quinta-feira, março 31, 2011

RUA JÁ, PORQUE ESPERAM ?

Prossegue a saga. Os juros dos empréstimos públicos não cessam de subir. O défice do orçamento do Estado de 2010 foi alterado ( corrigido, por pressão do EuroStat ) para 8,6% em vez de inferir a 7% como apregoava o Governo. É cada vez mais evidente que Portugal está muito perto de graves dificuldades financeiras de tesouraria. As empresas de rating, essas estranhas aves de rapina que se alimentam de crises, baixam as nossas avaliações, dia sim dia não.
Enquanto isto, o Governo, serenamente, olimpicamente, resiste a tudo e proclama :

a) a culpa da situação é das oposições ( engraçado, primeiro o guião falava só na culpa do PSD, depois alguém do PS viu que estavam a beneficiar o BE e mudaram de discurso, agora a culpa foi do PSD e não esquecer o BE ! )
Nota : é clássica, esta falsa imputação de responsabilidades.

b) o acréscimo no défice de 2010 não foi uma tentativa de esconder despesas ( não foi ???? ). Os encargos eram conhecidos, afirmam.
Nota : eram conhecidos alguns, outros não, como o do BPP. O que não era conhecido era a tentativa de encaixar essas despesas em outros anos orçamentais que não 2010.

c) este Governo não tem legitimidade para pedir auxílio externo, diz o Ministro das Finanças ( de quê ??? ) e não o irá pedir.
Nota : a ideia é simples. Sócrates não quer ficar como aquele que pediu ajuda externa. Por outro lado, para ele, agora, que se lixe o País, quanto pior melhor para ele, irá culpar o PSD ( e o BE ) de todos esses males.

Sejamos francos. Temos um Presidente da República para agir. Urgentemente, este Governo tem que ser despedido. Nem em gestão corrente deve ficar. As eleições devem ser marcadas o mais cedo possível e, até lá, deve ser arranjado um Governo de emergência mandatado para negociar o auxílio externo.
Constitucionalmente, não sei muito bem como isto pode ser feito, mas há alturas onde o que conta é agir e depressa.

A verdade é que já me é fisicamente impossível ouvir alguém deste Governo. Não sei se isso vos acontece também ou se fui eu que dei o berro ...

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terça-feira, março 29, 2011

VAMOS IMPORTAR POLÍTICOS, MESMO EM SEGUNDA MÃO ?

Na minha ingenuidade bem intencionada, gostaria de ver os nossos políticos virem a público reconhecer que falharam, ao longo de todos estes anos. Sobretudo os políticos dos partidos ligados ao poder, PS e PSD. Seria uma atitude de seriedade e de esperança, virem reconhecer a sua impotência. É que são já umas duas ou três dezenas de anos, não são uns breves meses. Já foram testadas muitas teorias, muitas atitudes, muitas formas de ataque dos problemas. Conforme as tendências dos vários responsáveis políticos, já vi paixões pelo ensino, pela construção de autoestradas, pela tecnologia e as grandes obras públicas, pela desburocratização e simplificação, sei lá que outras coisas mais. A verdade é que nada deu certo, nunca evoluímos, nunca crescemos, nunca fomos capazes de construir nada de sólido.
Com todos os diabos, seria pedir muito esperar que esses senhores viessem humildemente reconhecer que não foram capazes ? Que falharam ? Ambos, PS e PSD !
Deixem-me confessar uma coisa : não acredito que o façam alguma vez. São demasiado vaidosos e pedantes para isso. E incompetentes, só pessoas competentes reconhecem os seus erros.
Por tudo isto, tenho uma proposta a apresentar : vamos importar uns noruegueses, suecos ou alemães para nos governar ? Como fizémos no futebol, no râguebi, no andebol ? Saía-nos mais barato e talvez aí o país pudesse vir a progredir.
Que dizem ?
É que com esta malta, tenho muita pena mas já vi para onde vamos ... não vai dar mesmo, malta, vejam por exemplo como o "salvador" PSD só diz parvoíces erráticas, aumenta o IVA às 2ªs, 4ªs e 6ªs e não aumenta às 3ªs, 5ªs, sábados e domingos ? Já viram como o PS continua a impingir-nos o incrível Sócrates, que agora descobriu que a fonte de todo o mal é o PSD, esquecendo que é ele que nos governa há 6 anos ?
Com pérolas destas, como podemos esperar melhoras ?
Portanto, amigos, ou trazemos os nórdicos para a gestão do país ... ou pedimos a adesão não ao FMI mas ... ao Brasil ou a Espanha. Ou, como dizia Saramago na "Jangada de Pedra", rumamos ambos, Portugal e Espanha, proa a Oeste, para as Américas do Sul ... Escolham.

quinta-feira, março 24, 2011

ALTERNATIVAS, PERDERAM-SE. GRATIFICA-SE QUEM AS ENCONTRAR.

