Clientes
PTM.com

--------------------------------- MINHA RÉPLICA -------------------------------------------------------------------------------------------------
Meus caros senhores :
A esta vossa resposta ao meu mail chamo eu "atirar barro para o ar", em português claro e directo. Claro que é muito mais fácil para um serviço de apoio ao cliente formular umas dezenas de perguntas, obrigando o cliente a um esforço tremendo para lhes responder, sendo a maior parte das vossas perguntas completamente irrelevantes na situação que lhes tipifiquei.
E que é MUITO SIMPLES : a degradação sentida ( bem percebida, de resto ) na qualidade do serviço, nas ultimas semanas, em TOTAL IGUALDADE DE CONDIÇÕES DE EXPLORAÇÃO RELATIVAMENTE AO PERIODO ANTERIOR.
Desta forma, a maior parte das questões que me colocam é irrelevante.
E, por favor, não me venham com pings nem com traceroutes. Esses comandos dão-nos uma medida PONTUAL e INSTANTÂNEA da situação, nada mais. Não preciso do ping ou do traceroute para saber que não consigo aceder a certas páginas, nacionais e estrangeiras, a certas horas ou que o faço à velocidade de caracol. E não tenho problemas de ligação à internet ou de corte nessa ligação.
Preferia que me falassem do estado de saturação ( ou não ) dos routers da central telefónica onde estou ligado.
Preferia que me falassem do vosso esforço na manutenção da qualidade de serviço.
De qualquer forma, e porque me prezo de não ser uma pessoa mal-educada, o meu obrigado.


--------------------------- CONCLUSÃO -----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Assim vão as grandes empresas em Portugal. O objectivo é sempre a maximização do lucro, fácil, e o cliente é sempre considerado um trouxa sem direitos a quem se impingem umas explicações rebuscadas e complexas, para ver se ele desiste ....
A verdade é mais simples : o número de utilizadores, tanto da NETCABO como do ADSL têm vindo a crescer bastante, fruto de um marketing agressivo. Ora o que me parece que não tem crescido em paralelo é o investimento da PT ( a dona tanto da NETCABO como do ADSL ! ) no aumento da capacidade dos equipamentos indispensáveis á manutenção da qualidade de serviço.
Para que se iriam chatear e gastar dinheiro ? O cliente aguenta tudo ! Qual é a alternativa, afinal, que nós temos ?
E, no meio de tudo isto, uma mensalidade de 35 Euros ( SETE CONTOS !!! ) não é um valor assim tão reduzido como isso para uma ligação à Internet, sabiam ? É bem superior, em termos absolutos, à média que existe na Europa, onde o poder de compra é bem maior ....
Portugal, sempre a mesma ganância mesquinha, a mesma incompetência, a mesma incapacidade congénita de ser uma firma de altos padrões de qualidade e respeito pelos clientes !

terça-feira, março 16, 2004

HOJE NÃO TIVE ANGÚSTIAS E ALMOCEI BEM !

