domingo, fevereiro 28, 2010

OS EQUÍVOCOS DO SENHOR MINISTRO

Primeiro equivoco : em Portugal, não houve dizer mal de Portugal, ouve dizer mal de Sócrates, o que não é manifestamente a mesma coisa. Ou para o sr Ministro Luis Amado José Socrates já é igual a Portugal ?

Segundo equívoco : a afirmação do sr Ministro enferma de um erro lógico primário, que é admitir que no estrangeiro, por onde anda, se sabe tanto sobre Portugal como em Portugal. De onde, os portugueses seriam más línguas ou uma cambada de invejosos. Mas este raciocínio está errado : claro que é em Portugal onde melhor se conhecem os podres nacionais, where else ? Que esperaria o senhor ministro ?

Terceiro equívoco : regressar à ideia de que o que é estrangeiro é que é bom, deixa-me uma forte sensação de cheiro a passado. Mas agora a opinião do sr Sarkozy, do sr Berlusconi ou da sra Angela Merkel é que vai legitimar este Governo ou o sr Sócrates ?

Enfim, uma tristeza o que uma certa política faz as pessoas dizer.
.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

ESTOU FARTO DE DITADORES

Os incidentes domésticos dos nossos aprendizes a autoritários encartados, não nos podem fazer esquecer os ainda graves problemas existentes no Mundo quanto à liberdade de expressão do pensamento e demais liberdades cívicas e políticas.
Por nascimento, educação e vivência sou um revoltado permanente, preferindo a vida de eremita a um jugo permanente a qualquer ser humano ou ideologia com pretensões à verdade absoluta e única. Esteja essa verdade envolvida e disfarçada no manto sedutor de amor aos desprotegidos e humilhados, como em Cuba ou na China, ou, pelo contrário, despudoradamente reaccionária e humilhante como a de Berlusconi, em Itália.
Confesso que conheço muito pouco do oposicionista cubano Orlando Zapata Tamayo, preso político em Cuba, recentemente falecido na sequência de uma greve de fome. Mas também não preciso de muito para lhe prestar a minha singela homenagem : inclino-me sempre perante um homem que ousa desafiar aqueles que o querem proibir de pensar com a sua própria cabeça. Comove-me que ainda existam pessoas assim. Pelo contrário, Fidel de Castro e Raul de Castro : que merda de grandeza de alma, que porcaria de estranha noção de amor aos outros é que vocês demonstram, ousando suprimir assim a vontade e o querer de seres humanos como vocês ? Que estranha ironia da vida, começar como heróis de um povo e acabar como coveiros desse mesmo povo. Ganhem lucidez e vergonha, velhos lideres amortalhados em ideais que acabaram por trair completamente ao longo dos anos.
Orlando Zapata Tamayo, descansa em paz, és um símbolo e uma esperança para todos os que amam a liberdade de pensamento.

sábado, fevereiro 20, 2010

A TRAGÉDIA DA MADEIRA E O TRADICIONAL LOGO SE VÊ DOS HOMENS

Não é preciso conhecer bem o Funchal para se perceber que grande parte das suas ruas e casas ficam mesmo por cima dos leitos de enxurrada, quando a precipitação é muita a cair pela encosta íngreme. Como hoje, formam-se verdadeiros rios com velocidades de descida enorme, naquelas estradas todas que sulcam a encosta.
Estas tragédias seriam evitáveis ? Sim, poderiam ( poderão ) ser muito minimizadas, aumentando convenientemente as secções dos leitos de fuga das ribeiras e, se necessário ( e iria mesmo ser ), abrindo novas linhas de escoamento, por debaixo de ruas, se outros espaços não existirem.
Acontece que obras dessas são caras, muito caras, e não dão votos nem dinheiro a ganhar ao turismo local.
Meus senhores, olhem a sério para os problemas, sim ?
Entretanto, muitas pessoas a chorar a perda de familiares ou amigos e muitas mais a braços com graves prejuízos financeiros.
O mínimo que agora se pode fazer é ser solidário com essa gente.
A POLÍTICA EM PORTUGAL OU A MORTE DA DECÊNCIA

