segunda-feira, março 01, 2004

A VIDA SEGUNDO O AUTOR

Nunca me preocupei em gerir a minha vida, com qualquer objectivo que fosse. Não porque tenha razões morais ou éticas contra isso, mas simplesmente porque sou preguiçoso. Sim, assumo que sempre preferi estar sentado a ler, a escrever ou a ver um filme que a trabalhar para a carreira, a aturar gente importante ou a sujeitar-me a burocracias e a protocolos. Isto não significa que me deixe “levar” inteiramente na corrente do rio, sempre houve valores que quis deliberadamente preservar e outros que fantasiei e ousei defender. Não sou, portanto, um amorfo, acho eu : apenas um tipo que é demasiado preguiçoso e pouco seduzido por valores materiais do tipo casa+piscina+mercedes+andares e carros para os filhos...
Não admira, pois, que nunca me tenha tornado rico, nem mesmo um destes ultimos novos ricos à custa do orçamento de Estado. Afinal, a posse plena da nossa coluna dorsal tem os seus inconvenientes, claro !
Mas a verdade é que em momento algum me arrependi desta forma de encarar a vida, não como algo que urge vencer e ganhar, contra não sei quem ou o quê, mas como uma coisa que decorre naturalmente. Algo que é preciso saber deixar fluir sem perturbações ou sobressaltos de maior. Com placidez, tranquilidade e sabedoria.
Penso muitas vezes nesta questão, nos ultimos tempos. Vejo quão diferentes somos uns dos outros, na forma como interpretamos este acto de viver. Lembro-me muitas vezes de Agostinho da Silva e os seus gatos.
Sinto-me bem assim, tranquilo, em paz comigo mesmo.
Bem, não é totalmente assim, infelizmente : este Governo e estas políticas põem-me a adrenalina em cima, despertam-me velhos instintos guerreiros, deixam-me em pé de guerra. Lá se vai a minha tranquilidade ...

Sem comentários:

Enviar um comentário