terça-feira, julho 31, 2012

EUROPA, O RASTILHO ESTÁ ACESO, QUEM O VAI APAGAR ?

A política devia ser algo claro e feita aos olhos de toda a gente, como naqueles restaurantes em que a cozinha fica exposta aos clientes.
Devia, mas não é.
Pelo contrário, é um jogo de sombras, é uma espécie de ilusionismo de salão, cheia de truques. Quanto mais se olha menos se vê, menos se percebe.
Nestes dias de Verão - e, para alguns, de férias - esta ideia ganha muita força quando se olha para a Europa e se tenta perceber o que se está a passar. Muito difícil, muito preocupante.
Por detrás de qualquer um dos personagens existem realidades com que é preciso entrar em conta. Por detrás da Srª Merkel existem as opiniões dos alemães, na sua maioria, extremamente egoístas e pouco esclarecidas, mas decididamente contra o Euro e a Europa. Como sempre, de resto, estão contra tudo o que não comandam ou que lhes pode custar uns tostões, mesmo depois de terem enriquecido à custa da mesma Europa, em grande parte.
Não gosto de julgar levianamente, muito menos a maneira de ser dos povos, mas a verdade ... é que nunca gostei da forma alemã de estar no mundo.
Temos depois os gregos, que também nunca percebi bem. Um país e um povo simpático, em muitas coisas parecidos connosco, mas com vícios sociais tremendos entre eles uma grande tendência para dizerem uma coisa ... e fazerem outra.
Há ainda os parceiros bem conhecidos da Espanha - dirigida agora por um team desnorteado e sem garra - e da Itália, os habituais frios e egoístas do norte, Holanda, Finlândia e semelhantes. Nem valerá a pena mencionar a Grã-Bretanha, sempre com um pé cá e dois lá, sempre preparada para a fuga e marimbando-se na ideia de Europa.
Uma Comissão errática e manifestamente sem chama nem inspiração, um presidente da entidade mais crítica de toda a Europa - o Banco Central Europeu - com comportamentos estranhos seguidos de pomposas declarações de intenções, agora sob suspeitas por ter vindo directamente ( ou quase ) do mundo privado banqueiro e fazer parte de um clube esquisito, de banqueiros e políticos, cujas intenções não se conhecem bem, mas que eu iria jurar serem defender os interesses da grande Banca até ao último suspiro.
Dito isto, assim, sem grandes alardes nem riquezas, o que fica da Europa, leitor ? Ou melhor, o que podemos esperar das entidades com responsabilidade no presente e futuro da Europa ?
Haverá por aí alguém que, por acaso ou ingenuidade, ainda acredite neles ?
Haverá por aí alguém que ainda tenha uma fé inabalável no Euro e, consequentemente, na Europa ??
Eu gostaria de ter, mas não tenho. De momento, as minhas esperanças mais fundas vão no sentido de que se consiga evitar o descalabro financeiro total, com desvalorizações brutais no regresso às moedas de origem, e mais : que se consiga evitar o desmembramento da Europa, com todos os perigos e ressentimentos daí recorrentes.
Não me convinha mesmo nada, no Outono/Inverno da minha vida, cair no meio da Terceira Guerra Mundial, uma vez mais começada na Europa ... e com a ajuda da Alemanha.
Haja ainda alguma esperança e bastante bom senso em toda a gente.

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domingo, julho 29, 2012

TEXTO PARA VELHOS CÍNICOS OU COM DÚVIDAS ...

