domingo, setembro 30, 2012

O "GÉNIO" E OS EMPRESÁRIOS 

Referindo-se à redução da TSU paga pelas empresas à Segurança Social e à redução dos salários de quem trabalha para compensar aquele bónus às empresas, este senhor da foto afirma : “Que a medida é extremamente inteligente, acho que é. Que os empresários que se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes, não passariam do primeiro ano do meu curso na faculdade, isso não tenham dúvidas”.
Descontemos a soberba do senhor e a sua íntima convicção de que é um iluminado. Não vale a pena discutir isso, é matéria de facto e à vista de todos. Ainda por cima é nítido, pelo seu aspecto físico, que o senhor está doente, não está bem.
Assim sendo, vamo-nos centrar em outros pontos.

Primeiro, quem assim fala desvenda a autoria da medida anunciada por Passos Coelho. Este senhor, o Economista Infalível ( como o outro, o das Finanças ) está apenas a defender-se a si próprio quando faz aquela afirmação tola.

Segundo, está igualmente a revelar a fonte da rudeza e insensibilidade extrema a que o governo nos tem habituado. A afirmação que fez é característica de alguém que se julga sobredotado e não se dá ao trabalho de pensar nas pessoas que são objecto das suas medidas. É para cortar, corte-se e acabou e as pessoas que se lixem.

Terceiro, esclarece-nos devidamente sobre as péssimas e inadequadas influências do nosso governo em matéria económica : uma fraude total, mesmo apenas do ponto de vista técnico. Este senhor demonstra, de facto, por mais aulas que dê, não sei onde, que não faz a mínima ideia que a Economia é uma ciência social, não é um jogo de conceitos e números. Lida com pessoas, não é um sistema de gestão de stocks de peças. No fundo, este senhor, como Economista, é apenas um simples pedreiro ( que estes me desculpem ).

Quarto, depois disto percebe-se bem a razão de ter sido nomeado pelo governo para gerir as privatizações. De facto, o senhor demonstra estar perfeitamente à vontade numa comissão liquidatária, não a fazer economia num país como o nosso.

Quinto : e falávamos nós, há um ano e tal, da soberba de José Sócrates ! Bolas, parceiros, mas onde é que vão desencantar estes iluminados ?

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sexta-feira, setembro 28, 2012

PASSOS COELHO AINDA NÃO ACERTOU UMA !

Falemos frontalmente e procurando a verdade : Passos Coelho não está, nunca esteve minimamente preparado para governar o país.
Ainda menos nas actuais circunstâncias.
Passos Coelho não faz a mínima ideia de como há-de distribuir pelos portugueses o esforço de contribuição para a crise. Não tem vontade ou coragem de exigir sacrifícios aos senhores do capital, bancos, empresas construtoras das PPP, bolsa.
Não tem coragem de pedir mais dinheiro aos empresários, via IRC.
Por sua vontade, nunca iria buscar dinheiro aos trabalhadores do sector privado.
Vejam como Passos Coelho afinal tem procurado distribuir o esforço :

1º - Num primeiro momento, virou-se exclusivamente para a função pública e reformados, numa atitude facilitista, injusta e ILEGAL, como um ano depois se viria a verificar.
O esforço pedido às pessoas deste sector cifrou-se numa redução de entre 2,5 a 3,2 meses de salário para o sector no activo e de 2 meses para reformados e pensionistas.
Acham que é uma medida equilibrada, sensata, equitativa ?

2º - Chamado à realidade pelo Tribunal Constitucional, o que faz o nosso inspirado e sensato político ? Sai-se com outra digna de um filme de terror : os trabalhadores do privado descontariam 7% mensais para ... os respectivos patrões.
Esta, nem sequer precisou do Tribunal Constitucional : a fúria das pessoas na rua, os pareceres do Conselho de Estado e o quase desmantelamento da coligação fizeram Passos Coelho arrepiar e voltar atrás.

Portanto, o senhor não acerta uma. Das suas duas grandes medidas uma foi um roubo descarado e impúdico, mais tarde declarado inconstitucional ( ou seja, ilegal ) e a outra foi unanime e veementemente recusada.
BRILHANTE.

... o que nos causa PROFUNDA APREENSÃO quanto às medidas que irão constar do orçamento para 2013.
Que mais nos irá apresentar Passos Coelho ?

