quarta-feira, abril 28, 2004

O CASO DO MAJOR ESTÁ A LIXAR-ME AS ANÁLISES ...

Confesso que esta me desnorteou. Fiquei sem as minhas referências nortenhas. Fiquei sem um norte.... Então aquele senhor impoluto, imagem de marca da melhor educação e cavalheirismo nacional, aquele modelo de virtude, aquele marco sólido de homem de negócios acima de qualquer suspeita ... afinal, o senhor é arguido num processo de favorecimentos ilícitos, tráfico de influências e mais não sei o quê.
Não acredito.
Que é que querem, pá, não pode ser, não é possível.
Então eu compro lá a teoria que um senhor presidente de câmara, presidente da sociedade do metro do Porto, presidente da liga do futebol profissional, presidente de mais não sei quantas coisas ia fazer coisas daquelas ? Hem, é lá possível !!

Agora muito a sério, este caso está a deitar por terra as minhas teorias sobre o nosso desgraçado país. Há anos que sustento que esta sociedade está corrupta de alto a baixo e que não tem salvação possível, a não ser trocar de povo.
Este caso aberto contra o pseudo-major nortenho perturbou-me, confesso. Não bate certo. Não segue o padrão. Então agora a justiça está a atirar-se aos poderosos ? Desde quando é que isso se usa ? Hem ?
Queres ver que, por este andar, ainda acabo por ter de admitir que algo vai mudando, na justiça e no país ?
Nanananan ... não acredito muito. Vamos esperar para ver.
Até lá, pelo sim pelo não, cuidem-se bem, pequenos majores de todos os quadrantes... sabe-se lá que outros apitos dourados são capazes de inventar aqueles gajos da Judiciária !
Eheheheh ...

segunda-feira, abril 26, 2004

O 25 DE ABRIL JÁ ME CANSA ...

Nós, portugueses, somos uma cambada de gente mesquinha, doentia, saudosista, preguiçosa e piegas. Esqueci-me de alguma coisa ? Ah, somos também irremediavelmente invejosos.
O 25 de Abril ? Mas que raio de importância tem HOJE o 25 de Abril desse longinquo ano de 1974 ? Mudou a essência deste povo ? Passámos a ter consciência social, a cumprir as leis, a ser gente educada ?
Ah, sim, a liberdade ! Pois, a liberdade. A liberdade é boa para para aqueles que podem e sabem poderem falar. E escrever. E ganhar dinheiro com isso. A liberdade também é boa para se conseguirem bons cargos na coisa pública, nas dezenas de institutos, na burocracia da Europa, sei lá eu. E até serve, essa mesma liberdade, para se pedir contenção salarial ao zé povinho sem que caia o carmo e a trindade, afinal quem nos pede isso são aqueles em quem votámos, pá ! Ou pelo menos temos que ter respeito por eles, sempre foram eleitos, caramba.
Bem, claro, tens que ver os números, óh meu ! Em 1970 existiam menos de 50 mil licenciados e agora são mais de 600 mil !! Então, que dizes a isto ? A democratização do ensino superior, hoje toda a malta pode ser advogado e médico e economista e ....
Pois.
Só que continuo a não perceber o que é que essa malta toda faz no dia a dia. É que melhoras na situação deste cantinho não se vêem ... pelo menos em termos relativos, por exemplo quanto aos espanhóis, aqui tão perto.
Não, já não tenho paciência para este meu país. São os que vão ao rabo aos putos, os que metem a mão na massa alheia, os que são invejosos do vizinho, os que serpenteiam nos meandros do futebol, os que crescem à sombra do partido, os que, mesquinhos, tiram os érres ás revoluções, os que ficam dezenas de anos a tirar dividendos de uma aventura romântica-libertária de uma madrugada em Abril, os que sentem inveja de não serem heróis, os que se julgam talhados para isso mesmo, os que insultam tudo e todos, acabando por ver em Mário Soares o único herói da democracia ( ahhh, o que a idade, o despeito e a raivinha fizeram a Vasco Pulido Valente ! ) e, finalmente, os que, como eu, estão cansados desta patacoada toda e só queriam que se começasse a fazer alguma coisa deste atoleiro ...
Pronto. Dei-vos uma ideia das razões pelas quais já não posso ouvir falar em 25 de Abril ?

sábado, abril 17, 2004

FUI AO CINEMA, APENAS ISSO ...

Caminho só pelo passeio pavimentado com pedras irregulares. Passa da meia-noite e venho do cinema para casa. A rua está quase deserta, a esta hora. É capaz de ser uma doidice andar assim sózinho, a pé, a estas horas, mas gosto de me sentir vivo, gosto do som dos meus passos na rua deserta. Só falta uma chuvinha gelada para fazer disto uma cena de um qualquer filme francês. Não está muito frio, mas levanto a gola do blusão de cabedal. Para melhorar a imagem no filme, estão a ver ?
Nunca vos acontece ? Estarem perfeitamente conscientes da realidade e contudo, em simultâneo, entreterem-se a imaginar cenas de uma outra realidade ou de um filme ?
Hummmm ... será que, bem no fundo, não passo de um esquizofrénico anónimo ?
Ah, já sei o que vos queria dizer, a sério : não tenho escrito nada, peço desculpa. Não arranjo vontade nem tema nem .... acho que perdi o fio à meada, sabem o que é ?
Um destes dias vou tentar de novo, prometo.
Até lá, um abraço meu e ... vivam as vossas vidas, please.