Nesta fase da minha vida, aos 69 anos, uma das minhas maiores dificuldades ou preocupações é conseguir situar-me neste tempo que vivemos.
Passo a vida a perguntar a mim mesmo : é a tua velhice a trabalhar, estás a ficar senil ou as coisas estão mesmo aparvalhadas e ninguém se entende ?
Não sei. Palavra que muitas das vezes não sei. É difícil distinguir fronteiras neste mundo confuso e confundido. Os valores éticos e morais de outros decénios evaporaram-se, novos valores são-nos impingidos todos os dias, as fronteiras entre a honestidade e o oportunismo quase não existem já ...
Cresci habituado à segurança de valores estabilizados e aceites por todos. Vivi coisas como a guerra, uma revolução, as mini-saias, os Beatles, Elvis Presley, os judeus, vítimas de Hitler e agora candidatos a algozes para com os palestinianos, a queda da União Soviética e do Muro de Berlim, e ainda antes disso a destruição quase total da minha fé pessoal no socialismo dos homens reais.
Vi como a sociedade elegia o consumo desenfreado como religião, como a tecnocracite propõe a compra de objectos estranhos que já ninguém sabe o que são ( telemóveis ? micro-computadores ? máquinas de jogos ? Máquinas fotográficas ? ), vi endeusarem pessoas a quem chamaram génios só porque se dedicaram a inventar essas brincadeiras caras e inúteis, vi e continuo a ver o centro do poder mundial deslocar-se da indústria para o mundo financeiro, paradigma de quem nada produz e mesmo assim cria riquezas incalculáveis sem nenhuma base real ...
Nestes últimos tempos, ainda por cima, quando as leis internas dessa economia mistificada e mistificadora anunciaram o desastre, vi como nos atiraram para os ombros a responsabilidade de resolver os problemas. A nós, que nada tínhamos contribuído para o descalabro.
Vivi independências de novas nações, vivi a perda da mesma independência por parte de outras nações ( como a nossa ), vivi grandezas, assisti a mentiras à escala mundial, com total impunidade, como foi o caso último da gripe das aves ...
Vivi o aparecimento do politicamente correcto, do medo à opinião diferente, assisti à força crescente e imparável da homosexualidade, como um direito de opção, para já, quem sabe como uma obrigação num futuro próximo :)
Ao longo de todos estes anos fui sendo testemunha do caminho inexorável do ser humano para a destruição, através da insustentabilidade do nosso meio ambiente. Gelos que derretem, correntes de água ao contrário, secas e cheias todas no mesmo saco, todas elas imprevisíveis, enquanto metade da comunidade científica e dos governos, a soldo das grandes multinacionais ou delas dependentes, continua a combater a ideia do sobreaquecimento.
Vi o aparecimento, no meu país, da chegada ao poder de jovens tão ambiciosos como ignorantes, cheios de auto-confiança ... e de comportamentos totalmente desastrosos para o País.
Pois é, amigos, para encurtar : vi, vivi ou assisti a tudo isto, impotente, muitas vezes com um enorme azedo na boca. Passei - passámos, nós, os mais velhos - por tudo isto, umas vezes feliz outras vezes inquieto e infeliz.
Mas a verdade, verdadinha, que o meu espírito cartesiano e a minha honestidade intelectual me mandam dizer, a verdade é que em relação à minha concordância ou discordância, com que cataloguei todas estas questões, não sei se é apenas a minha velhice a trabalhar, e o Mundo não vai assim tão mal como isso, ou se afinal andamos todos alegremente a dizer e a fazer parvoíces tremendas ... a destruir os nosso próprios alicerces e a produzir um animal qualquer apenas parecido com o homem.
Aceito opiniões. Ou mesmo dúvidas, como as minhas. Ou diferentes.

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sexta-feira, julho 27, 2012

EXPLOREM, CAMBADA, MAS AO MENOS CALEM-SE ...