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quarta-feira, setembro 26, 2012

CHAVE DE IMOBILIZAÇÃO

É assim que se chama, no judo, a uma técnica, aplicada por um dos lutadores ao outro, impedindo-o de se movimentar e sair daquela posição.
Diz-se que esse lutador ficou imobilizado.
Bom, a analogia é óbvia : Portugal está imobilizado pelos golpes da troika e do nosso governo. Não me interessa agora saber se os golpes foram intencionais ou não, a verdade é que estamos completamente imobilizados e, sem uma mudança radical das regras do jogo, impostas à força, ou sem a mudança da vontade do adversário, nunca mais vamos sair desta posição.
A austeridade excessiva e tonta, sem critério nem justiça, retirou-nos recursos financeiros e, sobretudo, retirou-nos força anímica, esperança.
Quanto mais austeridade, mais desanimados e tesos ficamos. Quanto mais tesos e desanimados mais deixamos de consumir produtos e de investir em novas coisas. Quanto menor o consumo, menos impostos são recebidos pelo Estado. Quanto menos impostos recebidos, mais o governo nos vai aos bolsos ...
É um círculo infernal. É a imobilização absoluta e completa.
Ah, mas não há alternativas, dizem esses aprendizes de feiticeiro.
Claro que há. É o que distingue os verdadeiros políticos dos rapazolas armados aos cucos.
O segredo está em suavizar o aperto, está em deixar aparecer a esperança.
É preciso deixar as pessoas respirar.
É preciso que as pessoas acreditem que vamos ser capazes de sair da imobilização.
Apertem-nos menos os braços e as pernas. Deixem-nos respirar. Se necessário, para isso, lutemos na Europa por uma melhor percepção do que está em jogo e por medidas mais suaves e duradouras. Lutemos por uma redução dos juros. A nível interno, não tenhamos medo e vamo-nos às parcerias e a essa gente. Sem medo, como quando em 1975 nacionalizamos a banca. Faça-se o que é preciso para que os portugueses percebam que estamos a tentar salvar o país a sério, e não apenas a tentar salvar as mordomias de uns poucos.
Não há volta a dar a isto. Têm que nos deixar respirar e ter esperança.
Sem isso, oiçam-me bem, sem isso vamos acabar todos ( aqui, em Espanha, na Grécia, na Itália, etc ) à pancada uns com os outros e todos com a Alemanha, outra vez.
Por favor, oiçam o que vos digo, estamos cada vez mais perto disso.
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terça-feira, setembro 25, 2012


A MENTIRA DA CRISE QUE VIVEMOS

Há uns anos atrás, poucos seriam capazes de prever o verdadeiro cataclismo que o poder financeiro viria provocar na Europa. Tudo parecia inofensivo, simpático. Os bancos viviam no paraíso, ganhando fortunas colossais com políticas agressivas de empréstimos para tudo e para todos. Casa, carro, estudos dos filhos, férias em locais exóticos, electrodomésticos, tudo o que desse dinheiro. Na bolsa, vendia-se tudo, tudo se comprava, sem qualquer relação com a solidez das empresas, apenas pelo jogo do compra a um, vende a dois. Conheci gente que não fazia mais nada que comprar e vender na bolsa, com grandes lucros, sem nada criar. Chegou-se ao ponto de vender hipóteses, na bolsa, nada real, apenas apostas quanto ao valor futuro de uma determinada coisa.
Coisas essenciais à vida de milhões de seres humanos, como os cereais ou o petróleo, são transaccionadas em bolsa todos os dias, por gente a quem essas mercadorias nada interessam, só pelas mais valias que delas podem retirar, depois de algumas manipulações dos mercados.
Este poder tremendo não cessa de crescer, apesar de alguns sobressaltos. Como um bulldozer, leva tudo atrás, política, partidos, democracia. Tudo é comprado, tudo é manipulado. Mesmo as próprias organizações "fechadas" como a Maçonaria foram invadidas, conquistadas, submetidas.
Que é que tudo isto tem a ver com a "nossa" crise ?
Bom, a verdade é que todo este esquema financeiro é insustentável, a prazo. Tudo isto exige compradores em número crescente, sem parar. Uma espécie de Dona Branca à escala planetária. Por isso, de vez em quando, é inevitável, ouve-se um grande estoiro : os bancos são apanhados com activos sem qualquer valor real, o cidadão comum verifica que tem dívidas enormes que não pode pagar, os Estados excedem os seus orçamentos de forma consistente, viciados na facilidade com que obtêm empréstimos internacionais com juros baixos.
O mundo financeiro, atento às oportunidades, atira-se aos empréstimos aos países mais fracos, exigindo juros loucos com que espera compensar as quebras recentes.
Tudo começa a desmoronar-se : na Europa, para fazer face a esta situação aflitiva, resolve-se fazer os povos pagar todos estes desacatos de bancos e governos. Quando deviam ser os agentes financeiros a ser punidos, obrigam os povos a tirar do seu bolso para dar a bancos e afins. Quando os governos deviam ser castigados ( só na Islândia tal sucedeu ! ) , são esses mesmos governos a ir tirar ao mesmo povo o que resta nos seus bolsos para alimentar os imparáveis défices orçamentais.
É a inversão cínica e hipócrita de toda a crise : castiga-se o povo por crimes que todo o sistema financeiro cometeu. Com a conivência dos governos. De direita e de pseudo-esquerda.
E é assim que se chega a esta virtude parva : a austeridade. Não para bancos, não para governos. Para o povo.
Há que cortar salários, benefícios sociais, reformas. Há que sacar dinheiro aos desgraçados para oferecer à Banca. Quando o povo, por pura exaustão financeira, deixa de comprar e, consequentemente, de pagar os impostos do consumo, os governos respondem ... com mais um saque aos bolsos dos contribuintes !
A Europa, neste desvario governativo e político, perdeu a noção das realidades, fala em austeridade quando o que se trata é de esbulho e roubo. Ainda por cima, roubo desculpado com falsas noções religiosas de culpa dos povos do sul, esses mandriões que só gastam e nada produzem.
É pois uma crise mentirosa : por norma, quem está a pagar a crise não tem a mínima responsabilidade nessa crise.
E é esta simples realidade que começa a chegar às ruas, num número crescente de pessoas. Milhares hoje, centenas de milhar, milhões amanhã, se os governos continuarem a "confundir" os responsáveis pela crise.
Estas coisas não costumam acabar bem, sabem ?

