quinta-feira, dezembro 30, 2010

ABAIXO OS NATAIS E AS PASSAGENS DE ANO

Hoje, quinta-feira, tenho uma saudação especial a todos aqueles que detestam o Natal e as passagens de ano. A todos aqueles sem família para fazer a tal “festa de família”. A todos aqueles que não têm paciência ou dinheiro para fazer a passagem do ano a um qualquer hotel ( o réveillon, dizem eles ... ), por entre goladas de uma alegria mais ou menos etilizada. A todos aqueles que se sentem agredidos, esbulhados, aldrabados, confiscados e a quem, por isso mesmo, nunca sobraria grande disposição para a alegria. A todos os que temem pelo seu emprego, pelo seu futuro, pelo pão de amanhã. A todos os que olham para os seus filhos e se abstêem de trincar uma fatia de bolo-rei para que eles a comam. A todos os despojados da vida e da felicidade. A todos os que choram às escondidas, de dor, solidão ou pobreza. A todos os enteados desta sociedade nada solidária. A todos os que se escondem em vãos de escada, na rua, ou em outros vãos de escada das suas vidas sem amor e compreensão.
Numa palavra, a todos os homens e mulheres que nada têm para celebrar e a quem a vida se esqueceu de dar motivos para alegria.
A todos esses, sem esquecimento, quero dizer : estou convosco, irmãos e irmãs da minha humanidade. Só por ignorância, preguiça ou egoísmo não ando por aí a partilhar um abraço, uma canja ou um golo de tinto. Acho que ainda um dia irei fazer isso mesmo. Embora sem esperança , mesmo assim, de vencer definitivamente este frio permanente que sinto dentro de mim.
Saravá, minha gente !

segunda-feira, dezembro 27, 2010

SOLIDÃO E ... MAU CHEIRO !

Neste Natal de 2010, a solidão invadiu-me. Já antes vivi largos períodos sózinho, sem nunca me sentir em solidão. Nessas épocas, contudo, era muito mais novo e tinha a esperança do meu lado. Hoje, não tenho esperança. Nem na minha vida futura nem em Portugal nem no Mundo. Dizem-me os meus amigos que cada vez estou mais amargo e estranham sentir-me assim. Ao que eu respondo : como NÃO me sentir amargo ? Ao longo da minha vida sempre fui honesto e procurei seguir os grandes princípios éticos. Aparentemente, essa não é a receita para a felicidade. Por azar ou inabilidade, a felicidade nunca quis nada comigo. A lucidez e a não conformidade com os valores dominantes não são nada bons para a saúde mental e mesmo física. Um tipo acaba sozinho e a sentir-se um D. Quixote de segunda, já que nem sequer tenho uma Dulcineia que me dê alento.
Um grande amigo meu, que na juventude foi uma das minhas referências quanto ao inconformismo e à injustiça, escreveu-me hoje um mail a dizer-me que me acha muito amargo e a dar-me algumas receitas para conseguir ver o Mundo de uma forma mais optimista. Claro que muitos dos seus argumentos são sensatos, mas não me fez sentir melhor. Tal como eu não o fazia sentir melhor nos nossos vinte anos. Acho que estou a ser na velhice o que ele foi na juventude, um inconformado militante.
Claro que é uma atitude estúpida, a generosidade e o fôlego da juventude não acontecem na minha idade e portanto não podem justificar este inconformismo serôdio. Mas que hei-de fazer ? É assim que me sinto ...
Será que a culpa é apenas da solidão ? Não me parece, já experimentei uma ou duas relações humanas e a sensação não diminuiu nada. Sinto-me traído e vilipendiado por estas camadas de pseudo socialistas e sociais-democratas que mais não fizeram senão delapidar os poucos recursos do País a dar tachos e empreitadas a amigos e conhecidos e a fazerem os outros pagar para isso. Uma cambada de ignorantes jovens e atrevidos que nem sequer conheciam a dimensão da sua ignorância. Assisti a tudo isto, à invasão da máquina do Estado por jovens ávidos de poder e dinheiro, com uma licenciatura tirada a martelo ( outros nem isso ) e um enorme desejo de enriquecer fosse como fosse. Assisti a tudo isto, presenciei algumas situações, ouvi lamentos de amigos e conhecidos, mas os dados estavam lançados. Nada faria parar essa matilha ávida e sedenta que não hesitava perante nada e que usava todas as armas ao seu alcance, desde a conspiração e compadrio até à mais torpe corrupção e tráfico de influências.
Assistir a tudo isto fez-me vómitos, provocou-me azedo no estômago. Estão a perceber agora porque motivo me sinto tão amargo, tão sem esperança ?
Como querem que não me sinta amargo num ambiente tão fétido, tão pútrido como aquele em que vivemos ? Seriam capazes de viver bem mesmo ao lado de um pântano a libertar gases mal cheirosos o dia inteiro ?
Pois bem, é assim o Portugal de hoje para mim. Um pequeno pântano mal cheiroso. Quem puder e quiser que esqueça o cheiro e se sinta bem.
Eu não consigo.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