Outra coisa que me anda a irritar sobremaneira é a quantidade enorme de organismos, instituições, economistas e outras entidades estrangeiras que anda por aí a pronunciar-se sobre Portugal, ensinando-nos o que deveríamos fazer, dando conselhos, fazendo previsões e outras manigâncias do género. Nos últimos tempos foram a OCDE, o FMI, o BCE, a Comissão Europeia e um economista qualquer prémio Nobel em mil novecentos e carqueja, para além de todo o bicho careta nacional, como o insustentável e indisfarçável Ferraz da Costa, e o falsamente independente economista João Duque. Toda esta gente ilustre repete a cartilha mais-que-liberal do corta-corta, reduz salários, tira subsídios, manda para a miséria. Parece que não sabem pensar, limitam-se a recitar o livro das receitas que os poderosos do mundo editaram há muito tempo, agora repescado do fundo das gavetas.
Curiosamente, embelezam as suas previsíveis declarações com afirmações contraditórias, ditas no fim do discurso, à laia de "vejam bem nós não somos assim tão indiferentes à vossa miséria ... ".
O FMI, por exemplo, depois de nos incentivar a cortar mais aqui e acolá, a eito, acrescenta, no fim, "cuidado com o cansaço da austeridade" ! Não sei bem como entender isto, será que insinuam que deveríamos chamar-lhe outra coisa, como por exemplo, expiação de pecados antigos ?
A verdade, verdade é que toda esta gente anda por aqui como abutres, cortem, cortem, reduzam, reduzam, enquanto vão abrindo caminho para os amigos especularem à doida no "mercado" das dívidas públicas e na compra de empresas rentáveis e estratégicas ( electricidade, gás, aeroportos, etc ... ). Indiferentes à irracionalidade das suas recomendações, alheios aos seus efeitos nefastos e contraditórios, "lixando-se" para a miséria que vão espalhando. ( se o Passos Coelho usa esta expressão é porque é boa, não ? )
Malta, apetece mesmo dizer-lhes : CALEM-SE, PORRA, NÃO QUEREMOS OS VOSSOS CONSELHOS, JÁ VIMOS ONDE VAMOS PARAR SE OS SEGUIRMOS.
O QUE VOCÊS QUEREM SABEMOS NÓS, É SURRIPIAR TODA A RIQUEZA QUE AINDA RESTA, É FAZER DE NÓS UMA CHINA OU ÍNDIA NA EUROPA, EM TERMOS DE SALÁRIOS.
SE VOCÊS NÃO NOS VÃO DEIXAR DE CHATEAR, PELO MENOS APRENDAM A DIZER QUALQUER COISA COM SENTIDO E A NÃO SEREM TÃO TRANSPARENTES QUANTO ÀS VOSSA INTENÇÕES, CAMBADA DE HIPÓCRITAS DIREITINHAS.
CALEM-SE, PORRA, JÁ NÃO SUPORTAMOS TANTOS DISCURSOS.

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quinta-feira, julho 26, 2012

ESTOU FARTO

Estou farto de ouvir Paulo Portas, outros deputados do CDS e do PSD e variadíssimos comentadores afirmarem que a decisão do Tribunal Constitucional ( declarando a inconstitucionalidade dos cortes nos subsídios apenas a pensionistas e funcionários públicos ) criou um problema ao país e que vai ser agora muito difícil encontrar uma solução. Acrescentam esses iluminados políticos e comentadores que os funcionários públicos ganham mais que os privados e têm mais segurança no emprego, portanto o princípio da igualdade não se devia aplicar.
Mas que porra é esta ? Mas que gentalha ignorante, hipócrita e sem grandeza é esta ? Mas que raio tem a ver o que os funcionários públicos ganham ou não ganham ou a hipotética segurança no trabalho com esta questão ?
Entendamo-nos : a igualdade que a Constituição fala e que o Tribunal Constitucional reconhece é a igualdade perante a lei e perante o esforço que é pedido ao povo português. É a igualdade que proclama que, se é preciso um esforço colectivo, ele deve ser pedido proporcionalmente a todos os portugueses e não apenas só a alguns, em função da natureza do seu vínculo contratual. Em palavras simples, O DÉFICE É DO PAÍS, TODOS DEVEM PAGAR POR IGUAL, EM FUNÇÃO DO QUE GANHAM OU DO QUE LUCRAM.
Haverá coisa mais simples de entender ?
Não é esta a filosofia subjacente ao imposto sobre o rendimento, em Portugal ? Ou os gestores do sector empresarial do Estado não deviam pagar IRS porque se trata de funções temporárias que cessam no fim do mandato ? Ou a mesma coisa se devia aplicar ao sr. ministro Paulo Portas, também não devia pagar ?
ESTOU FARTO DESTES CÍNICOS HIPÓCRITAS.
Aparentemente, estes senhores acham que os funcionários públicos deviam pagar a totalidade da crise : salários e progressões na carreira congelados, descontos nos vencimentos, entre 3,5 e 10% ( ou já se esqueceram ? ) desde 2011, agora mais 14,3% dos cortes dos subsídios, amanhã se bem lhes aprouver outro cortezito de mais 10%, assim é que deve ser ???
Ainda por cima, enquanto andaram a "engordar" as despesas do Estado, criando institutos, observatórios e altos isto e aquilo, com bons salários para familiares, amigos e primos, não se preocuparam com os gastos  ... agora, queriam cortar em todos os funcionários públicos ?
O raio que parta toda esta gente sem princípios nem grandeza, mandem embora toda essa gente que nunca devia estar a soldo do Estado, limpem o Estado de toda a tralha com que o engordaram viciosamente e talvez os cortes não precisem ser tão grandes.
ESTOU FARTO, DE FACTO, DESTA GENTE. FORAM ELES E MAIS NINGUÉM QUE LEVARAM O PAÍS A ESTA SITUAÇÃO, FORAM ELES E MAIS NINGUÉM QUE FIZERAM DO PAÍS UMA COUTADA E SE APROPRIARAM DA POUCA RIQUEZA EXISTENTE, NÃO FOI O POVO, NÃO FORAM OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS !
Estou tão farto que a minha vontade, um destes dias, é de dar umas boas bofetadas a um destes teóricos dos sacrifícios para os outros !