Há casas que falam, com eloquência, com amor mesmo. Já lá iremos, porém. Antes, queria falar-vos de um restaurante onde almocei hoje, com quatro velhos amigos. Foi no Painel de Alcântara, na Rua do Arco de Alcântara, em Lisboa. Ah, meus amigos e amigas, a velha cozinha tradicional portuguesa, como é boa ... um pernil do outro mundo, muito bem assado, com arroz e esparregado, e um divinal feijão branco guisado com entrecosto, chouriço e farinheira .....ehehehe, pois é, o colesterol, não é ?
Vejam aí ao lado como é a ementa deste velho restaurante de Lisboa e digam-me lá se não gostam ...
Não pensem que fomos uns alarves, éramos cinco e apenas mandámos vir duas doses, uma do pernil e outra do guisado, que as doses são tipo enfarta-brutos !
A conversa fluiu, leve, despreocupada. Uns beberam vinho tinto, bastante aceitável, servido num bonito jarro de barro vidrado. Outros foram para a água, que os problemas de saúde são chatos que se fartam. Não vi ninguém atacar doces, era tudo pessoal da pesada, daqueles que preferem o queijinho ao arroz doce ... cafés e águas finais e só saímos do restaurante lá pelas 3 da tarde.
Ah, esta maravilhosa sabedoria portuguesa de fazer da mesa um local de culto da conversa, da amizade ... e mesmo do amor, se lá quiserem ir com outra disposição e companhia ...
Entretanto, um desses meus amigos que mora em Algés, convidou-me a subir a casa dele ( eu tinha o meu carro estacionado ali perto ) para uma surpresa ....
Deixem-me dizer-vos que este meu amigo é de Lamego e a sua família tinha uma propriedade ( Lamego e Régua ) onde faziam vinho, o vinho fino, como se chama para aqueles lados. O vinho do Porto, para o comum dos mortais.
Pois bem, chegados lá acima diz-me ele : “Queres experimentar um vinho fino de ...1872 ? “ .... Tchiiiii, meu, 1872 ?? Sim, século XIX, pá !
A garrafa era ainda a original, o líquido côr de rúbi, o sabor esquisito, como se o tempo lhe tivesse dado um travo especial. Impressão minha, talvez, tive que repetir o cálicezinho para ter a certeza , ehehehe .... Muito agradável, a sensação.
E chegamos agora às casas que falam. A casa deste meu amigo fala de tempos passados, de coisas lindas que foram de avós e tios e tias, leques franceses, porcelana inglesa e do início da Vista Alegre, contadores de mogno, mesas de jogo cheias de truques e gavetas secretas, velhas camas com torneados e fresados, livros de outros séculos, que sei eu.
Não sei se estou a ficar mais sensível a estas coisas, com os anos, mas aquela casa seduziu-me. Toda ela respira tranquilidade e sabedoria. Paz interior. Beleza.
Regressei a casa mais alegre e reconciliado com a vida. Hoje nem me lembrei do tédio e das angústias... mérito dos amigos, do feijão guisado e do vinho fino de 1872 ... !

segunda-feira, março 15, 2004

GUERRA, TERRORISMO, MENTIRAS E VOTOS !

Foi uma outra explosão em Espanha, a de ontem. O PSOE teve a maioria relativa nas eleições gerais espanholas, quando nada o fazia prever. Lembram-se do caso do Prestige e de como o Governo de Madrid escondeu e manipulou a verdade, semanas a fio ? Lembram-se das provas que Aznar dizia conhecer sobre as armas de destruição massiva no Iraque ? Pois bem, agora a manipulação da verdade foi em relação aos presumíveis autores das acções de terrorismo do dia 11 de Março. Quando já tinham dados claros a indicar uma origem fora do País ( Al Qaeda ou não ), Aznar continuou a falar na ETA. Estão a ver porquê, não estão ? É que se a origem dos atentados fosse da Al Qaeda ou equivalente, a política do PP que envolveu a Espanha na guerra do Iraque estaria no banco dos réus, logo em plenas eleições ....
Mas sabem o que é completamente lamentável neste caso, como já foi no do Prestige e na guerra do Iraque ? É a facilidade com que um Governo mente para poder levar a cabo a política que pretende. Mentir, deturpar a realidade. E, depois, ter a "lata" de aparecer em público, com um ar sério, composto, grave ...
Desculpem-me, chamemos as coisas pelos nomes : estes senhores do PP espanhol foram mentirosos. Aldrabaram em numerosas ocasiões. Demonstraram mesmo uma frieza tremenda e descarada no uso da mentira.
A derrota nas eleições surge como uma lufada de ar fresco e verdade. Restituiu-me fé e confiança na capacidade dos eleitores punirem quem não os respeita. Mostrou-me uma Espanha com coluna vertebral. Gostei.
O unico comentário que me apetece fazer, depois destas palavras, é apenas este : então e por cá, ninguém nos mentiu em nada ? Humm ? Que acham ? Vamos ser menos "tesos" que nuestros hermanos ?

