quinta-feira, novembro 29, 2012

AJUSTAMENTO ou TERRORISMO POLÍTICO ?

Passos Coelho e os seus apaniguados continuam desesperadamente a executar o seu plano.
Não sei se têm consciência disso ou não - acho que têm mas não se preocupam - a sua acção tem sido e vai ainda ser mais caracterizada por uma ideia simples : o que estão a fazer é terrorismo político.
De facto, a ideologia que subjaz a esta acção destruidora tem muito de extremismo religioso. Tal como outros terrorismos, acreditam na capacidade redentora da destruição e da vingança ; tal como outros antes deles, são teimosos, não cedem à razão nem aos apelos. Tal como outros extremismos, julgam-se iluminados e legitimados por uma qualquer entidade mítica, neste caso o mercado e o liberalismo económico.
Tal como todos os outros iluminados, não olham a meios nem os comovem os efeitos nocivos das acções que executam.
No seguimento do paralelismo, Passos Coelho e o seu grupo não têm dúvidas, atacam inesperadamente, disparam rajadas para toda a parte, seguem a política do facto consumado. A falta de respeito e a total ausência de empatia para com os seus alvos é outra característica marcante que permite a esta facção apanhar de surpresa muita gente.
Por último, tal como os outros, estes novos terroristas não têm a mais pequena ideia de como a sua acção virá a ter seguimento, não pensam nisso, importa é continuar a destruir depois logo se verá. Este gosto pela destruição, pelo abalar do edifício até aos seus alicerces é de tal forma que - tal como os outros - manifestam desconforto se a Europa faz alguma coisa que lhes retire os alicerces, que faça perigar o seu alibi. Não querem ouvir falar em juros mais baixos, nem em dilatar prazos, nem em nada que nos facilite a vida : percebam, amigos, qualquer coisa nesse sentido retira força à sua fúria destruidora.
Terrorismo político puro. Pessoalmente, nunca tinha visto nada deste género, mas é assim que os vejo, actualmente.
Resta-nos usar as mesmas armas, para nossa defesa, que usamos contra qualquer outro género de terrorismo.
Há que os neutralizar, o mais depressa possível, antes que não reste nada do Portugal de Abril.

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segunda-feira, novembro 26, 2012

O REGRESSO AO PÃO E VINHO SOBRE A MESA ?

Nos ultimos dias a raiva e a impotência são tão grandes dentro de mim que quase não deixam espaço para escrever. Ou viver.
Não sei que mais apreciar, se a total e completa traição de um governo ao seu povo se o vergonhoso espectáculo de uma maioria acéfala, teimosa e completamente ignorante.
Toda a gente já percebeu, economistas e políticos de todos os quadrantes e cantos do Mundo já o disseram : continuar por esta senda de cortes só provoca o agravamento de dívida e dos défices, sem benefício para ninguém. Nem para nós, portugueses, nem para os nossos credores.
A coisa é tão transparente e inevitável que apetece perguntar : se  os senhores do governo, que não são estúpidos, continuam cegamente a fazer o mesmo, é porque o seu verdadeiro objectivo não é a dívida nem o défice, mas sim outra coisa.
O quê , então ?
Há várias respostas possíveis, dependendo de quão longe levamos o verdadeiro objectivo do governo : empobrecimento da sociedade, desmantelamento do estado social, submissão à estratégia ( uma vez mais ) da Europa e ou da Alemanha.
Qualquer um destes objectivos, se se vier a provar, é suficiente para se acusar este governo de traição a Portugal ou à ordem constitucional vigente. Deixemo-nos de eufemismo ou de meias tintas. Corremos o risco de andarmos a ser vítimas de uma ideologia criminosa ou, ainda pior, de submissão a uma outra ideologia estranha ao interesse nacional.
Não vejo grandes alternativas, sinceramente. O descalabro é e vai ser tão grande que este governo ou é o supra-sumo da incompetência e ignorância ou anda a reboque de interesses que não são os nossos.
Passa pela cabeça de alguém obrigar todo um povo a regressar ao velho fado da casinha portuguesa com pão e vinho na mesa só porque as contas públicas não andam certas ? Ou porque é preciso desviar muitos milhões de euros para segurar a banca ?
Volto a lembrar os mais esquecidos : o limite da paciência dos portugueses está quase, quase, atingido. Quando tal suceder, se vier a suceder, não há cargas da polícia de choque que os salvem.
Repito, não se esqueçam disso.
Eu avisei.

quarta-feira, novembro 21, 2012

OS LIMITES DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

Vou ser rápido, simples e perfeitamente claro, espero eu : este Governo NÃO tem legitimidade para fazer nenhuma discussão e muito menos alteração nos limites e contornos do chamado Estado Social. Não pode, legitimamente, fazer nada de tão dramático porque pura e simplesmente não possui delegação do povo português para tanto.
É assim que funciona a democracia representativa. Nenhum destes temas foi abordado ou discutido nas ultimas eleições legislativas, logo o governo não deve fazer nada sem possuir mandato para tanto.
Se, de facto, querem discutir esses temas e sobre eles tomar decisões, só têm uma solução : fazer novas eleições. Tão simples como isso. Então, cada partido dirá o que pretende fazer quanto à reconfiguração ( ou não ) do nosso Estado e o povo escolherá.
Qualquer procedimento que não passe por novas eleições é ilegítimo e, consequentemente, anti-democrático e inconstitucional.
O senhor Presidente da República que tenha muita atenção a esta questão : o povo português não deu qualquer procuração ao actual Governo para modificar os limites do Estado social. Se o tentarem fazer, estão fora da legalidade democrática e podem, nos termos da Constituição, ser demitidos pelo Presidente da República ou ... destituidos pelos militares, em razão do juramento de fidelidade deste corpo especial para com a Constituição.
Esta é apenas uma consequência imediata  das regras da democracia representativa, realidade à qual já ninguém parece prestar muita atenção.
Ou a crise já suspendeu a legitimidade democrática ?