terça-feira, abril 06, 2004

A INSUSTENTÁVEL ASFIXIA DOS IMPOSTOS

Não há, não pode haver, é impossível.
Nenhum outro país no Mundo pratica tantos impostos aos seus cidadãos, abrangendo tantas circunstâncias das suas vidas. Por vezes, vai-se mesmo ao requinte de nos obrigar a pagar imposto sobre uma verba de um outro imposto, como acontece no caso dos automóveis.
Vejam alguns casos típicos. No imobiliário : paga-se imposto quando se compra a casa ( a antiga SISA ), paga-se todos os anos a ex-autárquica, pagam-se taxas de esgotos, paga-se imposto de mais-valias se a vendermos.
Nos automóveis : pagam-se dois impostos quando se compram ( o IA e o IVA sobre o preço do carro mais o IA !! ), paga-se todos os anos o Imposto de Circulação, paga-se um imposto tremendo em cada litro de combustível que metemos no depósito, pagam-se portagens, estacionamentos, paga-se o IVA nas reparações, paga-se, paga-se ...
Quando alguém falece : paga-se imposto sucessório se houver herança.
Em tudo o que ganharmos, fruto da nossa actividade profissional : paga-se IRS e a uma taxa bem gordinha !
Nos restaurantes, cinemas, casas de fado, discotecas, cafés, bares , eu sei lá : paga-se IVA.
Na compra de todos os bens de consumo, equipamentos, material de construção, livros, etc , pagamos IVA, por vezes à taxa de 19% !
Tem uma casa sua que arrendou a terceiros ? Paga IRS sobre o valor das rendas.
Comprou umas acções que se valorizaram e que depois vendeu ? Não se esqueça do IRS sobre o lucro ...
Enfim, nada escapa ao furor do fisco. Os homens que pensaram estes esquemas não se esqueceram de nada. TUDO está previsto. Nascer, viver e morrer pagam imposto.
Depois de tudo isto, apenas apeteceria colocar uma questãozita. É que, se assim é, se todos devíamos pagar imposto em todos aqueles actos da nossa vida, como é que o orçamento é sempre curto, do lado das receitas ?? Como é que falta sempre dinheiro ???
Hummmm, parece-me bem que andam por aí uns gajos que não pagam, ai andam, andam ...

sexta-feira, abril 02, 2004

HOJE NEM ACREDITAM : VOU LOUVAR UMA INICIATIVA !
Tenho a certeza de que já experimentaram ir tratar de um assunto qualquer a uma repartição ou direcção-geral ou coisa no género. A quantidade de certificados, atestados, declarações, impressos e selos é absolutamente um TERROR !!
Neste país pequenino, de gente desconfiada e vigarista, nada se faz sem um papel com muitas assinaturas e carimbos a CONFIRMAR aquilo que se declara. E como são muitas as coisas a confirmar, os papéis são aos milhões, claro. Para grande gozo de muitos funcionários zelosos, aos quais esses papéis emprestam autoridade, e não poucas vezes, um acréscimo salarial também ...
Não sei se os mais distraidos já perceberam, mas a entrada dos computadores para a Administração Pública está a provocar neste estado de coisas uma autêntica revolução, lenta e silenciosa, mas inexorável. As Lojas do Cidadão, a pouco e pouco a espalharem-se por todo o território, espelham isto que afirmo. A concentração num único local de variados serviços dantes espalhados por toda a cidade só foi possível com a informática associada às telecomunicações e com um enorme esforço de reorganização do “back-office”, ou seja das tradicionais formas de trabalhar entre nós.
Apesar de tudo – e com isto quero dizer que apesar de muita gente dos sucessivos governos sem visão nem entusiasmo – existem pessoas no nosso país que têm procurado introduzir modernidade e eficiência em alguns sectores da vida nacional.
O que nem sempre é fácil, dado que nem sempre encontram vinda de “cima” a receptividade desejada e os recursos indispensáveis.
Mas, apesar de tudo, já se podem pedir certidões pela internet, entregar as declarações de IRS, fazer concursos públicos ( o dos professores, este ano, correu MUITO mal por nítida falta de cuidado e saber na preparação e na criação de condições ), consultar muita legislação, fazer a importação de impressos, etc, etc ... Devagar, mas está-se a melhorar, sem dúvida.
Foi inaugurado recentemente o Portal do Cidadão. É esta a placa giratória de eleição entre a administração pública e o cidadão. A proliferação dos serviços à disposição do cidadão, neste portal, servirá bem de indicador para a evolução de que estou a falar. É , pois, uma iniciativa a acompanhar.
Poderão ver este portal AQUI e depois colocá-lo nos vossos Favoritos.
Para vos aguçar o apetite, e ao mesmo tempo ilustrar o esforço que é preciso fazer, falo-vos do serviço que este portal já tem em funcionamento : mudar a direcção do cidadão em vários organismos do Estado e privados ao mesmo tempo, desde a morada fiscal até á Via Verde passando pelos fornecedores de electricidade e água ...
Através do Portal o cidadão escolhe os organismos/empresas onde quer ver alterada a sua residência, faz o download de um impresso e depois .... ( e aqui reside ainda uma debilidade do sistema ) deve ir com o impresso a uma Loja do Cidadão e apresentar o seu BI, para provar que é quem é ... e é tudo ! Ou seja, vai a um lado em vez de ir a seis ou sete.
Já não é nada mau, hem ???
Porém, não faltará muito para podermos fazer tudo isso sem mesmo ir com o BI á Loja do Cidadão. Uma simples chave a fornecer a cada cidadão pode resolver o problema. Tal como o IRS já faz, talvez com um pouco mais de cuidado.
Ou seja ... hoje uma palavra de esperança : nem tudo está perdido neste nosso país