sábado, março 13, 2004

LUTAR POR UMA CAUSA JUSTA OU SER SIMPLESMENTE UM ASSASSINO SÁDICO ?
Querem acompanhar-me em duas ou três reflexões básicas ? Vamos nessa ?
Então lá vai : qual é a única justificação que pode haver para o exercício do poder político ? Esta não é dificil : é o bem-estar das pessoas que são sujeitas a esse poder político, em nome de quem o mesmo é exercido. Quando assim não sucede, há uma perversão social e política, não é ? As pessoas são o fim ultimo de qualquer sistema de governo político. O seu bem-estar. A sua felicidade.
Que pensar então de um grupo de individuos que, a pretexto da defesa deste ou aquele bonito princípio político ( a conquista da liberdade, da autonomia ou seja do que for ) não hesita em assassinar milhares de pessoas inocentes ? Que afirmação directa e simples se pode fazer sobre gente desta ?
Também é simples : para eles, o tal principio que defendem é superior à vida de milhares de pessoas inocentes.
Ou seja, a única legitimidade que poderiam ter para a sua acção – a conquista de bem-estar das pessoas – é totalmente desmentida pela constatação que, afinal, se estão pura e simplesmente nas tintas para todas as outras pessoas, não hesitando em assassinar milhares.
Que tipo de comportamento seria de esperar de pessoas destas, que não hesitam nestas acções, se um dia chegassem ao poder político ? Está-se mesmo a ver que passariam, então, a ter um grande respeito pela vida humana, não era ??
Sabem, o que é espantoso é que alguns destes grupos começaram com um ideário justo e legítimo, os seus principios eram inquestionáveis e generosos ... porém, algures no meio dos milhares de mortos que provocaram, convencidos que era esse o caminho, perderam-se totalmente. Perderam a razão, perderam a legitimidade e, pior do que isso, perderam a própria grandeza, ficando reduzidos à categoria de criminosos sem escrúpulos, sem ética e sem futuro.
Muitos deles, dessa gente perdida, cansados do cheiro a sangue, fizeram este mesmo raciocínio ... sabem o que lhes acontecia ? Foram considerados traidores e executados.
Esta gente sofreu um processo gradual de tremenda destruição, não só das vidas dos outros como dos seus próprios ideiais. No final, já não são sequer homens e mulheres com uma visão, uma ideologia, uma luta justa : são simplesmente pessoas destruidas, sem sentido, sem compaixão, sem dignidade e sem alma. Com as mãos cheias de sangue.
Que nenhum homem ou mulher de bem, mesmo daqueles que sempre lutaram contra a opressão e a injustiça, se engane e os considere como pessoas com uma causa, digna de respeito e admiração. Começaram por aí, sem dúvida, alguns desses. Hoje, são apenas feras sem qualquer respeito pela vida humana, viciados no sangue e na indignidade, chafurdando em pântanos ideológicos, defendendo-se exclusivamente a si próprios, completamente esquecidos do que deve ser o poder político : algo para trazer a felicidade às pessoas, não o luto.

quinta-feira, março 11, 2004

PRÉMIO DA PERSEVERANÇA, JÁ VIRAM O TRABALHÃO QUE O HOMEM TEVE ?

De um amigo de há muitos anos, recebi este saboroso pedaço sobre o funcionamento da Justiça em Portugal ( e não só ) no século XV e as preocupações demográficas do poder real ...

Do Arquivo Nacional da Torre do Tombo
SENTENÇA PROFERIDA EM 1487 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO
(Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5.o,maço 7)

"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, da própria mãe teve dois filhos.

Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres".

"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e guardar no Real Arquivo da Torre do Tombo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo".

terça-feira, março 09, 2004

FANTASIAS, CRENDICES OU TALVEZ HAJA ALGUMA COISA DE VERDADE ?