segunda-feira, novembro 05, 2012

A MINHA LISBOA

Por vezes canso-me da política, da pequenez sórdida desta gente que se apropriou do país e deixo o meu espírito divagar por outras andanças.
Gosto de Lisboa. É a minha cidade. Embora aqui não tenha nascido, vivo em Lisboa há uns bons 50 anos. Conheço a cidade, claro, mas ainda há nela muitas coisas que me encantam e transportam para outros tempos, uns da minha juventude, outros de pessoas ilustres que por aqui deambularam, como Fernando Pessoa  ou Almada Negreiros.
Gosto de percorrer velhas ruas, de preferência sem saber muito bem onde vão dar, deixando os meus olhos absorver pormenores de múltiplas formas e cores. Águas furtadas forradas a chapa canelada de zinco, lá em cima, sabe-se lá quem lá mora, dorme e sonha. Lampiões de desenho antigo, fazendo-me lembrar os de gás, do tempo do terramoto. Varandas de pedra estreitinhas, com protecções de ferro forjado, castigadas pelos anos e chuvadas várias. Estores que se enrolam e desenrolam naquelas caixas metálicas exteriores, pintadas de um tom sujo que se adivinha já ter sido beige ou branco. Velhas mulheres com xailes à volta dos ombros, assomando de janelas do rés do chão, protegidas por meias sacadas de ripas pintadas de verde. Calçadas todas desniveladas, um grande alto aqui, uma poça cheia de água acolá, pedras polidas por gente que eu nunca conheci mas que posso perfeitamente imaginar. O sr. Cardoso, que tem um cafézito ali à esquina, a Dª Laura que é modista para fora, o sr. Joaquim, o dono do lugar de frutas e hortaliças, a Dª Eulália, viúva de um antigo embarcadiço das linhas de África. E tantas outras pessoas que por aqui fizeram as suas vidas e que, por isso mesmo, deram vida a estas ruelas.
E é assim que eu gosto de ver Lisboa, sem automóveis, nem bares finos, nem centros comerciais. Com gente modesta e humilde.
O pior é que, quando penso nestas gentes, me vem logo à ideia a seguinte questão : então esta gente é que viveu e vive acima das suas posses ? Foi esta gente que gastou à tripa forra e agora têm que pagar tudo à troika ??
Mau, amigos, lá se foi o meu tranquilo interlúdio com a política de lado. É inevitável regressar à selva em que esta gente nos mergulhou.
Paciência, até breve !

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domingo, novembro 04, 2012

VAMOS TER PANCADA, COMPANHEIROS ...

Como sabem, há muito que comecei a alertar para este perigo de acabarmos todos à pancada. As coisas complicam-se cada vez mais.
Temos um Governo esquisito, cuja essência pode bem ser ilustrada pelo senhor da foto ao lado. Uma mistura entre uma rapaziada incompetente e um bando de assaltantes sem pudor do Estado português. Governo legitimado formalmente pelo voto popular, há ano e meio, há muito que abandonou essa legitimidade, enveredando por caminhos ínvios e manifestamente inconstitucionais e ou ilegais, sem qualquer relação com o seu programa eleitoral.
Com ou sem legitimidade democrática, Passos Coelho é um exemplo perfeito da insanidade e da teimosia de uma certa direita, convencidos da sua missão religiosa de salvar Portugal, começando ... por o destruir, para começar.
Na essência, essa é  a explicação subconsciente da palavra que usou. Para refundar, seja o que for, é preciso antes de mais que essa coisa esteja ou venha a ser destruída.
Esta rapaziada, teimosamente empenhada na destruição do Estado social, não desanima mesmo quando é notório que não existe, em Portugal, uma maioria favorável a esse desígnio. Forçando a situação, procuram criar em certos sectores da população a ideia que o Estado social é o responsável pelo nível exagerado de impostos que irão pagar. Visto por outro ângulo, andam por aí a propalar esta ideia : querem pagar menos impostos ? Vamos então reduzir ou acabar com esse Estado social, é por aí que o vosso dinheiro se vai.
Lembram a brutalidade com que foi anunciada, na altura, a  redução de 7% nos vencimentos para entregar directamente aos patrões ? Voltem a lembrar agora a "enormidade" dos impostos em 2013, assim descritos por Vitor Gaspar. Atentem nas suas recentes expressões "os portugueses não querem pagar os impostos que seriam necessários para custear o estado social". Notam a sequência das medidas e das frases ?
Bom, acho que hoje já não há margem para dúvidas.
E então ? Então, com a oposição do PS, este governo sabe que tem que entrar numa área cinzenta e provavelmente ilegal para conseguir cortes anti-Estado social. Nada que os demova, já perceberam que podem fazer muita coisa antes que o Presidente da República, esse não-interveniente, e ou o Tribunal Constitucional tomem uma decisão. Irão portanto forçar as coisas, tentando criar factos consumados.
Só que ... esta rapaziada sabe pouco das dinâmicas sociais. Na ausência de actuação do Presidente da República e do Tribunal Constitucional, resta-nos sermos nós, os portugueses, a agir. Civis e ou militares, a história de Portugal mostra bem estas coisas.
É por isso que vos digo : VAMOS TER PANCADA, COMPANHEIROS ... e da DURA ! 
Continuem, PSD e CDS, convencidos que iremos aturar todas as vossas diatribes e vão ter uma grande, uma enorme surpresa.
Considerem-se avisados.

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