Desde o início do primeiro mandato, em maioria absoluta, Sócrates mostrou que a sua ideia para governar Portugal era, no mínimo, insuficiente. Pessoa sem grande formação, em nenhuma área, tanto profissional como ideológica ou política, cedo se percebeu que as suas armas eram apenas e esencialmente a teimosia e a propaganda. Para além dessas características, também não demorou muito tempo a perceber-se que era extremamente ambicioso, autoritário e imune a valores imateriais como a verdade e a justiça.
Espanta que alguém com este perfil possa ter conquistado o PS, impondo durante anos a este partido um comportamento incoerente e ao sabor das circunstâncias, em nada dignificante para a história do partido. Indiferentes a tudo, os militantes deste partido permitiram a Sócrates, sem uma palavra, durante anos, as atitudes mais arbitrárias e sobranceiras que Portugal conheceu desde o 25 de Abril. Permitiram, espectadores indiferentes, que o PS, enquanto Governo, obrigasse este velho país a uma rota casuística, sem objectivos nem balizas, ao sabor do marketing e das circunstâncias.
Dono de uma personalidade semi-patológica, Sócrates confundiu completamente os fundamentos da governação, vendo inimigos cheios de privilégios em todos os sectores da função pública, desde os professores aos militares, vivendo na ilusão que o País o iria adorar por hostilizar estas pessoas.
Incapaz de uma percepção mais aguda para as questões do desenvolvimento de da economia, entrega estes sectores a gente sem chama nem inteligência, gente que confunde economia com negociatas e desenvolvimento com ruido propagandístico. As coisas não podiam deixar de aparecer à luz do dia : as duas grandes iniciativas de Sócrates nestes domínios, a “revolução tecnológica” e a aposta nas energias renováveis, deixaram um país a pagar ( lenta e penosamente ) os custos dos inenarráveis magalhães e de uma miríade de geradores eólicos espalhados por toda a parte, com custos crescentes para a energia consumida pelos portugueses. Noutros domínios, a desigualdade no país acentuou-se, a pobreza aumentou, os apoios sociais enfraqueceram. As pessoas sentem-se mal, o poder de compra baixou, o desemprego disparou, as falências nas pequenas empresas comerciais e industriais nunca aconteceram a um ritmo tão elevado.
Dizia ontem na Assembleia Francisco Assis, chefe da bancada parlamentar do PS, que o seu grupo parlamentar tinha um enorme orgulho em ter tido este Governo e este Primeiro Ministro. São opiniões, claro. Apenas pergunto : orgulho porquê, de quê ou em quê ?
Sejamos claros. Sócrates não faz a menor ideia do que deve ser governar. Pior do que tudo, não faz a mínima ideia de quem é e do que ( não ) vale. Age como se pensasse que é um predestinado, um governante hábil, um homem de rasgos e de audácias. Nunca se conseguiu ver a si próprio como de facto é, um ser humano mediano e pouco culto, sem nobreza nem verdade. Daí não viria ao Mundo grande mal, se o PS conseguisse ver a verdade. Infelizmente, muito infelizmente, não estou nada certo que isso venha a suceder.
Restam os portugueses. Esperemos que estes sejam capazes de responder à altura. Embora não se perceba bem qual deva ser essa resposta.
Alternativas credíveis, precisam-se.
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segunda-feira, março 21, 2011