Penso que, nos ultimos tempos, grande parte das pessoas se renderam a "técnicas" não-convencionais de tratamento de doenças físicas ou psíquicas, bem como a numerosos instrumentos de auto-conhecimento psicológico do comportamento individual. Muitas pessoas consultam o seu horóscopo, ou vão a consultas mais sofisticadas de astrologia, reiki, tarot e mais algumas de que nem sequer ouvi falar. Quanto a terapêuticas, aromaterapia, talassoterapia, cores do halo do indivíduo, acunpunctura, é só escolher, há tratamentos para todos os gostos e bolsas.
Desde que me lembro - invocando a minha experiência pessoal - que a realidade é assim : ia-se à bruxa, ao curandeiro, ao santo milagreiro. Hoje, porém, estas "para-ciências" conquistaram definitivamente o seu lugar junto dos homens e mulheres, de uma forma nunca vista. Alargaram a sua base de crentes, conquistaram aceitação social, aparecem nas capas e no interior das revistas da moda. Curiosamente, conquistaram mesmo muitos daqueles que, fiéis a outras fés, deveriam olhar de soslaio para estas "coisas".
Que se passa ? Qual a razão desta onda de popularidade ?
Pode haver outras razões, mais profundas, que só um estudo cuidadoso revelaria. Por mim, não tenho grandes dúvidas que, na base desta atitude de muita gente, está uma descrença cada vez maior na "ciência oficial", quando não mesmo uma quebra na sua fé religiosa tradicional.
Se virmos bem, por exemplo, a medicina ocidental clássica deixa muito a desejar na forma como encara a pessoa, considerada logo como um paciente, sem deixar grande espaço à influência da vontade na cura. A psicologia, por outro lado, nunca ( ainda não ? ) se estruturou em conhecimentos práticos de alcance universal, ao alcance do comum dos mortais, nem nunca se aventurou por terrenos menos clássicos.
A fé religiosa está em regressão, para muita gente, cansada da falta de esperança na solução imediata dos problemas.
Hoje vivem-se tempos sem paciência, tempos de recusa de sacrifício e de dor, tempos de exigir o milagre já !
Confesso que não sei muito bem se esta tendência acabará por ter consequências boas ou não. A verdade é que a minha própria fé inabalável ( mas nunca cega ) na luz, na ciência, no homem de Descartes, começa a esmorecer um pouco.
Seria tempo de ter respostas a muitas questões e elas tardam.
Dirão que sempre foi assim. Dirão que as respostas em falta acabarão por vir, como sempre vieram, por via da ciência e do conhecimento "sério", oficial.
Talvez.
Penso, ainda assim, que a sobranceria e a arrogância da ciência oficial nunca foram tão visíveis e assustadoras. Apesar da falta de respostas a tantos problemas. Já pensaram se a actual estrutura e organização da produção do saber ( Universidades, laboratórios, equipas, muito dinheiro envolvido ) não serão impeditivas do verdadeiro saber ? Já pensaram se muitos dos actuais cientistas não serão tão ignorantes como os velhos bruxos e curandeiros ?
Com uma agravante : deixaram de olhar o homem, na sua complexidade e unidade, e passaram a ver um objecto ou paciente ou ainda ... uma forma de atingir a glória ou o dinheiro.
E se, afinal, os homens e as mulheres da astrologia e do tarot andarem lá tão perto ( ou tão longe ) da verdade como os senhores das batas brancas, só que ainda um bocadinho menos mitificados e endeusados ?
E se, afinal, a verdade não residir apenas num dos campos ?
E se, afinal, as Universidades do nosso mundo ocidental não forem assim tão abertas ao saber como se pensa ?
E se, por ultimo, esta for apenas mais uma provocaçãozita minha ? Que dizem ?

segunda-feira, março 08, 2004

COINCIDÊNCIAS

Hoje foi um dia complicado, para mim. Rico de significado. Cheio de evocações e coincidências. Dores antigas ainda vivas. Outras, mais recentes, já atenuadas.
Antes de mais, a minha homenagem, hoje, a todas as Mulheres. Os que me conhecem e aqueles que acompanham este blogue desde o início, sabem que não é uma homenagem hipócrita ou circunstancial. Há muito que acho serem as mulheres o melhor que a humanidade pode apresentar em sua defesa, quando chegarmos ao dia do grande julgamento.

