terça-feira, março 09, 2004

FANTASIAS, CRENDICES OU TALVEZ HAJA ALGUMA COISA DE VERDADE ?

Penso que, nos ultimos tempos, grande parte das pessoas se renderam a "técnicas" não-convencionais de tratamento de doenças físicas ou psíquicas, bem como a numerosos instrumentos de auto-conhecimento psicológico do comportamento individual. Muitas pessoas consultam o seu horóscopo, ou vão a consultas mais sofisticadas de astrologia, reiki, tarot e mais algumas de que nem sequer ouvi falar. Quanto a terapêuticas, aromaterapia, talassoterapia, cores do halo do indivíduo, acunpunctura, é só escolher, há tratamentos para todos os gostos e bolsas.
Desde que me lembro - invocando a minha experiência pessoal - que a realidade é assim : ia-se à bruxa, ao curandeiro, ao santo milagreiro. Hoje, porém, estas "para-ciências" conquistaram definitivamente o seu lugar junto dos homens e mulheres, de uma forma nunca vista. Alargaram a sua base de crentes, conquistaram aceitação social, aparecem nas capas e no interior das revistas da moda. Curiosamente, conquistaram mesmo muitos daqueles que, fiéis a outras fés, deveriam olhar de soslaio para estas "coisas".
Que se passa ? Qual a razão desta onda de popularidade ?
Pode haver outras razões, mais profundas, que só um estudo cuidadoso revelaria. Por mim, não tenho grandes dúvidas que, na base desta atitude de muita gente, está uma descrença cada vez maior na "ciência oficial", quando não mesmo uma quebra na sua fé religiosa tradicional.
Se virmos bem, por exemplo, a medicina ocidental clássica deixa muito a desejar na forma como encara a pessoa, considerada logo como um paciente, sem deixar grande espaço à influência da vontade na cura. A psicologia, por outro lado, nunca ( ainda não ? ) se estruturou em conhecimentos práticos de alcance universal, ao alcance do comum dos mortais, nem nunca se aventurou por terrenos menos clássicos.
A fé religiosa está em regressão, para muita gente, cansada da falta de esperança na solução imediata dos problemas.
Hoje vivem-se tempos sem paciência, tempos de recusa de sacrifício e de dor, tempos de exigir o milagre já !
Confesso que não sei muito bem se esta tendência acabará por ter consequências boas ou não. A verdade é que a minha própria fé inabalável ( mas nunca cega ) na luz, na ciência, no homem de Descartes, começa a esmorecer um pouco.
Seria tempo de ter respostas a muitas questões e elas tardam.
Dirão que sempre foi assim. Dirão que as respostas em falta acabarão por vir, como sempre vieram, por via da ciência e do conhecimento "sério", oficial.
Talvez.
Penso, ainda assim, que a sobranceria e a arrogância da ciência oficial nunca foram tão visíveis e assustadoras. Apesar da falta de respostas a tantos problemas. Já pensaram se a actual estrutura e organização da produção do saber ( Universidades, laboratórios, equipas, muito dinheiro envolvido ) não serão impeditivas do verdadeiro saber ? Já pensaram se muitos dos actuais cientistas não serão tão ignorantes como os velhos bruxos e curandeiros ?
Com uma agravante : deixaram de olhar o homem, na sua complexidade e unidade, e passaram a ver um objecto ou paciente ou ainda ... uma forma de atingir a glória ou o dinheiro.
E se, afinal, os homens e as mulheres da astrologia e do tarot andarem lá tão perto ( ou tão longe ) da verdade como os senhores das batas brancas, só que ainda um bocadinho menos mitificados e endeusados ?
E se, afinal, a verdade não residir apenas num dos campos ?
E se, afinal, as Universidades do nosso mundo ocidental não forem assim tão abertas ao saber como se pensa ?
E se, por ultimo, esta for apenas mais uma provocaçãozita minha ? Que dizem ?

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