VERDADE OU CLUBISMO

Há aspectos no comportamento humano que sempre me fascinaram. Ou melhor, que sempre me irritaram. A incapacidade humana de separar a análise de factos das emoções e dos sentimentos é um desses aspectos. Pessoas inteligentes, educadas e honestas deixam-se de tal forma afectar pela simpatia por um clube de futebol ou um partido político que ficam incapazes de olhar para a realidade.
Lembro-me, há uns anos atrás, de discutir acaloradamente com um amigo meu, benfiquista ferrenho, sobre a personalidade do então presidente do clube, o advogado Vale e Azevedo.
Já se conheciam, na época, certas aventuras e desventuras do senhor, quer na sua esfera profissional, quer na condução dos assuntos do clube. Mas qual quê, esse meu amigo, apesar de pessoa muito inteligente, recusava-se a ver a realidade e chegou a murmurar, de soslaio, que eu devia era simpatizar com o FC do Porto e o Pinto da Costa. Poucos anos depois, mudou finalmente de opinião, embora apenas parcialmente.
A barreira entre a defesa de algo em que acreditamos e a procura da verdade é muito fina e é extremamente fácil cairmos na esparrela.
Pessoalmente, nunca fui muito dado a grandes paixões, nem por um clube de futebol, nem por um partido, nem sequer por músicos ou actores de cinema. Tenho as minhas preferências, é certo, mas nunca chegam à paixão. Por esse facto escapo com relativa facilidade ao sectarismo e ao clubismo. Não sou mais feliz por isso, confesso, escapa-me uma dimensão que dá muitas alegrias a muita gente, mas é assim que sou, ou penso ser.
Vem tudo isto a propósito de quê ?
Uma vez mais, de Sócrates, claro. Tenho vários amigos do PS a quem tenho ultimamente perguntado em quem vão votar. Adivinham a resposta, não adivinham ? Isto espanta-me, indigna-me, irrita-me, põe-me a pensar : as pessoas são de facto livres, nos seus pensamentos ? Como é possível sancionar comportamentos totalmente irresponsáveis, criminosos mesmo, só porque se trata do partido X ? Então as características humanas, éticas, morais de um lider não contam ?
Enfim, aceito que o ser humano é assim. Não concordo, nunca hei-de deixar de criticar essas atitudes, mas não posso modificar a genética humana, não é ? Quando muito, posso apenas resmungar que foram atitudes destas, acríticas, apaixonadas, acéfalas, que permitiram a ascenção e manutenção no poder de Salazar, Hitler, Mussolini, Estaline e tantos outros. Por essas e outras, leitor, nunca deixe de PENSAR, por amor de Deus ( ou de Alla, ou de Buda, ou o que quiser ), nunca deixe de usar a sua própria cabeça. Por favor. Seja no futebol, na política ou nos matraquilhos.
Use a sua cabeça e ... sinta-se infeliz e solitário, mas pelo menos verdadeiro.
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A DÍVIDA PÚBLICA, ESSA DESCONHECIDA