domingo, setembro 23, 2012

CIGARRAS E FORMIGAS

Exactamente.
Concordo.
Com uma diferença, apenas : pessoalmente, considero que este senhor ministro, bem como os seus colegas de governo e muitos do seu partido são exemplares preciosos do grupo das cigarras.
Não muito afinadas, ainda por cima. Há cigarras a cantar mais alto do que outras e a causar grande confusão. Ainda pior : hoje cantam uma cantiga e amanhã cantam outra diferente.
Estes senhores ministros deste governo dizem cada coisa mais tonta ...

Pois. Acredito.

Eu não. Eu defendo o que for preciso para criar mais umas oportunidades de negócio para amigos e conhecidos, com o ensino privado.

Enquanto isso, mando mais uns quantos milhares de profs para o desemprego, lixo o juízo aos outros todos e invento uma redução de 200.000 alunos. 

É obra, hem ?




PS - NEM APETECE FALAR DO RESTO ... É TUDO GENTE COMPETENTE, SÉRIA, QUE RESPEITA A PALAVRA DADA, COM GRANDE EMPATIA PELOS PORTUGUESES E QUE ESTUDA PROFUNDAMENTE AS MEDIDAS A APLICAR. OS PORTUGUESES VÃO-LHES FICAR A DEVER ETERNO RECONHECIMENTO. OU ISSO OU UM PONTAPÉ NO TRASEIRO.

 

 



terça-feira, setembro 18, 2012

APELO

Usemos palavras simples e claras : nem Passos Coelho, nem Vítor Gaspar, e ainda menos Relvas, nenhum destes senhores tem capacidade e experiência para enfrentar os desafios políticos e económicos que existiam à data da sua tomada de posse e que entretanto se agravaram.
Não pretendo entrar num processo de avaliação das capacidades cognitivas, actuais ou potenciais, destes senhores. Apenas sustento o que é óbvio, através do resultado das suas acções : estes senhores não servem para guiar Portugal nesta fase complicada. É areia demais para eles.
Como se vê.
Falta-lhes experiência política, capacidade de gerar consensos, empatia para com o povo e as suas dificuldades, imaginação, audácia e, sobretudo, inteligência.
Sim, os senhores que me desculpem : numa altura onde se exige gente muito inteligente e sensível, os senhores são apenas gente mediana.
Não chega, é manifestamente curto.
Ainda por cima, vão ver, confundem teimosia com inteligência.
Não, não servem para Portugal 2012.
O melhor que fariam a Portugal, se fossem mesmo patriotas, seria irem-se embora, dando o lugar a outros que pudessem fazer melhor. No mesmo partido ou noutro. Ou fora dos partidos.
Antes que causem ainda mais danos a este país.
Sinceramente.
Honestamente.
Sem partidites agudas, sem sequer qualquer animosidade contra estes senhores.
Ponham a mão na consciência e declarem-se incapazes.
Por favor.
Por Portugal.
Pelos portugueses.