UM TRISTE E DESCONSOLADO PRÉMIO DE CONSOLAÇÃO

A política no nosso país é algo profundamente deprimente. Desde sempre. Desde os ventos do liberalismo de 1820, passando depois pela Primeira República para acabar nos nossos dias. Em pouco mais de 30 anos estes insignes e altruistas políticos da nossa praça conseguiram levar à falência este nosso País. A dedicação, a competência e a isenção destas gentes, sobretudo do PS e do PSD, é algo que comove e nos suscita um profundo agradecimento, não é ?
Mais : é algo que nos permite grande esperança no futuro. Com gente deste calibre é certo que afastaremos todos os nossos actuais fantasmas e saberemos construir um país rico, justo e onde vai apetecer viver.
Ou não é assim ?
Vá lá, não sejam cínicos : com Passos Coelho tudo vai ser diferente. Abandonaremos este ar fétido de mentiras e falsas propagandas e passaremos a respirar verdade e justiça.
O quê ? Se me lembro de Santana Lopes, Cavaco e do fugitivo Barroso ? Ahhhh, pois é ... De facto, também não foram grandes águias na construção de um país próspero, pois não ?
Oh diabo, pois é ... e então como vai ser ? Querem vocês dizer que isso das eleições vai ser baralhar ... e sai-nos o mesmo jogo sem trunfos ? A mesma porcaria de sempre ? A mesma malta medíocre e sem garra nem princípios nem vergonha ? A mesma incapacidade, a mesma corrupção, as mesmas desculpas, os mesmos empresários da Farinha Amparo ( esta piada é só para séniores ... ), as mesmas fantasias, os mesmos projectos malucos e megalómanos ?
Pois, se calhar é isso mesmo que vamos ter, rapaziada. Resta-nos uma consolação, de que me lembrei por causa do sr Presidente Cavaco Silva. Malta, animem-se, devemos ser o país FALIDO com a melhor rede de auto-estradas do hemisfério norte, como dizia o outro.
Já é alguma coisa, hem ?
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quinta-feira, março 10, 2011

P de PÂNTANO não de PORTUGAL

A democracia está doente, é inegável. Os sintomas são muitos e fáceis de identificar. As causas são mais difíceis de perceber. Pensando um pouco, descobre-se rapidamente uma das grandes causas da doença : os cargos ditos de poder têm demasiadas benesses à sua volta e proporcionam excessivamente o livre arbítrio nas decisões. Ao contrário da teoria corrente que assim deve ser para se conseguir atrair os melhores para a governação da coisa pública, sustento que assim apenas se atraem os piores, aqueles que ficam seduzidos por essas benesses e potencialidades e que se estão nas tintas para a coisa pública.
Se toda a vida pública fosse envolvida num ascetismo apropriado, para além de se gastar muito menos, tornar-se-ia pouco atraente e compensador criar verdadeiras organizações de treino da conquista do poder, como são hoje os partidos políticos e as claques imensas que os rodeiam. Não fosse o saque tão atraente e os cruzados vindos do norte da Europa não teriam alinhado com D. Afonso Henriques na conquista de Lisboa aos mouros. O mesmo se passaria na política, apenas os legitimamente interessados ( porque sempre existem ) no País e na coisa pública se incomodariam a concorrer aos cargos públicos.
Mas não é assim que as coisas se passam, como sabemos. Os cargos públicos estão rodeados de mordomias e representam uma oportunidade unica de conseguir grandes negociatas, de outra forma impossíveis. A abertura ao investimento privado de áreas como a saúde ou a educação ( e porque não também a justiça e a defesa ? ) são um exemplo das motivações ultimas de muita gente que pretende chegar ao poder.
Gerir a coisa pública é uma coisa, tornar privada a coisa pública é outra. Mas é esta última que dá muito dinheiro para alguns, como se sabe.
Na sociedade actual a conspurcação dos grandes valores e principios é tal que há pessoas a reclamar títulos de campeões da honestidade mesmo depois de ser publico que obtiveram mais valias que ninguém sem certos amigos poderia jamais obter. Ou quando se conhecem manobras para colocar os filhos em bons lugares. Não me interessa se algumas dessas pessoas foram ou são presidentes da república, já nem sequer esse cargo é sinónimo de isenção total. Desde Eanes que assim é, Eanes foi o último dos grandes defensores dos princípios.
Quem conheça a realidade destes meios da política em Portugal – eu conheci alguma coisa – vai engolir muitos sapos pela certa, se partir embuído de uma ideia de virtude e de grandeza moral. Não é que não existam homens e mulheres bons, mas como sempre o que conta é o pano de fundo, é a matriz onde todas as coisas se inscrevem .... E esse pano de fundo, acreditem, é uma completa vergonha : nepotismo, favoritismo de todas as espécies, partidarismo, amiguismo, favores retribuidos ... Sem qualquer remorso ou réstea de vergonha. Aparentemente, já sem sequer a noção de que é errado fazer as coisas desta maneira.
Neste meio, não há grandes diferenças partidárias, a não ser para os grandes cargos/tachos. De resto, o núcleo central dos amigos funciona sempre, sejam quem forem os detentores do poder. Neste contexto, os bons, os realmente qualificados só por acaso conseguem lugares compatíveis.
Desta realidade pouca gente fala. Pouca gente pode falar contra isto. Mas acreditem-me, sem alterar este IMENSO PÂNTANO nada se fará neste infeliz País.