Em Portugal, as palavras não valem o mesmo que noutros países. Aqui, aparentemente, não valem nada. Nem as palavras, nem gravações, nem actos, nada. Aqui a solução das coisas faz-se pela impunidade. Não dão explicações, limitam-se a anunciar que tudo não passa de uma enorme campanha para denegrir o PS. E zás, tendo isto dito, Sócrates transforma-se por artes mágicas num socialista de passado irrepreensível, pessoa digna como poucos, acima de qualquer suspeita.
Afirmam, nervosos e irados, que Sócrates está a ser vítima de juízos indevidos sobre o seu carácter. Ainda não percebi muito bem o significado desta frase cabalística sobre o carácter. Tanto quanto consigo entender, em política não se devem fazer juízos sobre o carácter dos homens públicos. Deve discutir-se política, não o carácter. Interessante teoria, como muitas outras que estes infelizes e desacreditados personagens fabricam. Então, em política, desde que o homem ( ou mulher, não é, Fátinha ? ) seja eleito já não se lhe podem apontar problemas de carácter ?
Bem, para mim e tenho a certeza de que para muitos outros portugueses, um homem pouco sério e meio trafulha, mesmo eleito, continua a ser um homem pouco sério e meio trafulha.
Quanto a tentativas de decapitar e desacreditar o PS, não sei de nada. Ou melhor, sei que se já houve alguém decapitado, neste País, não foi Sócrates, foram outros, como bem se recordam.
De forma que ver na TV figuras como Almeida Santos, com aquela habilidade verbal que tanto o caracteriza, ou Manuel Alegre, com aquele seu jeito elíptico de nunca dizer nada que faça mossa ao seu partido, é-me extremamente penoso. Mesmo penoso.
Afinal, a democracia é isto ???

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

O PESSOAL DA TAP É MUITO INFELIZ E MAL PAGO !

Foi hoje anunciado : a administração da TAP vai conceder um aumento de 1,8 % a todos os trabalhadores da empresa.
Lindo : afinal, apertar o cinto não é para todos. Para a TAP não é, pese embora o facto singelo de estar a dar prejuízo de milhões de euros anuais e de ter uma dívida acumulada a que já perdi o conto.
Eu sei que estas observações conquistam facilmente aplausos em pessoas sempre prontas à inveja e à maledicência e que, por isso, se convencionou chamar a estas críticas demagógicas.
Demagógicas ou não, estou-me nas tintas para que digam isso, é ou não verdade que esta decisão é uma chapada na cara de muita outra gente deste país, sem aumentos e com salários bem mais baixos que os praticados na TAP ?
Será por se tratar de aviação que estes problemas são tratados com os pés pouco assentes na terra ?

terça-feira, fevereiro 16, 2010

VITOR CONSTÂNCIO

A bem da Europa, oxalá faça um trabalho melhor no BCE do que fez no Banco de Portugal. Parabéns, Banco de Portugal. Felicidades, BCE, se fosse a vocês pensava bem na vossa política de recrutamento !

PS - Já não sei muito bem o que faz o presidente do BCE ... agora quanto ao vice-presidente, que diabo fará ? De qualquer forma, que alívio !