sábado, julho 21, 2012

AQUELE SENHOR É MINISTRO DA EDUCAÇÃO ou É SOLICITADOR DE EXECUÇÃO DE DÍVIDAS ???

Hoje de manhã estive a ver ( em diferido, claro ) a audição do ministro da educação, no Parlamento, a pedido do Bloco de Esquerda. Confesso, não toda a audição, só algumas partes.
É aflitivo. É desanimador. É de fugir.
Aquele senhor que aceitou desempenhar as funções de ministro da educação mostrou bem, repito mostrou bem que não percebe nada sobre o funcionamento das escolas, que não lhe interessa para nada o sucesso ou insucesso da escola pública e que não hesita em mentir - repito : em mentir - ao responder às perguntas dos deputados. Neste dia da audição, evita responder com os números da hecatombe que provocou nas escolas, diz que é um processo evolutivo, blá-blá-blá, tudo isto sem convicção, sem chama, mostrando claramente que é apenas o agente dos cortes na educação, não mais do que isso.
É fantástico como estas pessoas aceitam cargos destes com esta leviandade, ou com esta falta de sensibilidade. Todo o desempenho do senhor é uma tristeza, tanto do ponto de vista da sua falta de preparação para o cargo - ainda que a finalidade fosse apenas cortar na educação - como do ponto de vista da sua cultura geral, incluindo nesta a sua capacidade de verbalizar ideias.
Uma pobreza.
Ao que nós chegámos...

