sexta-feira, setembro 30, 2011

A QUADRATURA DO CÍRCULO
Leitor, não adianta, nada disto vale a pena. Temos que procurar uma nova saída. Da forma como estamos a atacar a crise, nunca vai ser possível sair do buraco ! É a perfeita quadratura do círculo !
De que é que este maduro está a falar, pergunta. Estou a falar da crise, dos inúmeros cortes e aumentos de impostos que temos vindo a sofrer e da profunda sensação de inutilidade que nos invade sempre que vemos os resultados de todos esses esforços, como foi agora. No fim do ano o objectivo é um défice de 5,9 % mas agora, no fim do 1º semestre e já com os efeitos dos cortes na função pública e do aumento do IRS, da diminuições nas prestações sociais, o défice é de ... 8,3 % !!! Ainda estamos piores do que quando começámos !
Que pensa o leitor disto, hem ?
Bom, é verdade que ainda não estão contabilizados os efeitos do corte no subsídio de Natal, nem os aumentos no IVA da electricidade e gás. Também é verdade que só há pouco tempo começamos a contabilizar os buracos da Madeira e das empresas estatais, sectores que nunca contavam para estas contas. Sim, tudo isso é verdade, mas ...
Mas o grande, o enorme, o incontornável problema é outro !!!
O leitor alguma vez viu, preto no branco, uma abordagem à dívida e à forma de a vir a pagar, ao longo dos anos ? Alguma vez lhe mostraram um plano de recuperação e pagamento da dívida ?
Nunca, leitor, nunca. Se esse plano alguma vez foi feito, ficou no segredo, tão desagradáveis seriam os dados que o mesmo revelava.
Pois é, a verdadeira questão é esta : ao ritmo actual de crescimento da economia, com os empréstimos que temos que pagar ( os de agora e os antigos ), aos juros que nos impuseram, NUNCA SERÁ POSSÍVEL SEQUER PAGAR OS JUROS ( apenas os juros ) e DIMINUIR DRASTICAMENTE O DÉFICE.
Por outras palavras, os milhares de milhões de euros ANUAIS do serviço da dívida, apenas em juros, representam um montante MAIOR que todos os cortes juntos que possamos fazer !!
É IMPOSSÍVEL, meus senhores.
E então ? Então, ou os juros baixam, ou o prazo de pagamento aumenta consideravelmente, ou a economia começa a crescer bem, ou ... É IMPOSSÍVEL. Mesmo que os portugueses deixem de comer e de beber a partir de agora e abdiquem da quase totalidade dos seus salários, mesmo assim NÃO DÁ !!!
Como dizia Guterres, é só fazer contas. Eu fiz algumas, não as mostro porque para desanimado e com vontade de partir isto tudo basto eu.
Se não acredita em mim, leitor, vá estando atento ao desenrolar das coisas. Vai ver mesmo que novos cortes ( roubos ?? ) vão ser anunciados brevemente. Vão ver que, apesar de tudo, os 5,9 % vão ficar longe. Estejam atentos e lembrem-se do que hoje, aqui, lhes digo : é a quadratura do círculo, é uma questão de solução impossível, é uma política desastrosa e sem retorno, é a maneira mais rápida para o empobrecimento generalizado de largas camadas da nossa população, para o desmprego, a miséria, a fome ... e défice vai continuar a existir ou até a agravar-se ...
Leitor, considere isto que lhe digo como um sinal de alerta vermelho. Nenhum destes senhores do nosso governo, ou da Europa, faz a mínima ideia de como será possível resolver esta questão. E eu não me espanto, a questão NÃO TEM SOLUÇÃO, com os actuais parâmetros.
O que pode o leitor fazer ? Para já, estar atento e começar a exigir que lhe seja explicado o plano plurianual para sair da crise. Os grandes numeros. Eles que mostrem esses numeros, nós não somos mais estupidos que eles e vamos perceber os numeros.
Mostrem-nos os numeros ! Mostrem-nos os numeros !