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segunda-feira, setembro 17, 2012

INOVAÇÃO NA ROTUNDOMANIA

Que todo o presidente de câmara que se preza mandava fazer sempre duas ou três rotundas, já se sabia.
São muito jeitosas as rotundas : põe-se uma relva e uns pedregulhos à volta, e, no meio, um mamarracho qualquer e já está dado o ar de cidade evoluida.
Vimos agora, em Lisboa, uma "nuance" dessa rotundomania : aproveitar uma rotunda grande ... e fazer duas !!
Brilhante : se a moda pega, já viram o potencial por explorar no país inteiro ?
Enfim, não sejamos mauzinhos : a ideia em Lisboa foi forçada pela horrorosa poluição do ar, ao que parece. Só que ainda não percebi como é que estas novas duas rotundas vão melhorar a qualidade do ar. No primeiro dia, pelo menos, acho que a qualidade do ar piorou a olhos vistos, com a tremenda acumulação de carros dentro da rotunda exterior. Bem, para ser verdadeiro, acho que enquanto do anterior passavam na rotunda uns largos milhares de carros por dia, com a consequente poluição, agora passaram muito menos, sim. Passaram menos mas permaneceram dentro da rotunda pelo triplo do tempo !! Contas feitas, não sei o que seja melhor. Dentro da rotunda interior, pelo contrário, apenas meia dúzia de carros ... Não admira, aquela rotunda interior é uma ratoeira, não dá para ir para lado nenhum ...
No fundo, a arma secreta de António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, deve ser essa : fazer uma coisa tão abstruza, tão complicada, que as pessoas evitem lá passar com medo de se perder e passar o resto das suas vidas a olhar para o Marquês !
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sexta-feira, setembro 14, 2012

VOU VER O PAULO DE CARVALHO, MAS ANTES DISSO TOMEM LÁ MAIS ESTES CORTEZITOS ...

Dei comigo a pensar, nestes dias, o que terá motivado uma reacção tão pronta e de tão grande dimensão às novas medidas de saque anunciadas pelo governo. Há muito que esperava uma reacção, mas confesso que a dimensão da mesma me espantou.
Vou alinhar algumas ideias :

-> Pela primeira vez, a austeridade não é só para funcionários públicos e reformados. Agora é para todos.

-> O governo tinha induzido a expectativa de que 2013 seria o ano do início da recuperação. A própria troika parecia disposta a flexibizar as metas, como veio a suceder. Passamos de 3% em 2013 para um défice máximo permitido de 4,5%. No meio deste "abrandamento" da miséria, CATRAPUM, cai um anúncio de medidas de austeridade ESMAGADORA. Ainda por cima, aparentemente, os recursos financeiros sacados aos portugueses são MUITO MAIS que o necessário ...

-> Depois do acordão do Tribunal Constitucional, muita gente tinha começado a pensar que as brutais medidas em vigor neste ano de 2012 iriam ser suavizadas, uma vez que iriam ser distribuidas equitativamente por todos, funcionários públicos e privados, trabalho e capital. CATRAPUMBA outra vez : as medidas são AINDA mais brutais que as anteriores.

-> A forma "brilhante" encontrada pelo governo para compensar a quebra na TSU para a segurança social, com o corte na contribuição das empresas, foi ... retirar esse dinheiro directamente do bolso de quem trabalha. Caraças, não só nos roubam 7% como ainda por cima os vão dar aos patrões ?? Seria preciso ser santo para não espumar de raiva com esta medida.

-> A forma "ligeira" e quase robótica como as medidas foram comunicadas aos portugueses escandalizou muita gente. Nas caras do Primeiro Ministro e do Ministro das Finanças não se via qualquer expressão de empatia. Foi como se se estivessem a dirigir aos pinguins da Antártida. Podem ter querido parecer "profissionais" mas aquilo que se leu foi indiferença, ou até mesmo crueldade.

-> A coincidência no tempo do agravar de vários impostos e cortes foi BRUTAL : já havia o IVA, agora os cortes, depois o IMI e, de repente, como que por magia, o IRS !!!!

-> As consequências marginais de algumas das medidas ( reduzir o salário mínimo nacional, por exemplo, já de si muito alto ! ) mostraram que elas tinham sido preparadas por alto, sem muito estudo sobre os seus impactos e consequências, como se se tratasse de aumentar a bica em 5 cêntimos. Aí, ficámos todos a saber que aqueles senhores do governo ou são incompetentes ... ou se estão nas tintas para nós.