sexta-feira, julho 20, 2012

PORTUGAL A TROUXE-MOUXE

Já o disse antes, mas repito-o hoje : viver em Portugal cansa-me muito. Não é propriamente a terra que me cansa, são as pessoas e as suas atitudes.
Por acasos do nascimento e educação, sou uma pessoa que aprecia o rigor, a competência, o estudo dos problemas, a capacidade de decisão e de execução daquilo que se decide.
Abomino a incompetência, o chico-espertismo, o laxismo, a falta de vergonha, a vigarice. Lamento não estar mais "à la page" com o que é norma no nosso país, mas é assim que eu sou. Eu e muitos outros portugueses, eu sei.
Esta explicação é importante para que se perceba o meu cansaço actual de viver no meu país.
De facto, viver em Portugal, hoje, e tentando permanecer informado, é uma actividade quase masoquista, tal é a quantidade de novidades diárias totalmente arrasadoras para o meu "ego".
Não há apenas corrupção esporádica ou intermitente no meu país, o que parece é não haver outra coisa para além da corrupção. Em todos os níveis, em todas as vertentes e significados. Compadrio. Vantagens ilegais ou, se não ilegais, pelo menos não éticas. Defesa exagerada e excessiva dos interesses próprios - ou do partido - em detrimento da verdade ou do bem comum. Interesseirismo. Trafulhice, tentativas de negar coisas erradas que se fazem ou fizeram. Fugas à responsabilidade criminal, civil e sobretudo ética e moral. Sei lá que mais ...
Os julgamentos acabam quase sempre inconclusivos, sem ninguém condenado ( a não ser os desgraçados dos delitos comuns, claro ) ou, se o foram, sem nunca irem para a cadeia. O Ministério Público leva casos a julgamento, ou não, consoante as suas convicções pessoais e políticas. Ou então pelo que lê nos jornais, conforma declarações de hoje ao Diário de Notícias do Procurador-Geral, a propósito da famosa não-licenciatura. Os senhores deputados, os senhores banqueiros, emitem opiniões que ninguém lhes pediu e normalmente  bem reveladoras dos seus interesses pessoais ou de grupo. Por vezes disfarçadas com o bem da Nação, como um distinto banqueiro que afirma que a recente decisão do Tribunal Constitucional é "extremamente perigosa para o País". ( Claro que seria ainda mais perigosa se se tratasse de um novo imposto para a Banca ... ).
Bem vistas as coisas, vivemos num país em putrefacção, que começa a exalar um cheirinho bem desagradável.
Meu Deus, então na política governamental, as coisas são mesmo surrealistas. Vivemos uma espécie de santalopismo sem Santana Lopes, com a agravante de vivermos em crise e do senhor Primeiro Ministro se levar a sério e estar convencido de que sabe governar.
Patético.
À excepção do homem-contabilista das Finanças, todos os outros personagens me fazem lembrar os miúdos da minha rua, nos meus oito ou dez anos, a  jogar aos cobóis e aos índios, convencidos que  éramos os maiores do Ribatejo. Sabem tanto da governação e das necessidades do país como nós sabíamos de cobóis e índios. Tentávamos fazer caras convincentes, dizíamos coisas que pensávamos ser apropriadas, mas, no fundo, era tudo uma imensa brincadeira.
Tínhamos uma vantagem sobre o nosso Governo : as nossas brincadeiras não faziam mal a ninguém, excepto a algum cão ou gato vadio que fugiam aterrorizados das nossas setas e tiros.
Reparem só nesta, se ainda não ligaram ao assunto : o sr. Ministro da Educação ( e Ciência ??? ) produziu recentemente uma data de medidas sobre as nossas Escolas ( ver meu post anterior ), com a preocupação óbvia de reduzir horários e deixar de pagar a uma data  de professores.
Os efeitos foram catrastóficos, Escolas houve onde ficaram sem horários quase 1/3 dos professores ! O bom do sr. Ministro, alarmado com o excesso das suas medidas, apressou-se a divulgar uma catrefada de tarefas complementares que os professores sem horários atribuidos poderão desempenhar nas Escolas, evitando assim a catástrofe. Só que todas essas medidas apanham as Escolas com muita gente em férias, não há medidas concretas, vai ser um granel do caraças !
Nesta mesma altura, e decerto com as mesmas motivações, atira o sr Ministro cá para fora uma verdeira revolução no ensino profissional, metendo ao barulho os institutos de formação profissional, as escolas e as empresas. Prometendo mundos e fundos ( dinheiro, almoços e festas na cabeça, acho eu ) aos putos menores de 24 anos e com o 9º ano feito que queiram ir para esta via profissional.
Tudo bem, até concordo com a ideia. Mas esta ideia levará tempo a colocar no terreno, acho eu. O Ministro não acha, não faz a menor ideia do que é preciso fazer para pôr a funcionar uma coisa destas bem preparada. O Ministro acha que basta um comunicado de imprensa e que o resto é imediatamente feito pelas escolas e centros de formação. Quanto às empresas  ( modelo alemão, até nisto ) temos tempo para lhes perguntar se querem alinhar no modelo ...
E é assim, pessoal.
Afinal, lixar os mesmos do costume e abandalhar completamente um pequeno país até é fácil.
Não precisamos cá para nada do "engº" Sócrates, temos cá "drs" que sabem fazer isso na perfeição.

segunda-feira, julho 16, 2012

ATAQUE TREMENDO E COBARDE AO ENSINO NÃO SUPERIOR

Nos últimos meses, sorrateiramente, o Ministério da Educação tem vindo a preparar, uma a uma, várias medidas que modificaram substancialmente a vida das Escolas e os recursos humanos que nelas trabalham. Tudo dissimuladamente, com a CÍNICA alegação da qualidade do ensino.
Vejam apenas as mais importantes :

a) alteração profunda dos currículos : acaba com isto, tira aquilo dali, corta acolá ... ;
b) alteração da forma como é organizada a carga horária dos professores, de uma forma insidiosa, começando a falar em minutos e adoptando a unidade dos 50 minutos para uma "aula"  : resultado, cada professor ficará com mais uma turma, em média, perda imediata de vários horários ;
c) forçar a que cada turma tenha 30 alunos ;
d) limitar fortemente ou mesmo acabar com o ensino nocturno em muitas escolas onde tal era habitual, enquanto o ME continue a subsidiar, com dinheiros públicos, colégios privados onde o mesmo continua, por norma de baixa qualidade ;
e) forçar à aglomeração de escolas diferentes em grandes unidades de 3000 e mais alunos, em muitos casos afastadas de vários quilómetros, apenas com uma equipa de gestão.

