sábado, fevereiro 20, 2010

A POLÍTICA EM PORTUGAL OU A MORTE DA DECÊNCIA

Em Portugal, as palavras não valem o mesmo que noutros países. Aqui, aparentemente, não valem nada. Nem as palavras, nem gravações, nem actos, nada. Aqui a solução das coisas faz-se pela impunidade. Não dão explicações, limitam-se a anunciar que tudo não passa de uma enorme campanha para denegrir o PS. E zás, tendo isto dito, Sócrates transforma-se por artes mágicas num socialista de passado irrepreensível, pessoa digna como poucos, acima de qualquer suspeita.
Afirmam, nervosos e irados, que Sócrates está a ser vítima de juízos indevidos sobre o seu carácter. Ainda não percebi muito bem o significado desta frase cabalística sobre o carácter. Tanto quanto consigo entender, em política não se devem fazer juízos sobre o carácter dos homens públicos. Deve discutir-se política, não o carácter. Interessante teoria, como muitas outras que estes infelizes e desacreditados personagens fabricam. Então, em política, desde que o homem ( ou mulher, não é, Fátinha ? ) seja eleito já não se lhe podem apontar problemas de carácter ?
Bem, para mim e tenho a certeza de que para muitos outros portugueses, um homem pouco sério e meio trafulha, mesmo eleito, continua a ser um homem pouco sério e meio trafulha.
Quanto a tentativas de decapitar e desacreditar o PS, não sei de nada. Ou melhor, sei que se já houve alguém decapitado, neste País, não foi Sócrates, foram outros, como bem se recordam.
De forma que ver na TV figuras como Almeida Santos, com aquela habilidade verbal que tanto o caracteriza, ou Manuel Alegre, com aquele seu jeito elíptico de nunca dizer nada que faça mossa ao seu partido, é-me extremamente penoso. Mesmo penoso.
Afinal, a democracia é isto ???

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