Por outro lado, e deixem-me partilhar convosco estas minhas memórias pessoais, faz hoje 9 anos que faleceu subitamente a minha mulher, companheira de tantos anos. Hoje apeteceu-me partilhar este facto, já está um longo tempo percorrido, já tenho coragem para isso.
Conhecíamo-nos desde os bancos do Liceu, e muitas vezes é ainda assim que a relembro, de bata preta, a sorrir para mim.
Hoje, dia da Mulher, quero dizer que ainda sofro com a sua partida, ainda lamento ter ficado tanto por dizer, tanta desculpa por pedir, tantos gestos de ternura por fazer.

Ficou a minha filha, e a vida continua : hoje também, finalmente, ajudei-a pedir o empréstimo bancário para a compra da futura casa dela. Descobrimos um apartamento com boas condições, em local perto de mim ( requisito dela de que eu gostei, claro ) e nem hesitámos. Oxalá ela venha a poder dizer, a esse propósito, aquela frase que um conhecido grupo bancária anda por aí a popularizar : “Aqui, vou ser feliz ! “

Por ultimo, hoje ainda conversei com uma amiga minha em situação laboral dificil ( a empresa onde trabalha está em riscos de falência ) assegurando-lhe a minha amizade e apoio, se o pior vier a acontecer...

Coincidências, tudo isto, no dia da Mulher ? Ou talvez não ?
Talvez por aí, algures, exista um poeta supremo que faz questão de escrever assim a letra desta grande canção : a nossa vida.
Unplugged. Numa analogia, mais do que tradução : sem rede. Como sempre.

sexta-feira, março 05, 2004

ANGÚSTIA PARA O JANTAR
Hoje é outra vez sexta-feira. Bah...e depois ? Já lá vai o tempo em que o início do fim de semana me dava alegria. Agora é apenas mais um sábado e domingo, com rituais repetidos e, o que é pior de tudo, com uma vontade de os viver muito perto do nada.
Continuo a pensar que tenho que dar uma volta grande à minha vida, mas hesito, contemporizo. Creio que não é medo meu, é mais o medo das mudanças que vou provocar nos hábitos dos outros, nomeadamente na vida da minha filha.
Não sei muito bem qual possa ser essa tal volta, não passa por viver com uma mulher ou sequer por arranjar um “affair” interessante. Parece-me que envolveria sempre uma mudança drástica no ambiente envolvente, no local onde vivo. Apesar de gostar deste sítio.
Por vezes, brinco comigo mesmo “Mas que raio queres tu ? Apanhar polvos na Grécia ? canoagem no Colorado ?”. Não sei. Se calhar é apenas vontade de fugir aos problemas e de ir para onde não tivesse que me preocupar com mais nada nem mais ninguém até ao fim.
Não sei, não mudo nada, não viajo, não trabalho, não escrevo : assim vai passando o tempo e eu limito-me a ajudar os outros nas suas decisões.
Conhecem Alberto Morávia, escritor italiano que tão bem descreveu o interior da classe média italiana do tempo do fascismo ( e não só ) ? Percebeu e descreveu excepcionalmente bem o que é o tédio, o aborrecimento, a indiferença, como esses estados de espírito corroem a alma e destróiem a vontade de viver.
E tantos outros escritores, incluindo o nosso Pessoa, sempre a navegar na orla do vazio e a acabar por morrer só e sem respostas. E Luis de Sttau Monteiro, que deu origem ao título deste texto.
Há muita gente que pensa ser este um problema fácil : mexe-te, faz qualquer coisa, vai para a dança aprender salsa, vais ver como ficas logo bom !
Se tudo fosse assim tão simples. Para mim, nunca foi.
Acreditam que eu tinha uns 4 ou 5 anos e passava a vida a chatear a minha mãe, perguntando-lhe que havia eu de fazer, porque estava aborrecido ? Já vêem, esta minha angústia e apatia, este sentimento de que poucas coisas valem a pena, já vem de longeeeeeeee !!
Caramba, angústia existencial aos 5 anos de idade é obra, hem ? E se não acreditam, vejam a foto ao lado. Onde iria eu buscar aquela expressão se não estivesse sempre angustiado ?
Bem, olhem : tentem ser felizes, não sejam parvos como eu !

quarta-feira, março 03, 2004

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A GLOBALIZAÇÃO, MAIS MEDOS QUE RAZÃO ? ... OU TALVEZ NÃO ?

