segunda-feira, dezembro 27, 2010

SOLIDÃO E ... MAU CHEIRO !

Neste Natal de 2010, a solidão invadiu-me. Já antes vivi largos períodos sózinho, sem nunca me sentir em solidão. Nessas épocas, contudo, era muito mais novo e tinha a esperança do meu lado. Hoje, não tenho esperança. Nem na minha vida futura nem em Portugal nem no Mundo. Dizem-me os meus amigos que cada vez estou mais amargo e estranham sentir-me assim. Ao que eu respondo : como NÃO me sentir amargo ? Ao longo da minha vida sempre fui honesto e procurei seguir os grandes princípios éticos. Aparentemente, essa não é a receita para a felicidade. Por azar ou inabilidade, a felicidade nunca quis nada comigo. A lucidez e a não conformidade com os valores dominantes não são nada bons para a saúde mental e mesmo física. Um tipo acaba sozinho e a sentir-se um D. Quixote de segunda, já que nem sequer tenho uma Dulcineia que me dê alento.
Um grande amigo meu, que na juventude foi uma das minhas referências quanto ao inconformismo e à injustiça, escreveu-me hoje um mail a dizer-me que me acha muito amargo e a dar-me algumas receitas para conseguir ver o Mundo de uma forma mais optimista. Claro que muitos dos seus argumentos são sensatos, mas não me fez sentir melhor. Tal como eu não o fazia sentir melhor nos nossos vinte anos. Acho que estou a ser na velhice o que ele foi na juventude, um inconformado militante.
Claro que é uma atitude estúpida, a generosidade e o fôlego da juventude não acontecem na minha idade e portanto não podem justificar este inconformismo serôdio. Mas que hei-de fazer ? É assim que me sinto ...
Será que a culpa é apenas da solidão ? Não me parece, já experimentei uma ou duas relações humanas e a sensação não diminuiu nada. Sinto-me traído e vilipendiado por estas camadas de pseudo socialistas e sociais-democratas que mais não fizeram senão delapidar os poucos recursos do País a dar tachos e empreitadas a amigos e conhecidos e a fazerem os outros pagar para isso. Uma cambada de ignorantes jovens e atrevidos que nem sequer conheciam a dimensão da sua ignorância. Assisti a tudo isto, à invasão da máquina do Estado por jovens ávidos de poder e dinheiro, com uma licenciatura tirada a martelo ( outros nem isso ) e um enorme desejo de enriquecer fosse como fosse. Assisti a tudo isto, presenciei algumas situações, ouvi lamentos de amigos e conhecidos, mas os dados estavam lançados. Nada faria parar essa matilha ávida e sedenta que não hesitava perante nada e que usava todas as armas ao seu alcance, desde a conspiração e compadrio até à mais torpe corrupção e tráfico de influências.
Assistir a tudo isto fez-me vómitos, provocou-me azedo no estômago. Estão a perceber agora porque motivo me sinto tão amargo, tão sem esperança ?
Como querem que não me sinta amargo num ambiente tão fétido, tão pútrido como aquele em que vivemos ? Seriam capazes de viver bem mesmo ao lado de um pântano a libertar gases mal cheirosos o dia inteiro ?
Pois bem, é assim o Portugal de hoje para mim. Um pequeno pântano mal cheiroso. Quem puder e quiser que esqueça o cheiro e se sinta bem.
Eu não consigo.

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