Ninguém duvida que Portugal tem uma grande dívida pública. Muitos milhares de milhões de euros. Desde há anos, mas muito maior de há uns anos a esta parte.
Temos também a noção de que os sacrifícios que estamos a fazer ( e vamos ainda fazer ) se destinam a conseguirmos um equilíbrio que nos permita pagar a dívida e não voltarmos a pedir tanto dinheiro como no passado.
Fala-se disto - da dívida - todos os dias.
Contudo, aqui só entre nós, algum dos leitores tem presente qual é o montante total do que devemos, ao longo de quantos anos vamos ter que pagar essa quantia, qual é a parte dos juros, qual é a parte do capital ?
Alguém já fez contas, por exemplo, à forma de pagamento destes últimos 78.000 milhões de euros ? Quanto vamos pagar de juros ? Ao longo de quantos anos ? Podemos pagar isso ?
Numa altura em que as vozes que falam na reestruturação da dívida começam a aumentar, não esclarecer e quantificar essa dívida parece-me surrealista. Ou má fé.
Não acham que os portugueses merecem conhecer os números em questão ? Afinal, são eles que vão pagar ...
Ou não interessa muito que se saiba, a malta podia assustar-se de morte ?
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HÁ COISAS QUE NÃO MUDAM ?
O leitor leu a notícia, por certo. Uma jovem foi cumprir o preceito legal designado por Dia da Defesa Nacional - que é um dia passado numa Unidade Militar, em actividades relacionadas com a vida militar - e acabou por morrer, de uma forma estúpida, porque caiu de um cabo de aço, de uma altura de 4 ou 5 metros.
Trata-se de uma actividade relativamente simples e pouco perigosa, onde uma pessoa fica pendurada pelas mãos de um cabo de aço, através de uma roldana que desliza no cabo. Este cabo está "amarrado" nas duas pontas, com uma inclinação que permite o deslizar fácil e rápido da roldana. O único desafio é na chegada do cabo ao solo, sobretudo se o ângulo do cabo for demasiado acentuado : convêm que o utilizador faça uma espécie de "aterragem", dando às pernas previamente como se andasse de bicicleta ... sem bicicleta.
Pertenço a uma geração que foi pioneira no uso desse "instrumento", destinado a habituar o espírito do utente ao risco e à emoção. O "slide" ( do inglês, deslizar, ecorregar, em português ), na Academia Militar, em Gomes Freire, estava preso de um lado no topo do depósito de água e, do outro, na versão inicial, prendia a uma viatura estacionada do outro lado do campo de futebol. Em diversas ocasiões, o veículo não suportava o peso do cabo e dos utentes ( por vezes havia no cabo, a descer, mais do que um jovem ) e andava um ou dois metros para a frente, fazendo com que o cabo descesse de repente e os "utentes" viessem em "acelerado" para o chão ...
Isto foi no início dos slides em Portugal, para aí em 1963 ou 1964 ! Mais um ou dois acidentes aconteceram, nessa altura, felizmente nenhum mortal.
A razão porque falo nisto, hoje, é que me parece INADMISSÍVEL que 47 anos depois, o Exército ainda não consiga fazer melhor do que fazia na época. Amarrar o cabo a uma viatura ... ( a acreditar nas notícias ) meu Deus, quando é que vão aprender ?
É assim que vamos "vender" aos nossos jovens a ideia da defesa da Pátria ? A deixar morrer jovens por incúria ou inabilidade ?
Quem responde agora por esta irresponsabilidade ?
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REALIDADE OU FANTASIA ?

Não me despertam grande curiosidade, os debates entre os lideres partidários, na TV. Aquilo é mais propaganda que debate e raramente se ouve alguma ideia original ou com algum valor. Os intervenientes pautam-se por regras muito apertadas de comunicação, estilo parece mal ao eleitor que um político se zangue ou que mostre impaciência. Enfim, aquilo costuma ser uma enorme chachada sem interesse nem como esclarecimento político nem como espectáculo. De onde, não costumo ver. Ontem, por azar, apanhei o programa entre Passos Coelho e Sócrates ... e pasmei.
É verdade, pasmei.
Como é possível a alguém que passou a vida a dizer hoje uma coisa e a fazer outra amanhã comportar-se daquela maneira, como se fosse uma pessoa de palavra ?
Como é possível a Sócrates continuar a afirmar que Portugal não precisava de pedir ajuda externa e que tal só aconteceu porque lhe chumbaram o PEC não sei quantos ?
Que quantidade de "lata" é preciso alguém ter para assim se comportar ?
Pssst, malta, nunca ninguém se lembrou da hipótese patológica para José Sócrates ? Pois cá a mim parece-me que a verdade deve andar por aí : o senhor é totalmente incapaz de separar a fantasia da realidade, nega os factos até à exaustão, nunca se reconhece responsável por nada de mal que tenha feito. Para ele, não dizer a verdade mas apenas aquilo que ele acha que lhe convêm é uma segunda natureza. Mais : é incapaz de perceber que tem um problema com estas questões.
Digam-me, honestamente : se fosse qualquer outra pessoa, em outro cargo, não teria havido já uma data de psiquiatras e psicólogos a baptizar estas atitudes ?
Pois, mas como é na política, toda a gente se limita a constatar que José Sócrates tem uma grande determinação e resistência ao combate político ... quando a verdade é que o senhor precisaria, eventualmente, era de ajuda especializada !
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OS TIQUES ALEMÃES

