quarta-feira, setembro 26, 2012

CHAVE DE IMOBILIZAÇÃO

É assim que se chama, no judo, a uma técnica, aplicada por um dos lutadores ao outro, impedindo-o de se movimentar e sair daquela posição.
Diz-se que esse lutador ficou imobilizado.
Bom, a analogia é óbvia : Portugal está imobilizado pelos golpes da troika e do nosso governo. Não me interessa agora saber se os golpes foram intencionais ou não, a verdade é que estamos completamente imobilizados e, sem uma mudança radical das regras do jogo, impostas à força, ou sem a mudança da vontade do adversário, nunca mais vamos sair desta posição.
A austeridade excessiva e tonta, sem critério nem justiça, retirou-nos recursos financeiros e, sobretudo, retirou-nos força anímica, esperança.
Quanto mais austeridade, mais desanimados e tesos ficamos. Quanto mais tesos e desanimados mais deixamos de consumir produtos e de investir em novas coisas. Quanto menor o consumo, menos impostos são recebidos pelo Estado. Quanto menos impostos recebidos, mais o governo nos vai aos bolsos ...
É um círculo infernal. É a imobilização absoluta e completa.
Ah, mas não há alternativas, dizem esses aprendizes de feiticeiro.
Claro que há. É o que distingue os verdadeiros políticos dos rapazolas armados aos cucos.
O segredo está em suavizar o aperto, está em deixar aparecer a esperança.
É preciso deixar as pessoas respirar.
É preciso que as pessoas acreditem que vamos ser capazes de sair da imobilização.
Apertem-nos menos os braços e as pernas. Deixem-nos respirar. Se necessário, para isso, lutemos na Europa por uma melhor percepção do que está em jogo e por medidas mais suaves e duradouras. Lutemos por uma redução dos juros. A nível interno, não tenhamos medo e vamo-nos às parcerias e a essa gente. Sem medo, como quando em 1975 nacionalizamos a banca. Faça-se o que é preciso para que os portugueses percebam que estamos a tentar salvar o país a sério, e não apenas a tentar salvar as mordomias de uns poucos.
Não há volta a dar a isto. Têm que nos deixar respirar e ter esperança.
Sem isso, oiçam-me bem, sem isso vamos acabar todos ( aqui, em Espanha, na Grécia, na Itália, etc ) à pancada uns com os outros e todos com a Alemanha, outra vez.
Por favor, oiçam o que vos digo, estamos cada vez mais perto disso.
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