Imagine-se um técnico de informática, um analista-programador, funcionário de uma grande firma nacional de software. Quarenta e três anos, um bom vencimento, família ( mulher e 2 filhos ) e uma bela casa nos arredores de Cascais.
Um belo dia, o céu escurece instantâneamente para si. A "sua" empresa decide cessar em Portugal a sua actividade e ir operar na Índia, onde existe uma interessante “bolsa” de técnicos informáticos bem qualificados, com vencimentos cerca de um quinto dos vencimentos pagos em Portugal .... a globalização ao vivo !
Seguem-se tempos angustiantes, negociar indemnizações, minimizar o desastre. Será praticamente impossível encontrar igual colocação em outra empresa a operar em Portugal, as grandes estão todas a deslocalizar-se, as pequenas não lhe podem pagar um salário nem sequer perto do anterior, para além de não precisarem das suas qualificações de topo.
Acomoda-se, tenta baixar os custos da sua vida diária, vende o carrão, troca a casa de Cascais por uma em Alcochete, tenta manter a dignidade, última coisa que deve morrer.
O dinheiro da indemnização não é elástico nem eterno, decide investir num pequena loja de computadores no Centro Comercial de Alcochete. Dois anos depois, tem que fechar a loja, as dívidas acumularam-se, já nem o aluguer consegue pagar. É o fim, aos 46 anos. O casal passa a viver do salário da sua mulher, funcionária pública no Ministério das Finanças.
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Esta história está hoje a passar-se, com grande aceleração, em países europeus, como a França ou a Alemanha, e também nos EUA. A “fuga” de empresas grandes, de tecnologia de ponta, para outros países da Ásia ou do Leste europeu, acontece todos os dias.
Os Governos, preocupados com o fenómeno, tentam travá-lo, com multas às empresas ou aplicação de taxas adicionais, quando os produtos vierem a ser vendidos nos seus mercados internos.
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Em artigo de Sarsfield Cabral, publicado no “Diário de Notícias” de hoje, desdramatiza-se esta questão, argumentando que as empresas que deslocalizam os seus serviços contribuem para o aumento do nível de vida dos países para onde vão, e, além disso, através da melhoria da sua produtividade, passam a dispor de mais recursos para tornar a investir e gerar novos empregos, também nos países de onde sairam. Acreditando nesta teoria, acusa os governos que referi de irracionalidade, criticando-os por cederem a interesses sectoriais.
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Caro leitor/a : quer comentar esta história e a opinião de Sarsfield Cabral ? O que acha que vai acontecer na economia destes países onde a fuga se está a dar ? Preocupa-o/a esta questão ?
Ou acha, simplesmente, que sou um chato do caraças, ao escrever sobre isto ?
Ehehehehehe .....