Olha-se para estas medidas e admira-se o cinismo e a sem-vergonha da justificação da qualidade do ensino. Estas medidas vão, obviamente, piorar o ensino nas escolas : mais alunos por turma, mais turmas por professor, mais escolas por gestor, menor variedade e riqueza curricular.
Destinam-se então a quê, estas medidas : a baixar custos salariais na educação. A despedir professores tornados desnecessários. A embaratecer o sistema. Provavelmente, a degradar de tal forma o ensino público que abra perspectivas de bons negócios ao sector privado.
Dir-se-á que a tal somos obrigados pela troika, pela falta de dinheiro.
Não.
Tudo isto é para além da troika, tudo isto é feito sem dar cavaco a ninguém, sem uma atitude de coragem e honestidade. Esta verdadeira revolução liberal de destruição do ensino público é conduzida de uma forma matreira e dissimulada, contando com a nossa distração e com a tradicional apatia dos professores mais velhos, sempre alheados destas coisas que os não afectam, pensam eles.

Num primeiro momento, a aplicação destas regras conduziu a duas consequências :

--> acabar completamente, a nível nacional, com 15 a 20.000 professores contratados que há dezenas de anos eram considerados necessários ao ensino ;

-->acabar com um número ainda incerto de lugares de professores dos quadros, com estimativas entre 5 a 10.000 lugares ;

Leitor : vamos mesmo conceder que talvez pudessem existir professores a mais. Pessoalmente não creio, mas enfim ... Agora convenhamos : de 20.000 a 30.000 professores a mais, NUNCA, não é possível, é uma verdadeira desgraça para o nosso ensino público, é matar dois coelhos com um só tiro : reduzir a despesa e destruir o ensino público nestes escalões !
Mas vamos mesmo conceder, por redução ao absurdo, que a realidade é mesma essa, a de que existiam 30.000 professores a mais ... Então esta forma de encarar o problema e de mandar para fora do sistema toda esta gente, sem discutir o problema nas sedes próprias, não é pura e simplesmente repugnante, ainda por cima invocando a qualidade do ensino em Portugal ?

 Esta forma insidiosa, sonsa, dissimulada de resolver a questão é INDIGNA. INADMISSÍVEL.
Gente sem grandeza, gente pequenina, gente sem vergonha, co'os diabos, não há outra forma de colocar a questão.




sexta-feira, julho 13, 2012

PÉROLAS

Afirmou hoje Paulo Portas, algures na Madeira, acho eu, a propósito da decisão do Tribunal Constitucional de considerar inconstitucionais os cortes dos subsídios : "Temos de saber e entender que, se o problema de Portugal é défice do Estado, não é justo pretender que o sector privado tem a mesma responsabilidade de ajudar".
Assim falam os Ministros deste nosso país. Assim erram, clamorosamente, os políticos deste nosso país.
A afirmação de Paulo Portas é um disparate da cabeça aos pés. É apenas um jogo de palavras, ainda por cima de palavras tontas. 
Então, sr. Paulo Portas, o défice como é público tem que ser resolvido apenas à custa do sector público ??? Terá o senhor alguma vez pensado porque raio se chama sector público e défice público ? Será que o senhor pensa que o défice público é provocado apenas pelas despesas das pessoas que trabalham no sector público ? 
Será que o senhor, caro Paulo Portas, ministro dos negócios estrangeiros deste país ( deve ser por isso ... ) não sabe que dentro do défice público estão as despesas com a Justiça, a Educação, a Saúde, a Segurança e a Defesa, a Segurança Social, etc, etc, que são encargos com a satisfação das necessidades de todos os portugueses, trabalhem eles no sector privado ou no público ? 
Será que ignora que o dinheiro gasto com o BPN e com a recapitalização de outros bancos, com impacto no défice público, foi assim gasto com a justificação da defesa do interesse nacional ?
Sr ministro Paulo Portas, o senhor estava distraído, certamente, quando atirou essa frase para a comunicação social, não estava ?
Ou não estava e é mesmo assim, ignorante ?
Bom, não se torne a equivocar : no Orçamento do Estado estão inscritas receitas provenientes dos impostos de TODOS os portugueses e, por outro lado, despesas com serviços para proveito dos mesmos TODOS os portugueses, pelo menos em teoria.
Então, fica assente ? O défice público é um assunto que deve ser resolvido por TODOS os portugueses ? Ficou convencido que disse um disparate, ou não ? 
Caso tenha dúvidas, senhor Ministro, sugiro-lhe que pergunte ao seu colega de governo, o senhor Ministro Relvas, ao que parece ele é entendido nessas questões teóricas.
Despeço-me com amizade, sr. Ministro Paulo Portas, o senhor é um jovem que até me despertava alguma simpatia, dos tempos do Independente ...