A CEGUEIRA DE CERTA ESQUERDA

Quem me costuma ler sabe muito bem que a minha forma de ver o mundo é alicerçada no respeito pelo trabalho do ser humano e na recusa de entregar todo o poder aos ricos e poderosos. Uma visão de esquerda, tal como sempre entendi a esquerda. Contudo, quando tal se impõe, também gosto de fazer a minha crítica aos comportamentos de sectores políticos de certa esquerda ( ou extrema esquerda, para alguns ) portuguesa.
Isto ainda a propósito daquilo a que chamei de confusões de César, quanto ao tira e repõe do corte nos vencimentos dos funcionários públicos nos Açores.
A medida de César é obviamente eleitoral e desajeitada. Fez aquilo que é quase impossível, que é colocar todo o País do mesmo lado da barreira.
Pois bem, ainda assim, tanto o PCP como o BE vieram dizer que acham muito bem o que César fez, o que eles acham mal são os cortes que o Governo decidiu.
Aqui têm mais uma limitação da vida partidária. Tremenda. A incapacidade de olhar a realidade nas suas complexas nuances. A obrigatoriedade de pensar segundo cartilhas, baias, espartilhos. A suprema ironia da mais absoluta falta de lógica, quando se proclama combater a injustiça.
O argumento destes partidos é este : já que não concordamos com a medida do corte, então que se lixe a falta de equidade, o que é preciso é que alguns não sofram os tais cortes. Como se César, em vez de eleitoralismo, tivesse vestido a capa do Zorro e começasse a corrigir à espadeirada as cretinices do Governo central.
Não, meus senhores, os partidos e as opiniões partidárias não são soberanas e muitas vezes nem sequer são importantes. Para além dos partidos, de qualquer partido, existem principios de vida social. A ideologia e ainda menos a prática política não podem esquecer-se nem afastar-se da ética. Nem da igualdade de direitos. Nem de muitas outras coisas.
É por estas e outras que nunca consegui sentir-me de nenhum partido, nem de nenhum clube de futebol. Prefiro, sempre preferi, a lucidez e a liberdade de pensamento à emoção, às bandeiras e ao sentimento de pertença.
Feitios.
E fiquem-se com esta, senhores pseudo representantes políticos dos trabalhadores e afins : essa gente que dizem representar NÃO GOSTOU daquela coisa nos Açores. Acreditem em mim. Ou não acreditem e, em vez de pensarem que sabem avaliar o que as pessoas sentem, perguntem-lhes se gostaram ou não de saber que os cortes são só para eles e que a malta dos Açores se vai baldar ...