Leitor, alinhavei estas considerações ao acaso. Se calhar, ainda assim, com mais cuidado do que o governo dedicou a esta "remessa" de austeridade.
Ao reler estas linhas volto a sentir a raiva surda, a estupefacção, a oposição declarada a este governo que assim trata as pessoas, com uma leviandade assustadora e uma incompetência de estarrecer.
Creio perceber, então, a reacção dos portugueses, portanto.
Que acha o leitor ?
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quarta-feira, setembro 12, 2012

A extensão do ataque de Passos Coelho e Vítor Gaspar - a raiva contra os que são pagos por verbas do Estado


terça-feira, setembro 11, 2012

CONFIRMA-SE : O GOVERNO BAIXA A TSU E A TROIKA DEIXA AUMENTAR O DÉFICE !!


Em post recente, a 9 deste mês, dizia eu ( desculpem-me a auto-citação ) :

"A terceira e ENORME mistificação é a de que estes cortes são determinados pela situação das finanças públicas e sobretudo pelo défice orçamental. Absurdo, falso, totalmente mentira. Já notaram que, em termos orçamentais, esta medida apenas "rende" ao Estado, em termos líquidos, um subsídio dos funcionários públicos e dois aos pensionistas e reformados ?? Em vez dos quase 2 mil milhões de euros de 2012, passa-se para apenas mil e pouco milhões de euros ?? O resto vai para as empresas e um pouco para segurança social. Então já não precisam do dinheiro para chegar aos 3% de défice em 2013 ?
Isto apenas quer dizer uma coisa : a troika já consentiu em "adiar" os 3% de 2013 para 2014 ou 2015 e a folga daí resultante foi directa ... para as empresas, diminuindo de caminho o nível geral de salários !!!"


Aí está a confirmação de que a história do corte na Taxa Social Única nas empresas foi uma IMPOSIÇÃO da troika para consentir no aumento do défice para 2012 e 2013.
Aí está como estas coisas se passam hoje : somos obrigados a fazer coisas parvas porque esses estupores da Europa e do FMI andam com experiências e querem testá-las em Portugal.
E porque Passos Coelho não foi capaz ou não quis opor-se a esta vigarice.
E não se importou de concordar hoje com aquilo de que discordava ontem.
O mesmo para Vitor Gaspar que hoje se viu da cor dos gatos para justificar a mudança de atitude ...

Hoje, Vitor Gaspar foi um pouco mais aberto e até parecia o "mau da fita" a anunciar o aumento de taxas e impostos para a malta com muito dinheiro.
Por exemplo, os bens imobiliários acima de 1 milhão de euros.
Vão ser taxados ... em sede do imposto de selo ! 
... o que apenas acontece quando há transacções desses imóveis. O que significa que todos os que possuem casas dessas estão a salvo, não pagam mais um tostão.
Mas até parece que sim, não é verdade ???
Meu Deus, esta forma de fazer política é repugnante.

Pelo meio, para mim, pessoalmente, mais uma machadada na pensão de reforma do rapaz. Para além dos dois subsídios roubados, agora vou pagar mais uns quantos por cento todos os meses, como o pessoal do activo. É assim, é isto que é a justiça e a equidade, versão Passos Coelho e os seus muchachos.

 
AS FALSIDADES CONTINUAM ...
 
Tenho lido e ouvido, por parte de ministros do actual governo e deputados do PSD e CDS, os seguintes argumentos:

-> Afinal, toda a culpa desta situação é do PS e ainda não ouviram o PS pedir desculpa aos portugueses ;
-> As medidas do governo são boas e necessárias, mas têm sido mal comunicadas e explicadas ;
-> Não há alternativas para esta política, portanto ...

Perante afirmações destas dá vontade de chamar nomes feios a estas pessoas e desatar à bofetada, tal é a falta de verdade e o cinismo que as rodeia.

É verdade que Sócrates cavou a cova para o caixão, sim. Mas já a andava a cavar ao tempo em que o PSD ia deixando passar os PEC I, II e III, ou isto é mentira ? Depois, já lá vai mais de um ano e um orçamento desastroso e feito com muita inconsciência, sem acreditarem naquilo que muita gente lhes dizia : se carregassem demais nos impostos e na austeridade em geral acabariam por recolher menos dinheiro nos impostos. Não, os senhores sabiam tudo, insistiram por exemplo em erros crassos como o IVA a 23% para a restauração e agora vê-se ...
O PS devia tanto pedir desculpa pelos erros de Sócrates como Passos Coelho devia pedir desculpa por estes erros tremendos.

