sábado, março 13, 2004

LUTAR POR UMA CAUSA JUSTA OU SER SIMPLESMENTE UM ASSASSINO SÁDICO ?
Querem acompanhar-me em duas ou três reflexões básicas ? Vamos nessa ?
Então lá vai : qual é a única justificação que pode haver para o exercício do poder político ? Esta não é dificil : é o bem-estar das pessoas que são sujeitas a esse poder político, em nome de quem o mesmo é exercido. Quando assim não sucede, há uma perversão social e política, não é ? As pessoas são o fim ultimo de qualquer sistema de governo político. O seu bem-estar. A sua felicidade.
Que pensar então de um grupo de individuos que, a pretexto da defesa deste ou aquele bonito princípio político ( a conquista da liberdade, da autonomia ou seja do que for ) não hesita em assassinar milhares de pessoas inocentes ? Que afirmação directa e simples se pode fazer sobre gente desta ?
Também é simples : para eles, o tal principio que defendem é superior à vida de milhares de pessoas inocentes.
Ou seja, a única legitimidade que poderiam ter para a sua acção – a conquista de bem-estar das pessoas – é totalmente desmentida pela constatação que, afinal, se estão pura e simplesmente nas tintas para todas as outras pessoas, não hesitando em assassinar milhares.
Que tipo de comportamento seria de esperar de pessoas destas, que não hesitam nestas acções, se um dia chegassem ao poder político ? Está-se mesmo a ver que passariam, então, a ter um grande respeito pela vida humana, não era ??
Sabem, o que é espantoso é que alguns destes grupos começaram com um ideário justo e legítimo, os seus principios eram inquestionáveis e generosos ... porém, algures no meio dos milhares de mortos que provocaram, convencidos que era esse o caminho, perderam-se totalmente. Perderam a razão, perderam a legitimidade e, pior do que isso, perderam a própria grandeza, ficando reduzidos à categoria de criminosos sem escrúpulos, sem ética e sem futuro.
Muitos deles, dessa gente perdida, cansados do cheiro a sangue, fizeram este mesmo raciocínio ... sabem o que lhes acontecia ? Foram considerados traidores e executados.
Esta gente sofreu um processo gradual de tremenda destruição, não só das vidas dos outros como dos seus próprios ideiais. No final, já não são sequer homens e mulheres com uma visão, uma ideologia, uma luta justa : são simplesmente pessoas destruidas, sem sentido, sem compaixão, sem dignidade e sem alma. Com as mãos cheias de sangue.
Que nenhum homem ou mulher de bem, mesmo daqueles que sempre lutaram contra a opressão e a injustiça, se engane e os considere como pessoas com uma causa, digna de respeito e admiração. Começaram por aí, sem dúvida, alguns desses. Hoje, são apenas feras sem qualquer respeito pela vida humana, viciados no sangue e na indignidade, chafurdando em pântanos ideológicos, defendendo-se exclusivamente a si próprios, completamente esquecidos do que deve ser o poder político : algo para trazer a felicidade às pessoas, não o luto.

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