domingo, dezembro 05, 2010

AS CONFUSÕES DE CÉSAR
Nos ultimos dias, em cada cavadela sai-me uma minhoca. As pérolas de lógica argumentativa dos nossos governantes aparecem-me todos os dias, mal abro um jornal ou o computador. Não consigo resistir ao charme apelativo destes pensamentos iluminados. Vale tudo, neste nosso Portugal a caminho da mendicidade intelectual. Nem há verdade, nem sagacidade nem vergonha. É o império dos pequeninos. É a derrota da democracia.
Nesta questão de cortar vencimento a TODA a gente da função publica e do sector empresarial do Estado, o senhor das nove ilhas resolveu cortar ... e tornar a dar de novo, ao contrário do resto do país. Depois, quem critica esta marosca saloia é que está a dividir o País. Não é ele, com esta manobra rasteira de eleitoralismo ilhéu, são os outros ! Repito : uma pérola argumentativa !!
Sabem, é por atitudes destas que sou visceralmente contra a regionalização e afirmo que quem a defende ou não entende nada da maneira de ser dos portugueses ou deseja criar condições para um saque ainda maior.
Gaita, malta, aturar três "manfios" do calibre de Sócrates, César e Alberto João já dá o trabalho que se vê, vejam lá o que seria com 8 ou 9 do mesmo género ...

sábado, dezembro 04, 2010

MIRAGENS, MENTIRAS E MAGALHÃES

Afirmações destas são admissíveis ? Miragens, mentiras e magalhães, poderia ser um filme do Almodôvar, mas é apenas o dia a dia que temos de suportar vindo destes tristes políticos, provavelmente também eles fruto deste ou de outros magalhães. Até quando, senhores e senhoras, vamos ter de aturar coisas destas ? Até quando teremos de nos sentir humilhados e mistificados ? Até quando vamos ser menorizados por gente sem valor nem génio, nitidamente desfasados daquilo que podem e sabem fazer ? Até quando vai a evolução e desenvolvimento do país ser entregue a pessoas que nem a elas próprias se souberam desenvolver ?
Desculpem-me, nunca fui elitista, mas também nunca pensei em ser músico nem director de cinema, por exemplo.
Chega, senhoras e senhores. Ou querem-me convencer que não sentem vergonha quando lêem coisas como esta aqui ao lado ? Querem-me convencer que aceitam e engolem esta e todas as outras sempre com a alegação "os outros são bem piores ...".
Gaita, não aceito isso. Não aceito ser trucidado em vida por estes só porque ainda há piores que eles. E, aqui para nós, será mesmo que alguém em Portugal é politicamente pior que isto ? Será possível ? É que o que eu vejo, diariamente, é o jogo e a defesa dos grupos económicos e dos bancos, dos ricos e poderosos, desde a recusa na taxação da distribuição antecipada dos dividendos ( o que daria ao Estado alguns um ou dois MILHARES DE MILHÕES, só na PT )até às excepções aos cortes de vencimentos, prontos a servir a quem se puder servir deles.
Amigos, toda a minha vida fui um homem de esquerda. Se ser socialista é agir e fazer política como José Sócrates e o actual PS fazem, então eu prefiro morrer íntegro, vertical, responsável, ainda que isso me arraste para a direita.
Recuso o facilitismo, o carreirismo, o amiguismo, a incompetência, o jogo de influências e de cunhas, o "jobismo" de tantos e tantos ilustres medíocres que vão paulatinamente destruindo o que resta do tal Estado social que o PS afirma ainda defender.
A verdade é que quando esse clone de José Sócrates chamado Passos Coelho vier a ser eleito ( o que foi tornado inevitável não por mim mas pelo próprio PS ) pouco ou nada ainda restará desse tal Estado social, ao ritmo a que as coisas estão a evoluir.
A mim, neste momento, já não me restam ilusões nem ideologias nem esperanças.
Queria apenas ser governado por gente em quem eu pudesse confiar e que não andasse por esse Mundo fora a dizer coisas tontas como essa aí ao lado.