sexta-feira, julho 06, 2012

DE SÓCRATES A PASSOS COELHO, UMA HISTÓRIA DE ENCANTAR

Para os leitores que gostem de xadrez, ou de estratégia, ou apenas de jogos de intriga e poder, aqui vai uma boa história.
Durante seis anos, numa terra longínqua, o poder político foi exercido por um jovem ambicioso, ignorante e desmiolado, de uma forma inconsequente e irresponsável, acumulando dívida pública e manifestando grande desprezo por todos quantos se lhe opunham. Para qualquer pessoa experiente, era visível que esse tiranete estava apenas a abrir caminho para a chegada da direita ao poder, enquanto ia aproveitando para dar aos amigos grandes negociatas.
Com o empurrãozito da crise financeira entretanto surgida ( pela qual os bancos foram responsáveis, é bom não esquecer ), esse convencido e obstinado aprendiz de feiticeiro foi apeado e logo substituído por uma espécie de seu clone, desta vez da área da direita liberal. Este novo iluminado tinha uma teoria encarniçada dentro de si : em Portugal, era preciso acabar com o Estado social e transformar todos os sectores em áreas de negócio ... só assim viria a verdadeira felicidade para todos. ( ?? )
Nunca em Portugal, há mais de um século, tinha existido uma maioria social de apoio a esta teoria económica velha e desacreditada que, de resto, já tinha sido responsável pela crise financeira, uma vez que se opõe a qualquer forma de regulação da actividade financeira.
Assim, escondido no manto da crise, e usando o capital de descrédito acumulado por Sócrates, o jovem político começou a tentar concretizar a sua agenda. Não era tanto o combate à crise que o motivava, o que ele pretendia, no fundo, era destruir todas as resistências a uma nova era de negócios universais, em todas as áreas e domínios. Bom, aqui para nós, apenas uma interpretação mais radical da mesma velha história anterior.
Cortou aqui e ali, aumentou impostos, desmantelou e extinguiu onde achou melhor, sempre com o pretexto da diminuição do défice e do controlo da dívida pública. Que, de resto, e para ele incompreensivelmente, não cessavam de aumentar. Entre as suas muitas habilidades, impôs o corte abrupto a todos os funcionários públicos de uma parte dos seus vencimentos e também dos subsídios de férias e natal, em conjunto com os pensionistas. Nada de monta, apenas cerca de 20% de redução salarial, em média ! Para alguns mesmo cerca de 25% ! Nem se deteve a pensar que os pobres não tinham a culpa de nada, e que era injusto aplicar os cortes apenas a eles. Também não perdeu muito tempo a ouvir palavras de crítica e preocupação de várias personalidades desse longínquo país, quanto à inconstitucionalidade da medida pretendida. Ele é que sabia, que se lixasse a Constituição, logo se alteraria, quando calhasse. De alguma forma imitou Soares, daquela vez em que meteu o socialismo na gaveta : agora era Passos Coelho a meter a Constituição na ( mesma ? ) gaveta.
Entretanto, alheios a todas estas preocupações, dois sectores económicos do país exultavam e acumulavam riqueza : as construtoras, verdadeiros aspiradores de dinheiros públicos ( porque alguém nisso alinhou, relembre-se ) e os queridos bancos, onde foram parar, de uma forma directa ou indirecta, grande parte dos recursos financeiros dos habitantes desse país.
Quanto a estas duas entidades, a benevolência do jovem político mandante era total. Tudo para a Banca, meus senhores, eles são o garante da actividade económica ! Curiosamente, no dia a dia, a Banca comprazia-se em fazer o contrário, sabotando completamente a mesma actividade económica, levando juros de 7 e 8% às PME com dinheiro que ia buscar à Europa a 1% .... Mas isso parecia não fazer esmorecer o nosso bem amado líder, indiferente a essas minudências.
As construtoras e as grandes empresas do ramo energético continuavam a sua actividade de bombas sugadoras das algibeiras do zé pagante, ora subindo exageradamente o preço dos combustíveis e energia ou gás, ora recebendo tranquilamente rendas avultadas do Estado para manter em funcionamento as suas centrais, ora ainda averbando milhares e milhares de milhões de euros por terem construído autoestradas onde circulam cada vez menos automóveis.
A estes sectores, o nosso jovem líder nada fazia que os perturbasse. Fingia que sim, uma ou outra vez, mas afinal nada de concreto, era sempre mais fácil ir directamente aos bolsos dos populares, que não tinham advogados para os defender nem chorudos cargos para oferecer.
Obviamente, o país desmembrava-se. O desemprego crescia, imparável, enquanto o jovem e os seus mentores se mostravam surpreendidos, imagine-se.
Eis senão quando, no meio deste cataclismo, o Tribunal Constitucional tem um rebate de consciência e afirma, nove contra três, que o corte dos subsídios é inconstitucional ! Alegria de uns e espanto e raiva de outros. Como podia ser ? Ainda bem que afinal era inconstitucional ... mas só em 2013, porque este ano a malta ainda ia gramar o corte ! Do mal o menos, não é ?
Pelo meio, perdidos nesta selva de fingimentos e compadrios, ainda há tempo para assistir a episódios burlescos, como aquele dos tipos que acabaram com as Novas Oportunidades, por manifesta falta de rigor e que, afinal, tinham feito licenciaturas pelo mesmo sistema em Universidades do reino !
Só visto, o país está transformado numa espécie de opereta, com enredo de segunda e actores de terceira ... mas espectadores-pagantes de primeira, o que é o pior.
A farsa irá continuar, nos próximos meses.
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quinta-feira, julho 05, 2012