A senhora Merkel, essa improvável dirigente da Alemanha recém reconvertida à civilização, dirigiu umas quantas afirmações palermas quanto à duração das férias e á idade da reforma nos países do Sul. Disse a pequenina senhora que não estava certo termos a mesma moeda mas não trabalharmos o mesmo e andarmos para aqui só a gozar o sol...
Sabem, é por esta e outras da mesma qualidade que a Europa se está a desmoronar, a cada dia que passa. No futebol, já toda a gente entendeu que só com jogadores excepcionais se ganham as grandes competições. Na política, porém, ainda se pensa que é com gente medíocre e ignorante que se ganham os grandes desafios.
A querida senhora mistificou a realidade, em relação a Portugal as condições alemãs são melhores que as nossas, em termos médios. Muito melhores, se incluirmos os salários ( se descontarmos os gestores do sector empresarial do Estado, eh eh eh ), coisa que a dita senhora prudentemente ignorou.
É ignorância, má vontade, preconceito. Um preconceito que há muitos anos predomina entre os alemães, e que, pelos vistos, ainda permanece latente naquelas almas. Não sei, talvez ensaiar de novo uma solução final contra os semi-judeus do sul, esses malandros que não querem trabalhar ?
Um político NUNCA deveria dizer palermices destas. Deveria saber mais do que isso. A produtividade ( e a competitividade associada ) não é uma questão rácica nem de latitude. Perguntem á senhora Merkel quem é a malta que trabalha na fábrica da VW com mais produtividade no Mundo ... talvez a senhora fique admirada.
Não, porra, basta de cretinice e de ignorância. A tradicional falta de produtividade das nossas empresas, aqui em Portugal, NÃO tem nada a ver com a preguiça ou as férias em demasia ou a idade da reforma. Não somos um povo de malandros e preguiçosos, muitos de nós fomos ajudar outros povos a criar riqueza nos seus países, para conseguir uma vida digna. Não, a questão é outra, que a maior parte das pessoas finge que ignora : em Portugal, vai para empresário quem deveria ir para a Escola aprender a ler. Os nossos empresários, numa percentagem aterradora, mal sabem ler e escrever, quanto mais investir em modernização e equipamento e formação para os trabalhadores ! Aqueles que o fizeram estão a ter sucesso, c'os diabos !
Portanto, sabem que conclusão tiro, desta peripécia ? Que a senhora Merkel está para a política como muitos empresários portugueses estão para a produtividade ...

UMA TARADICE SEXUAL MESMO CONVENIENTE PARA O CAMPO LIBERAL

É assim, malta : eu não estava lá no hotel, em NY, onde alegadamente o sr. presidente do FMI pernoitou, tomou um duche, de manhã e, logo após, atacou sexualmente uma empregada do hotel, coagindo-a a sexo oral.
Eu não estava lá, malta, e parece que o senhor se deixa fascinar demasiadamente pelo belo sexo.
Porém, também sei, malta, que o homem era o candidato às próximas presidenciais francesas pelo PS e que as sondagens lhe davam a vitória perante Sarkozy. Também sei que o seu estilo de governo do FMI não agradava mesmo nada à nata liberal americana e europeia.
Sei, também, que a eventualidade de uma situação como a actual foi prevista pelo próprio em entrevista de 20 e tal de Abril a um jornal francês. Hoje foi noticiado que um jovem universitário francês noticiou no Twitter o acontecimento antes mesmo de ele ter ocorrido, ou mesmo em cima do acontecimento, dizendo que tinha sido "há uma hora atrás".
Por outro lado, sei perfeitamente que hoje, em política, as coisas não acontecem por acaso. Aquilo que se faz, no domínio da contra-informação e sabotagem, não fica atrás da eficácia da operação americana para liquidar Bin Laden. O caso Casa Pia nunca me enganou, aqui em Portugal, apenas visou a decapitação do PS da época. ( Ainda se fosse agora, nada a objectar ... mas agora não interessa a ninguém a decapitação do PS, pois não ? )
Portanto, amigos, eu não estava lá, não vi nada ( era jeitosa, pelo menos, a tal empregada ? ), admito que sim, que possa ter sucedido algo menos digno, mas, digamos, tenho muitas dúvidas, objecções, interrogações ...
Se a responsabilidade do inquérito fosse minha, não deixaria de investigar as ligações da queixosa senhora, tão púdica e digna. Ah, não a deixaria em paz, isso lhes garanto, investigaria as contas bancárias dos seus próximos ( a sua não valeria a pena ), os contactos que manteve nos ultimos tempos e por aí fora.
Há coisas tão convenientes para os interesses de terceiros que nos fazem desconfiar, não é ??
Veremos.
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OS PARTIDOS POLÍTICOS SÃO ENTIDADES CIVIL E CRIMINALMENTE IRRESPONSÁVEIS ?

