segunda-feira, fevereiro 15, 2010

A PRAGA DOS INSTITUTOS

São coisas criminosas. São mentiras sob a capa de pretextos de eficácia e reorganização. Está bem, já vos digo de que estou a falar. Li hoje no jornal que o Governo vai criar um Instituto ( ou algo do género ) para gerir o parque escolar nacional, sobretudo a nível do secundário. As escolas existentes e terrenos serão desanexados do património de estado e entregues ao património desse novo Instituto. Para facilitar a gestão do parque, diz-se. Para flexibilizar procedimentos. Para tornar as coisas mais rápidas e racionais...
Lembro-me desta tendência ter começado, aqui há uns anos, e eu com cara de parvo sem perceber. A mim parecia-me que nada daquilo fazia sentido, achava que o Estado tinha a faca e o queijo na mão para agilizar os procedimentos, se quisesse, e que criar um novo Instituto para fazer a gestão dessas coisas quando o Governo já tinha serviços exactamente para esse efeito era de cretinos ...
Pobre de mim, isto acontecia quando eu ainda era ingénuo e bem intencionado, tadito.
Agora já não sou nada disso e acuso : quem faz estas coisas, no Governo, ou é desonesto ou ignorante. Criar novos orgãos para fazer o mesmo que o Estado já faz, através de direcções gerais, repartições e outros organismos é DUPLICAR serviços, é CRIAR NOVOS POSTOS DE TRABALHO SEM REDUZIR OS ANTERIORES, é inventar soluções que já estão inventadas.
Sabem então qual é a razão para estas “invenções” ?
É fácil : são mais x postos de trabalho, bem remunerados e acompanhados de regalias, para os boys que não cessam de aparecer. Na estrutura formal do funcionalismo, não é fácil “meter” esses boys, há regras, há precedências, há concursos. Nos novos institutos não é preciso nada disso, a coisa é por convite. Ainda por cima, esses institutos são dotados de autonomia administrativa e financeira, leia-se : podem fazer o que quiserem quanto a salários, prémios, carros, cartões de crédito, etc ...
Leitores : esta é a verdadeira e unica razão para a galopada incessante dos encargos com a coisa publica, em sentido lato, nos ultimos anos, no nosso país. Se se derem a esse trabalho e forem investigar quantos institutos existem no nosso país, nesta data, vão ver que são largas dezenas ( se não duas ou três centenas ), todos ou quase todos em áreas em que a estrutura tradicional da função pública ( ministérios, direcções gerais, inspecções, etc ... ) ainda conserva as anteriores estruturas.
Percebem agora porquê ?
Percebem agora também porque gastamos tanto dinheiro a gerir as coisas públicas e o resultado é tão mau ?
Vamos parar sempre ao mesmo : falta de carácter, falta de vergonha, compadrio, cobertura, ganância, chico-espertice, ignorância, falta de inteligência e de honestidade.
O resto são cantigas para entreter as avózinhas ingénuas.
Ah, não pensem que o vosso partido está inocente desta acusação. Nesta história são todos vilões, já vi todos os partidos fazerem isto. Alguns, senão a nível central, então a nível autárquico.
E depois, nós, os tansos, os mansos, que paguemos a conta, claro.

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