ACORDEM, ANDAM A SAQUEAR O PAÍS !

Nós, os portugueses, somos demasiado pacientes e pacíficos.
Com tudo o que se vai passando neste nosso desgraçado país, já devíamos ter dado uns quantos murros na mesa ( ou noutros pontos mais apropriados ) e gritado : BASTA !
Mas não, aguentamos tudo, desde o previsível ao inimaginável. Desde ministros com licenciaturas supersónicas até à mais sórdida concubinagem entre a banca, o poder político e as empresas beneficiárias das PPP. 
Desde a total ausência de pudor na escolha dos sacrificados até ao mais completo desprezo pelo seu sofrimento diário.
Tenho vergonha dos governantes que o meu país arranjou.  Tenho ódio a quem diariamente procura destruir tudo aquilo por que lutei durante anos : um serviço nacional de saúde, um sistema de ensino público de qualidade, um país equitativo e com oportunidades para todos, premiando a qualidade e o esforço e ultrapassando privilégios de classe social, de família, de partido.
Ilusões, apenas ilusões. Esta rapaziada atrevida e ignorante, ambiciosa e sem ética, desejosa de um enriquecimento rápido, destruiu tudo em poucos anos. É verdade que começou a sério com Sócrates e não apenas agora com o PSD/CDS, mas essa constatação de pouco me serve.
É uma desgraça completa, um país aprisionado por interesses privados, um fartar vilanagem, uma rapina total, hienas e abutres escondidos nas abas negras da crise.
Acordem, portugueses, abram os olhos e soltem a vossa indignação. Afinal, sob o pretexto da crise, andamos a ser violentamente roubados de pertences, haveres e de esperança.
Não deixem que nos roubem também a dignidade.
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