Em segundo lugar, as medidas desastrosas do governo não têm nada sido mal comunicadas ... Trata-se é de medidas incomunicáveis ! Ninguém seria capaz de explicar bem aos portugueses medidas tão mal cozinhadas como estas !!!
Desenganem-se, senhores do governo : os portugueses não são estúpidos e percebem à primeira coisas como tirarem-lhes dinheiro para dar aos patrões, quando estes nem sequer o tinham pedido ! Então isto é defeito de comunicação ???
Também percebem que, instados pelo Tribunal Constitucional a serem equitativos nas medidas de austeridade continuam a mostrar um ódio inusitado aos funcionários públicos e reformados, mantendo uma discriminação a todos os títulos injustificada e mesmo soez. Revelando um fundo ideológico de ódio á coisa pública, com a capa de uma pretensa desigualdade entre sector público e privado. Mas que raio, ninguém consegue explicar a esta gente que, qualquer diferença que exista, para um lado ou outro, nada tem a ver com os sacrifícios a pedir que deverão apenas ter em conta as possibilidades económicas de cada um ??
Querem ver que, qualquer dia, por causa dessas tais diferenças, as taxas do IRS ainda vão ser mais gravosas para os funcionários públicos ??
E que me dizem ao facto de nem sequer terem percebido que existiam efeitos laterais perversos quanto à aplicação de uma tão elevada taxa para a Segurança Social ? Como, por exemplo, descontos a mais nos salários líquidos ? Como por exemplo poder vir a afectar a receita para o Estado do IRS, pelo desconto à matéria colectável de uma tão grande fatia para a SS ?
Que ideia transmitem estes senhores ? Que as medidas são ponderadas, analisadas em todas as suas implicações, ou que, pelo contrário, tudo isto é tratado à pressa, numa folhita de cálculo mal dominada e pouca clarividência ??
Nãooooooooooooo ... é falta de comunicação ! É, é ... o que é, é falta de consideração, fiquem a saber.

Por último : não há alternativas. Nãooooooooooo ? Oh meu Deus, o que mais falta são alternativas. Vejamos :

-> Taxar mais as mais valias da bolsa ;
-> Taxar mais as grandes fortunas ;
-> Taxar mais as empresas com lucros altos ;
-> Reduzir, DE FACTO, as rendas das PPP e da energia e não andar SÓ a FINGIR que reduzem. As reduções que eu tenho visto foram apenas por fechar obras em curso e passar para o Estado a responsabilidade pela manutenção de certos troços. Mais nada.
-> Fechar, de facto, institutos e empresas autárquicas. Só tenho visto anúncios, nada mais.
-> Reduzir os efectivos na função pública, com cuidado, com um plano de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo, utilizando dinheiros da Europa ou parte do empréstimo da troika ;
-> Exigir à Europa juros mais baixos, baixando a parte do orçamento para pagamento desses mesmos juros ;
-> Renegociar com o BCE futuras compras de dívida pública, embaratecendo os mesmos juros ;
-> Se possível, vir a negociar com os nossos credores um abaixamento dos juros que estamos a pagar.

Porra ( desculpem ), não há alternativas ???
Este governo é que só vê sempre a mesma solução : retirar dinheiro a quem trabalha. De preferência, apenas aos funcionários públicos, esses malandros.

Em jeito de síntese : se os portugueses vissem o governo empenhado em medidas tais como enunciei acima, podem ter a certeza que aceitaríamos todos muito melhor os sacríficios a fazer. Portanto, a palavra chave continua a ser TEMOS QUE SER TODOS A PAGAR A CRISE, NÃO APENAS SEMPRE OS MESMOS.

Ou Passos Coelho percebe isso ou vamos ver, a breve prazo, que os portugueses não são assim tão cordatos e caladinhos como alguns pensam ...
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domingo, setembro 09, 2012

RAIVAS E TEIMOSIAS 

Os argumentos usados pelo governo para justificar a suspensão dos subsídios de férias e natal dos funcionários públicos foram estes, constantes do Relatório do Orçamento de Estado para 2012 e que eu respiguei do Acordão nº 353/2012 do Tribunal Constitucional :

O Relatório do Orçamento de Estado para 2012 acrescenta ainda que "não é […] igual a situação de quem tem uma relação de emprego público e os outros trabalha­do­res" e invoca essencialmente duas razões: os trabalhadores do Estado e outras entida­des públicas beneficiam em média de retribuições superiores às do setor privado e têm uma maior garantia de subsistência do vínculo laboral. 