quarta-feira, setembro 28, 2011

UMA INCONCEBÍVEL ATITUDE DE UM SENHOR MINISTRO

Este Ministério da Educação está a revelar-se uma fonte diária de actos tontos. Não consigo dizê-lo de outra forma : são actos tontos que revelam uma total impreparação para o exercício da função de ministro. Total.
A quem lembraria cancelar a entrega aos melhores alunos do País de um prémio de 500 euros, durante uma cerimónia à qual as Escolas conferem bastante ênfase e visibilidade, na véspera da tal cerimónia ? Quem se lembraria de "obrigar" os alunos premiados a entregar o dinheiro a famílias carenciadas ou a outros alunos igualmente carenciados ?
Desde quando o reconhecimento do mérito e a solidariedade social são temas equivalentes e intermutáveis ?
Desde quando se podem defraudar as expectativas de alguns jovens e distintos alunos obrigando-os ainda por cima a fazer "caridade" à custa do seu prémio ?
Quem teria dito ao sr. ministro que esta seria uma boa medida de política escolar ? Ou seria apenas uma ideia que o senhor ministro teve sózinho ?
Senhor ministro, se foi um seu colaborador a dar-lhe essa ideia, despeça-o, por favor ! Se a ideia foi sua, faça um favor ao País e demita-se, quanto antes.
É que o País já não aguenta mais ideias brilhantes como esta ! Gaita, não basta a crise e descontarem-nos no vencimento e obrigarem-nos a pagar sempre mais impostos ? Agora ainda temos que aturar parvoíces destas ?

PS - Sr. ministro : se não há dinheiro para pagar esses prémios aos putos, diga-o francamente. Não tente é dar lições de solidariedade a quem não as pediu, nem tente baralhar as opiniões dos portugueses.

segunda-feira, setembro 26, 2011

UM PAÍS ESTUPIDIFICADO ou UM PAÍS VIGARIZADO ?

Nos últimos tempos nem sequer tenho conseguido coragem para escrever. Os indicadores de uma sociedade profundamente doente são diários e preocupantes. Não é apenas a crise, a crise ainda é o acontecimento mais normal dentro desta profusão esquizofrénica de acontecimentos. Todos os dias surgem do nada "casos" neuróticos, que imediatamente são explorados pela comunicação social e pelos inúmeros comentadores da nossa praça como coisas gravíssimas e aberrantes, não se vislumbrando a mínima sensatez, a mínima dignidade profissional de averiguar a verdade e os porquês.
Pergunto a mim próprio, muitas vezes, como foi possível tornarmo-nos num povo de mentirosos, de vigaristas, de hipócritas e de desonestos. E a verdade é que nem sequer posso agora dizer que a responsabilidade é de Sócrates, embora o seu estilo tenha tido - acho eu - a sua quota parte de influência nesta nova portuguese way of life.
Querem exemplos ?
Esta história das não sei quantas dezenas de milhares de baixas nos professores. Os jornalistas foram buscar os dados não sei onde, atiram-os para o ar, insinuando a vigarice extrema da coisa, só lhes faltando logo enterrar os professores todos. O ministro diz que é preocupante e adianta que vão ser averiguados possíveis casos de infracção. Lindo ! Mas a ninguém interessa averiguar o PORQUÊ ? Então, de repente, sem motivo nenhum, uma data de milhares de profs pedem aos médicos que lhes passem um atestadozito ? É assim ? Já nem se pensa um pouquinho ? Porque deu aos profs todos o vício de serem faltosos e mandriões exactamente naquela altura ? Hem, PORQUE SERIA ? Não quero insultar o leitor com a resposta que eu dei a mim mesmo, acho que saberão descobrir a eventual causa.

Momento dois, a questão da Madeira. Andamos há anos a permitir que um personagem de medíocre envergadura mental e fraco discernimento se tenha apropriado da Madeira, de uma forma completamente infantil, fazendo obras e tornando-se popularucho. Toda a gente ligada ao poder permitiu isto e até achou muita piada. Então, qual é agora o espanto ? Há quantos anos deveriam ter percebido e actuado ? Esta gente é toda doida ou sou eu que sou old-fashioned ?

Outra : um senhor primeiro ministro, algo ingénuo ainda e por isso mesmo a falar a verdade vezes demais, descai-se a afirmar o óbvio, que se a Grécia se afundar provavelmente seremos obrigados a um segundo resgate. Zumba, caiem-lhe todos em cima, aquilo é lá coisa que se diga, mesmo sendo verdade um primeiro ministro não o deve dizer ! Meu Deus, mas esta malta é mesmo assim parva naturalmente ou treinam muito para ser assim ?

Já estou cansado, só de pensar nestas parvoíces. O leitor vá aproveitando todos os dias e descobrindo a idiotice desse dia. É que são diárias ... e não são apenas idiotices, há malevolência e premeditação em muitas das coisas que são ditas. Estou a assistir a coisas que fazem de Sócrates um aprendiz no que respeita à intoxicação da opinião pública ! Mas essas, as mais graves, guardo-as para vos contar num próximo dia de chuva .