Um destes dias, o impagável dr. Catroga saiu-se com a ideia de que José Sócrates devia ser levado á barra dos tribunais, por crimes quanto à economia do país. Por mais estranha que a ideia possa parecer, tem um enorme fundo de verdade. Há actuações em política que deveriam poder ser criminalizadas, de tal forma são lesivas dos legítimos interesses nacionais. Mas não, nesta como em várias outras actuações controversas e obviamente pouco claras, Sócrates escapa-se por entre os dedos e continua a afirmar-se impoluto e vítima de calúnias dos seus adversários. Vão ver que, ainda por cima, muitos portugueses continuarão a votar nele, indiferentes a tudo. Tal como com Isaltino, em Oeiras, os portugueses não valorizam a idoneidade e honestidade pessoais, preferindo outros valores, ignoro quais, no caso de José Sócrates.
Bom, mas esta história de Sócrates já me cheira mal, já nem sequer consigo olhar e escutar o homem, na TV. Abandonemos pois Sócrates ao juízo permissivo, amoral e completamente idiota de muitos portugueses e passemos a outro assunto.
Esse outro assunto, lamento, não é muito diferente deste, na sua essência. Trata-se da responsabilidade do PS, enquanto partido político, na actual situação so país. Permitindo que Sócrates manipulasse tudo e todos e continuasse a ser o lider do partido, o PS colocou-se numa situação crítica, de indiscutível responsabilidade perante todos nós. Se todo o regime de antes do 25 de Abril partilhava com Marcelo Caetano e Salazar a responsabilidade do caos do regime, também hoje teremos que nos virar para o PS e exigir-lhes satisfações. Porquê Sócrates, depois de se saber quem era de facto o homem por detrás do palavreado ? Porquê todo o PS, neste ultimo congresso, unido e escondido atrás do mesmo Sócrates, quando já ninguém dentro do PS podia ignorar a qualidade e natureza do seu líder ? Por que motivo continuaram então a empurrar Sócrates para os portugueses ? Por saberem que Sócrates é competente e digno ? Ou por pensarem que ainda podiam ganhar, mesmo sabendo quem Sócrates é ?
Em qualquer caso, o PS colocou sempre os interesses do partido antes dos interesses nacionais, e essa atitude deveria poder ser criminalizada.
Haverá alguém que duvide que, se Sócrates ganhar, daqui a 3 anos estaremos piores do que agora, com todas as medidas da troika por cumprir e uma dívida pública muitíssimo maior que a actual ? Duvidam ?
Se assim for, para além de pedirmos responsabilidades criminais a Sócrates, não as deveríamos também pedir ao PS ?

AZAR ? OU SOMOS MESMO INCOMPETENTES ?