O Tribunal Constitucional, no referido Acordão, discute e rebate essas afirmações, da forma que segue quanto às diferenças salariais existentes :

Deve, no entanto, afirmar-se que a diferença de níveis de remuneração não pode ser avaliada apenas em termos médios, pois os tipos de trabalho e de funções que são exercidos no setor público não são de modo nenhum necessariamente iguais aos do setor privado. Assim, essa diferença de remunerações médias teria de se demonstrar em face de cada tipo de atividade comparável, sendo certo que há funções muito especí­ficas, incluindo funções de soberania, que só ao Estado e demais entidades públicas competem. Além disso, uma comparação tendo como critério a simples média do valor dos rendi­mentos auferidos nos dois setores, seria sempre insuficiente para justificar uma discrimi­nação nos cortes dos rendimentos concretamente auferidos por cada um dos afetados.

Quanto à alegada maior segurança no emprego dos funcionários públicos, eis o que escreveu o Tribunal Constitucional :

No que respeita à alegação da maior garantia de subsistência do vínculo laboral, apesar de ainda ser possível dizer-se que, na generalidade, se verifica uma maior segurança no emprego público, esse dado não é idóneo para justificar qualquer diferen­ciação na participação dos cidadãos, através de uma ablação de parte dos seus rendi­men­tos, nos encargos com a diminuição do défice público, como meio de garantir a sustenta­bilidade financeira do Estado, num período de emergência. Essa participação é exigível apenas àqueles que atualmente auferem rendimentos capazes de suportar tal contri­buto, sendo irrelevante para a medida dessa capacidade um valor como o da segurança no emprego.

Em síntese, quanto a esta questão, o entendimento do Tribunal Constitucional foi este :
 
Em qualquer destes planos, o que releva considerar é que a suspensão dos subsídios de férias e de Natal afecta individualmente os trabalhadores do sector público em função do respectivo nível remuneratório, sendo indiferente, do ponto de vista da onerosidade da medida, que as remunerações globalmente consideradas na Administração Pública sejam superiores às que são auferidas pelos trabalhadores do sector privado ou que estes se encontrem em situação mais desfavorável no que se refere à garantia de empregabilidade. 

 Deixem-se portanto de considerações espúrias, todos os falsos arautos de uma pretensa justificação para tratar os funcionários públicos de forma diversa ( e mais gravosa ) que os trabalhadores do privado. A sua raivazinha e sanha destruidora de tudo quanto é público irá, mais uma vez, obrigar o Tribunal Constitucional a uma "nega".
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sábado, setembro 08, 2012

FALANDO A SÉRIO E SEM MEDO ...

Sim, falando a sério, procurando ser o mais objectivo e imparcial que consigo.
Despindo-me de todos os preconceitos, olhando apenas para os factos e as acções, abrindo o meu coração e a minha cabeça, tentando colocar-me na pele de alguém que tem a responsabilidade de tentar endireitar a situação no país.
Tento fazer tudo isso, tento alhear-me de todas as camadas culturais e opções políticas...
Não adianta. Nada melhora, continuo a sentir esta mesma raiva surda, esta vontade de gritar e de me revoltar.

Toda esta situação é agressiva, fantasmagórica : de repente aparece no écran da TV um tipo todo fato e gravata e desata a proclamar umas quantas aleivosias, umas tantas agressões aos nossos direitos e haveres, SEM QUALQUER EXPLICAÇÃO, SEM QUALQUER ENQUADRAMENTO, SEM QUALQUER JUSTIFICAÇÃO QUANTO ÀS CONTAS DESTE ANO NEM DO PRÓXIMO.

Penso : então é assim, basta-lhe chegar à TV e dizer "vamos cortar aqui e ali, vamos tirar-vos isto e aquilo e nada de refilanços, isto é para vosso bem, cambada !".
Então basta isto ? É isto que é a democracia ? Bom, pessoal, eu ouvi Salazar falar várias vezes, bem como mais tarde Marcelo Caetano. Estávamos em ditadura não é ? Pois não me lembro de tanto descaramento, tanto desprezo, tanta desconsideração. Palavra.
Loução apelida-os de talibans e eu percebo-o. Percebo-o muito bem. É que os talibans é que fazem coisas graves e parvas sem dar cavaco a ninguém. Coisas extremistas e sem sentido. Sem explicações.