quarta-feira, março 09, 2011

A ARTE DA DESRESPONSABILIZAÇÃO OU AGORA É QUE VALE ?

O discurso de hoje de Cavaco Silva, na sua tomada de posse, não é bom, nem mau, nem violento, nem suave ... é completamente português.
Nem é uma questão de discordância quanto à essência das palavras, eu poderia ter escrito e lido aquele discurso sem hesitar.
Mas a verdade é que eu não fui Primeiro-Ministro deste país dez anos nem Presidente da República mais cinco anos. A verdade é que eu não sou responsável pela situação económica e financeira do País.
Ele é. Por acção ou omissão.
E esta é a desgraça deste pobre País. Somos assim. Não conseguimos fazer nada de jeito, quando temos oportunidade para isso, mas adoramos fazer grandes discursos do tipo o estado da nação. Esta triste característica nem sequer é exclusiva de Cavaco Silva, antes dele já Mário Soares e Jorge Sampaio ilustraram exaustivamente esta estranha forma de vida. De resto, parece ser mesmo algo de indispensável para se ser Presidente, em Portugal, até nos próprios candidatos derrotados se nota o mesmo tique.
Por tanto, em resumo, quanto ao discurso de Cavaco Silva, eu digo : estou tãoooooooooooooo faaaaaaaaaaaaaaarto destes discursos, pessoal, tão fartooooooooo !

terça-feira, março 01, 2011

A MUDANÇA ESTÁ NA MODA ?

Tenho tido uma vida rica de acontecimentos. Participei em alguns, fui assistente atento de outros. Vejam : como actor, estive em África, na guerra colonial, e depois aqui, numa revolução, o 25 de Abril. Da bancada, vi cair o muro de Berlim, o desmoronamento do império da União Soviética, os ataques às torres gémeas, em NY, a invasão do Iraque e do Afeganistão, e agora a queda dos regimes ditatoriais na Tunísia, Egipto e Líbia, segundo tudo leva a crer.
É inegável, portanto, que tenho visto acontecer coisas extraordinárias, ao longo da minha vida. Se for verdade que a experiência nos torna mais sábios, devo ter aprendido qualquer coisa, nestes anos tão cheios de acontecimentos.
Na verdade, talvez com o desacordo dos meus amigos, devo dizer que pouco ou nada aprendi. Aprender significa compreender as leis que regem os fenómenos, as origens, as causas, as motivações. E, no meio desta grande feira humana da mudança, declaro alto e bom som que pouco ou nada compreendi quanto às causas e os porquês e muito menos quanto ao momento. Quase todos estes fenómenos me apanharam de surpresa. Nunca entendi muito bem o cronograma destas mudanças e, francamente, não sei se alguém entendeu.
O ultimo destes fenómenos então, a agitação e a queda de regimes autoritários no norte de África, foi uma total surpresa. Porquê agora ? Como foi possível tal rapidez na propagação da oposição ? A explicação do Facebook não me consegue satisfazer completamente, só uma minoria de pessoas naqueles povos tinham acesso a telemóveis e ao Facebook ! O exemplo da Tunísia terá sido assim tão galvanizador ?
Que raio se anda a passar neste nosso mundo, perante os nossos olhos, sem que o percebamos bem ?
E como é que todos aqueles tipos da televisão sabem tudo e explicam tudo, AGORA, depois das coisas estarem a acontecer ?
Expliquem-me, amigos.
E já agora expliquem-me se as “leis” destes fenómenos facebookianos e SMSianos poderão vir a ser aplicáveis a Portugal, começando com esta coisa da geração à rasca ... Acham que sim ? Acham mesmo ? E depois ? Hem, e depois ? O inefável Passos Coelho e os caminhos das privatizações a la carte ?
Ou acharemos qualquer outra saída ??
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