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

A PRAGA DOS INSTITUTOS

São coisas criminosas. São mentiras sob a capa de pretextos de eficácia e reorganização. Está bem, já vos digo de que estou a falar. Li hoje no jornal que o Governo vai criar um Instituto ( ou algo do género ) para gerir o parque escolar nacional, sobretudo a nível do secundário. As escolas existentes e terrenos serão desanexados do património de estado e entregues ao património desse novo Instituto. Para facilitar a gestão do parque, diz-se. Para flexibilizar procedimentos. Para tornar as coisas mais rápidas e racionais...
Lembro-me desta tendência ter começado, aqui há uns anos, e eu com cara de parvo sem perceber. A mim parecia-me que nada daquilo fazia sentido, achava que o Estado tinha a faca e o queijo na mão para agilizar os procedimentos, se quisesse, e que criar um novo Instituto para fazer a gestão dessas coisas quando o Governo já tinha serviços exactamente para esse efeito era de cretinos ...
Pobre de mim, isto acontecia quando eu ainda era ingénuo e bem intencionado, tadito.
Agora já não sou nada disso e acuso : quem faz estas coisas, no Governo, ou é desonesto ou ignorante. Criar novos orgãos para fazer o mesmo que o Estado já faz, através de direcções gerais, repartições e outros organismos é DUPLICAR serviços, é CRIAR NOVOS POSTOS DE TRABALHO SEM REDUZIR OS ANTERIORES, é inventar soluções que já estão inventadas.
Sabem então qual é a razão para estas “invenções” ?
É fácil : são mais x postos de trabalho, bem remunerados e acompanhados de regalias, para os boys que não cessam de aparecer. Na estrutura formal do funcionalismo, não é fácil “meter” esses boys, há regras, há precedências, há concursos. Nos novos institutos não é preciso nada disso, a coisa é por convite. Ainda por cima, esses institutos são dotados de autonomia administrativa e financeira, leia-se : podem fazer o que quiserem quanto a salários, prémios, carros, cartões de crédito, etc ...
Leitores : esta é a verdadeira e unica razão para a galopada incessante dos encargos com a coisa publica, em sentido lato, nos ultimos anos, no nosso país. Se se derem a esse trabalho e forem investigar quantos institutos existem no nosso país, nesta data, vão ver que são largas dezenas ( se não duas ou três centenas ), todos ou quase todos em áreas em que a estrutura tradicional da função pública ( ministérios, direcções gerais, inspecções, etc ... ) ainda conserva as anteriores estruturas.
Percebem agora porquê ?
Percebem agora também porque gastamos tanto dinheiro a gerir as coisas públicas e o resultado é tão mau ?
Vamos parar sempre ao mesmo : falta de carácter, falta de vergonha, compadrio, cobertura, ganância, chico-espertice, ignorância, falta de inteligência e de honestidade.
O resto são cantigas para entreter as avózinhas ingénuas.
Ah, não pensem que o vosso partido está inocente desta acusação. Nesta história são todos vilões, já vi todos os partidos fazerem isto. Alguns, senão a nível central, então a nível autárquico.
E depois, nós, os tansos, os mansos, que paguemos a conta, claro.
A VERDADE É QUE ESTÁ QUASE TUDO MAL FEITO !

Há erros que ficam caros. Portugal não pode continuar a errar. Pura e simplesmente já não há tempo para isso. Não há tempo ... mas também não há esperança, acho eu. Muitas coisas tinham que mudar. Demasiadas e, sobretudo, demasiados interesses a beliscar. O que teria que mudar ? Os partidos. A escolha dos militantes. A forma de fazer as eleições. Os principios éticos na política. A qualidade média cultural dos portugueses. De todos os portugueses : políticos, empresários, trabalhadores, eleitores em geral. A noção das responsabilidades teria de mudar também : os pais deveriam ser mesmo pais, por exemplo, e deixarem de pretender que seja a escola a educar os filhos. Os políticos, desde deputados a ministros, deveriam perceber, de uma vez por todas, que foram escolhidos para governar o nosso condomínio comum ( o país ) e não para organizarem a sua vidinha, nem para se armarem em tipos importantes que não ligam á ralé nem lhe devem explicações. O Procurador Geral da República deveria deixar de se esconder atrás de chinesices pseudo jurídicas e descer á terra. E também de se sentir dependente do Governo. O Presidente da República deveria deixar de respeitos tontos pela estabilidade e ousar mais a procura das soluções. Um país da treta estável é melhor do que um país instável em fase de reorganização ??
Todos nós teríamos que ter mais respeito pela verdade, pelo pagamento dos impostos, pelo abandono das cunhas e dos empenhos, pelo esforço duro e puro. Os empresários teriam que aprender a ser empresários, a investir em inovação, a procurar a produtividade na organização e na melhoria de equipamentos e não nos salários baixos. Deviam também matricular-se, a maior parte deles, em cursos nocturnos de melhoria da sua literacia. Os trabalhadores deviam aprender a exigir com sensatez e com pés e cabeça, não só os salários de hoje mas também as melhorias das empresas para que os salários de amanhã fossem melhores.
Tanto, tanto, tanto, teria de mudar ...
Acreditam que mude, a breve prazo ? Então ?

sábado, fevereiro 06, 2010

MATAR O MENSAGEIRO RESOLVE O PROBLEMA ?

Nos últimos tempos, a forma como Portugal tem lidado com os casos quentes, sobretudo aqueles que envolvem José Sócrates, ou pessoas do seu circulo próximo, têm tido duas variantes completamente diferentes : de um lado, os portugueses comuns ficam chocados, incrédulos, descrentes, cínicos, querendo ver as coisas investigadas e explicadas ; pelo seu lado, a justiça levanta inquéritos não aos factos em si mas antes ás fugas de informação que os trouxeram a público.
Convenhamos : se não andam a gozar connosco, bem parece. Se assim não é, e eu estou errado, expliquem-se, gaita ! Quem é que pensam que são, em relação a nós, para se fingirem muito indignados e nada explicarem ?