terça-feira, março 02, 2004

SOLIDÃO OU MENOS SOLIDÃO, EIS A QUESTÃO

O que é a solidão ?
É estranha a pergunta, não é ? Não é, não. Definir solidão é mais complicado do que parece.
Solidão NÃO é estar ou viver sózinho. Há pessoas que vivem sós que não sofrem de solidão, e há pessoas que vivem com companheiros e família que se sentem miseravelmente solitárias. Estamos muitas vezes sózinhos e não nos sentimos solitários, estamos bem, equilibrados. Por vezes, há mesmo pessoas que necessitam e buscam este isolamento, porque necessitam dele para a sua paz interior.
Solidão NÃO é também NÃO ter um companheiro/a ou namorado/a. Há muitas pessoas que, nesta situação, parecem não se ressentir grandemente, encontraram outros equilíbrios, têm familiares, amigos e actividades que as preenchem.
Então, o que vem a ser a solidão, de que tantos se queixam ?
Bem, espero que me ajudem, aqui chegados.
Na minha opinião, a solidão é um estado de espírito ( e por vezes de corpo, ai, ai ) que depende da filosofia de vida da pessoa e, logo, das suas necessidades e expectativas. Ou seja, quanto maior for a nossa necessidade de uma outra pessoa ( ou pessoas ) junto de nós, em qualquer um dos vários planos – físico, psíquico, afectivo, prático – tanto mais solitários nos sentiremos, se isso não acontecer.
O que significa, visto ao contrário e numa perspectiva pragmática, que a muitos pode interessar : em certa medida, a solidão pode ser combatida, desde que nos tornemos menos dependentes dos outros e aprendamos a viver melhor com nós próprios.
Será esta afirmação verdadeira, sempre, sem limitações ? Humm, tenho as minhas dúvidas. E estou também a imaginar as vossas.
É que o ser humano é um bicho de matilha...Nós precisamos sempre uns dos outros, embora em graus variáveis. E há necessidades tremendamente fortes, como a de ouvir os nossos semelhantes, a nossa própria língua materna, ou a de tocar e acariciar a pele de um outro ser humano.
A capacidade de combater a solidão, tem limites, concordemos, limites que irão depender da pessoa em concreto, do local, da época. Em todo o caso, haverá sempre limites, o que significa que, sendo a solidão um sentimento bem pessoal, há sempre um mínimo também pessoal abaixo do qual nunca um ser humano deveria descer...
Afinal, tal como em muitas outras necessidades básicas do homem e da mulher.
Pelo meu lado, por mais que tenha tentado ( e parcialmente conseguido ) dou por mim de vez em quando a reflectir sobre este tema ... o que todos sabemos o que significa, não é verdade ?
Passem bem e ... evitem a solidão. Escrevam comentários a este texto, por exemplo...

segunda-feira, março 01, 2004

A VIDA SEGUNDO O AUTOR

Nunca me preocupei em gerir a minha vida, com qualquer objectivo que fosse. Não porque tenha razões morais ou éticas contra isso, mas simplesmente porque sou preguiçoso. Sim, assumo que sempre preferi estar sentado a ler, a escrever ou a ver um filme que a trabalhar para a carreira, a aturar gente importante ou a sujeitar-me a burocracias e a protocolos. Isto não significa que me deixe “levar” inteiramente na corrente do rio, sempre houve valores que quis deliberadamente preservar e outros que fantasiei e ousei defender. Não sou, portanto, um amorfo, acho eu : apenas um tipo que é demasiado preguiçoso e pouco seduzido por valores materiais do tipo casa+piscina+mercedes+andares e carros para os filhos...
Não admira, pois, que nunca me tenha tornado rico, nem mesmo um destes ultimos novos ricos à custa do orçamento de Estado. Afinal, a posse plena da nossa coluna dorsal tem os seus inconvenientes, claro !
Mas a verdade é que em momento algum me arrependi desta forma de encarar a vida, não como algo que urge vencer e ganhar, contra não sei quem ou o quê, mas como uma coisa que decorre naturalmente. Algo que é preciso saber deixar fluir sem perturbações ou sobressaltos de maior. Com placidez, tranquilidade e sabedoria.
Penso muitas vezes nesta questão, nos ultimos tempos. Vejo quão diferentes somos uns dos outros, na forma como interpretamos este acto de viver. Lembro-me muitas vezes de Agostinho da Silva e os seus gatos.
Sinto-me bem assim, tranquilo, em paz comigo mesmo.
Bem, não é totalmente assim, infelizmente : este Governo e estas políticas põem-me a adrenalina em cima, despertam-me velhos instintos guerreiros, deixam-me em pé de guerra. Lá se vai a minha tranquilidade ...