segunda-feira, julho 16, 2012

ATAQUE TREMENDO E COBARDE AO ENSINO NÃO SUPERIOR

Nos últimos meses, sorrateiramente, o Ministério da Educação tem vindo a preparar, uma a uma, várias medidas que modificaram substancialmente a vida das Escolas e os recursos humanos que nelas trabalham. Tudo dissimuladamente, com a CÍNICA alegação da qualidade do ensino.
Vejam apenas as mais importantes :

a) alteração profunda dos currículos : acaba com isto, tira aquilo dali, corta acolá ... ;
b) alteração da forma como é organizada a carga horária dos professores, de uma forma insidiosa, começando a falar em minutos e adoptando a unidade dos 50 minutos para uma "aula"  : resultado, cada professor ficará com mais uma turma, em média, perda imediata de vários horários ;
c) forçar a que cada turma tenha 30 alunos ;
d) limitar fortemente ou mesmo acabar com o ensino nocturno em muitas escolas onde tal era habitual, enquanto o ME continue a subsidiar, com dinheiros públicos, colégios privados onde o mesmo continua, por norma de baixa qualidade ;
e) forçar à aglomeração de escolas diferentes em grandes unidades de 3000 e mais alunos, em muitos casos afastadas de vários quilómetros, apenas com uma equipa de gestão.

Olha-se para estas medidas e admira-se o cinismo e a sem-vergonha da justificação da qualidade do ensino. Estas medidas vão, obviamente, piorar o ensino nas escolas : mais alunos por turma, mais turmas por professor, mais escolas por gestor, menor variedade e riqueza curricular.
Destinam-se então a quê, estas medidas : a baixar custos salariais na educação. A despedir professores tornados desnecessários. A embaratecer o sistema. Provavelmente, a degradar de tal forma o ensino público que abra perspectivas de bons negócios ao sector privado.
Dir-se-á que a tal somos obrigados pela troika, pela falta de dinheiro.
Não.
Tudo isto é para além da troika, tudo isto é feito sem dar cavaco a ninguém, sem uma atitude de coragem e honestidade. Esta verdadeira revolução liberal de destruição do ensino público é conduzida de uma forma matreira e dissimulada, contando com a nossa distração e com a tradicional apatia dos professores mais velhos, sempre alheados destas coisas que os não afectam, pensam eles.

Num primeiro momento, a aplicação destas regras conduziu a duas consequências :

--> acabar completamente, a nível nacional, com 15 a 20.000 professores contratados que há dezenas de anos eram considerados necessários ao ensino ;

-->acabar com um número ainda incerto de lugares de professores dos quadros, com estimativas entre 5 a 10.000 lugares ;

Leitor : vamos mesmo conceder que talvez pudessem existir professores a mais. Pessoalmente não creio, mas enfim ... Agora convenhamos : de 20.000 a 30.000 professores a mais, NUNCA, não é possível, é uma verdadeira desgraça para o nosso ensino público, é matar dois coelhos com um só tiro : reduzir a despesa e destruir o ensino público nestes escalões !
Mas vamos mesmo conceder, por redução ao absurdo, que a realidade é mesma essa, a de que existiam 30.000 professores a mais ... Então esta forma de encarar o problema e de mandar para fora do sistema toda esta gente, sem discutir o problema nas sedes próprias, não é pura e simplesmente repugnante, ainda por cima invocando a qualidade do ensino em Portugal ?

 Esta forma insidiosa, sonsa, dissimulada de resolver a questão é INDIGNA. INADMISSÍVEL.
Gente sem grandeza, gente pequenina, gente sem vergonha, co'os diabos, não há outra forma de colocar a questão.




Sem comentários:

Enviar um comentário