Hoje, horas depois de ouvir a famigerada comunicação, é isto que mais me perturba, acreditam ? A frieza, o desprezo, a falta de consideração para com os portugueses, os laivos de autocracia, a inconsciência, a leviandade, a falta de empatia, a manifesta incompetência ou mesmo ausência de análise dos efeitos devastadores destas medidas, o espírito de bulldozer ao serviço de interesses que não são os nossos, que não sei de quem são ...
Depois, a falta de dimensão intelectual, em acumulação com a falta de dimensão humana. A falta de credibilidade total. A noção de que se trata de alguém envolvido numa "missão" mas que não faz grande ideia do que anda a fazer. Como aceitar de bom grado tantas desconsiderações de um governo com esta natureza ?

Palavra de honra, uma das minhas reacções de ontem foi : este gajo não é português, não sabe o que é o povo, está-se nas tintas para esses pormenores ...

Meu Deus, como pudemos descer tão baixo ?

MISTIFICAÇÕES E MALABARISMOS

As decisões anti-crise deste governo para 2013 são um conjunto de medidas tontas e mistificadoras. Assim mesmo. Tontas e mistificadoras.
A primeira grande mistificação é a redução brutal da taxa social única a pagar pelas empresas. Vai descer de 23,75% para 18%, o que era reclamado há muito pela troika para reduzir o custo da mão-de-obra. A mistificação à volta desta medida é que esta redução é feita exclusivamente à custa dos trabalhadores que vão ter de compensar a segurança social da perda de receita por parte dos patrões, descontando mais 7% dos seus salários. No fundo, é retirar 7% da massa salarial dos trabalhadores directamente para os seus empregadores, para as empresas.
Acreditar que essa manobra vá reduzir o desemprego é acreditar em bruxas. É não conhecer o perfil de gestão dos nossos empresários. O desemprego não vai reduzir coisa nenhuma por esta via, mas, mesmo que o fosse, sê-lo-ia totalmente à custa da redução dos salários dos que têm trabalho.
Grande solução !
Continuando por esta via, qualquer dia atingimos o emprego total ! Estaremos todos é a ganhar metade do que ganhávamos há dois ou três anos !
Repito : grande solução, caramba ! Grande incremento da competitividade ! A isto chama-se governar, caramba !

A segunda grande e completa mistificação é a "volta" saloia que o governo acha que deu ao acordão do Tribunal Constitucional. Como "sacou" também um salário mensal aos trabalhadores do sector privado, este governo acha que é bestialmente equitativo ... continuar a "sacar" dois salários aos trabalhadores do sector público. Boa. Muito bem pensado. Como os malandros dos funcionários públicos ganham mais que os do sector privado, tiram-se 7% a uns e ... (14,28+5,00)=19,28% a outros ! Ora toma lá equidade !!

A terceira e ENORME mistificação é a de que estes cortes são determinados pela situação das finanças públicas e sobretudo pelo défice orçamental. Absurdo, falso, totalmente mentira. Já notaram que, em termos orçamentais, esta medida apenas "rende" ao Estado, em termos líquidos, um subsídio dos funcionários públicos e dois aos pensionistas e reformados ?? Em vez dos quase 2 mil milhões de euros de 2012, passa-se para apenas mil e pouco milhões de euros ?? O resto vai para as empresas e um pouco para segurança social. Então já não precisam do dinheiro para chegar aos 3% de défice em 2013 ?
Isto apenas quer dizer uma coisa : a troika já consentiu em "adiar" os 3% de 2013 para 2014 ou 2015 e a folga daí resultante foi directa ... para as empresas, diminuindo de caminho o nível geral de salários !!!

Leiam, matutem e vejam se não tenho razão. Estas medidas são uma farsa, uma mistificação total : estamos muito longe de estar a combater um problema de financiamento do Estado. O que o governo está a combater, e com muita clareza, é o nível de salários dos portugueses, reduzindo-os ao nível do que a Europa e o FMI acham que é bom para eles.
O que este governo está a fazer, com muita nitidez, é a reverter completamente alguns tímidos avanços que existiram nas últimas décadas quanto às condições do pessoal que trabalha.
No fundo, a troika está-se marimbando para os défices orçamentais, como se vê. O que eles pretendem é reduzir drasticamente o custo do trabalho em Portugal e, pelo caminho, comprarem a preço de saldo umas ANA, TAP, REN, etc ...
Francamente, honestamente, verticalmente, afirmo e sustento onde for preciso : este governo está a exorbitar as suas funções e, na prática, está a actuar CONTRA os interesses da maioria da população, e mesmo CONTRA as decisões do TRIBUNAL CONSTITUCIONAL.
Cabe aos portugueses responder a esta grande questão.