Haverá países sem sorte ? Que papel terá a sorte ou o azar no desenvolvimento de um país ?
Esta especulação apareceu na minha cabeça hoje de manhã, ao fazer a barba. Costuma ser um momento de inspiração e hoje também foi :)
A verdade é que Portugal é um país manifestamente sem sorte : no século XX teve que aturar durante décadas um homem autoritário e manifestamente rural, que nunca percebeu os rumos do futuro. Esse homem, Salazar, mais do que privar Portugal de liberdade, privou-nos da modernidade, impediu qualquer veleidade de desenvolvimento. Com Salazar não existiam défices orçamentais mas também não existia futuro. Por exemplo aqui ao lado, em Espanha, depois de uma guerra civil hedionda e bárbara, o ditadorzeco deles, Franco, ao menos não impediu a evolução do país para a industrialização e o desenvolvimento da agricultura e das pescas.
Bom, inventámos o 25 de Abril e dir-se-ia qua a sorte ia mudar. Qual quê, continuou o azar dos Távoras, só apareceram amadores e diletantes, gastadores e adoradores do asfalto, atentos e venerandos discípulos da comunidade europeia que tudo deixaram sacrificar aos interesses da mesma comunidade a troco de uns tostões. Finalmente, a cereja no cimo do bolo, aparece-nos este personagem incrível, digno de um pesadelo de uma noite de trovoada,Sócrates. Pessoa com uma relação impossível com a verdade e a integridade, sem escrúpulos nem ética, afirma hoje algo que nega amanhã, sem rumo nem ideologia que não a defesa da sua razão.
Se Salazar impediu o progresso, fê-lo pelo menos a baixo custo, sem grande dívida externa ; Sócrates fez o mesmo a um custo altíssimo, deixando o país na bancarrota. Ou seja, vamos de mal a pior.
Se isto não é azar, então é muito pior que isso. Então quer dizer que o nosso modelo político só traz à superfície gente desta, do mais esquisito que nasce neste cantinho à beira mar.
E com esta me fico, discordem à vontade.

GANDA IMBRÓGLIO

Vem o senhor Presidente da República e diz :"Não quero mais governos minoritários. É preciso que exista unidade e compromisso nos partidos políticos".
Muito bem, compreendido.
Vem o PSD e diz : "Formar governo com o partido socialista comigo NUNCA".
Óptimo, muito claro.
Vem o BE e diz : "Com Sócrates, nada feito. O PS virou à direita".
Bom, também percebo.
Hoje na TV vi Paulo Portas a dizer : "Com o PS de Sócrates, nunca. Há mais de um mês que lhe aconselhei que saísse.".
Está no seu direito, a mensagem foi muito clara.
Nunca tal se tinha visto, em política. Num meio onde as grandes virtudes são escassas e pouco frequentes, Sócrates tem o mérito de romper todas as fronteiras, todas as cedências, todas as ambiguidades. Sócrates é único, de facto, mesmo num ambiente tão permissivo : ninguém confia nele.
Extraordinário.

PS - o que é estranho é que, dentro do PS, ninguém diverge, todos confiam cegamente nele... Há qualquer coisa de surrealista nesta dualidade, não há ? Não sei porquê veio-me à memória Pinto da Costa, do FCP !

AINDA ACREDITO EM PORTUGAL, MAS ...

Nunca como hoje Portugal viveu uma situação tão desesperada. Não tanto pelas dificuldades financeiras, mas pela escassez de gente de qualidade e pela quase total ausência de valores éticos e morais.
Mais do que faltar dinheiro, falta vergonha. Mais do que faltar produtividade, falta verdade. Mais do que abertura à concorrência, falta abertura à decência.
Pior, quanto a estes défices, os mais graves de todos, não há qualquer referência no memorando com o FMI e a Europa, não há qualquer medida prevista.
E se assim é, como é que alguma vez vamos recuperar, não me dizem ?
Vamos recuperar como, se um dos candidatos à recuperação é precisamente o homem responsável em grande medida pelo descalabro ?
Faço-vos uma promessa solene, leitores. Uma só. Se Sócrates voltar a ter o maior número de votos, nestas próximas eleições, deixarei de me considerar português. Não aceito pertencer a um povo tão amorfo e estúpido que insista em votar pela terceira vez em alguém como Sócrates.
Se essa desgraça acontecer, deixarei de me considerar português e deixarei também de acreditar na democracia.