quarta-feira, novembro 09, 2011

ESTAMOS PRISIONEIROS DA ESTUPIDEZ ... OU DA MALVADEZ ?

Rodemos à nossa volta, oiçamos as palavras de responsáveis de vários grupos e governos, meditemos e ... espantemo-nos, senhores. Espantemo-nos com tamanha parvoíce e ignorância ou, se formos menos crédulos, com tamanha sem vergonha e ataque descarado aos direitos dos humildes e dos distraidos.
Oiçamos o senhor presidente de uma região autonóma de uma só via ( só é autónoma para gastar, para as receitas já não é autónoma, nós que paguemos ) e pasmemos, se conseguirmos resistir ao sono. Onde é que fomos inventar tal personagem, meu Deus ? Onde é que já alguém ouviu um discurso de tomada de posse de uma zona ( com menos gente que a Amadora ) em que, ao longo de uma hora e tal, se misture a defesa de uma coisa tão repugnante como a zona franca da Madeira com ataques directos ao Continente, àqueles que têm pago as contas deles ? Tudo isto entremeado com trezentas e tal citações desde Sá Carneiro ao padre Manuel Antunes, a uma média de uma citação e meia por frase ?
A insuficiência intelectual não mora só na Madeira, porém. Do lado de cá, vemos e ouvimos um Passos Coelho patético a jurar que ele nunca pediu, nem tem necessidade de pedir, nenhuma renegociação do acordo com a troika, coisa à qual óbvia e manifestamente iremos parar, vidé Grécia e, atenção, brevemente, vidé também a Irlanda. O sr. Juncker, que eu nunca percebi o que é que anda a fazer no meio deste granel, a jurar que Portugal não precisa de mais dinheiro - de que óbviamente Portugal precisa - e que, de resto, mesmo que precisasse ele seria contra. Lindooooooo ...
Esta idiotice radica ainda na ideia completamente tótó que os "mercados" reagem à confiança ou desconfiança, que os "mercados" se vão portar bem se nós também nos portarmos bem ... Passos Coelho, então, é tão patético e veemente a declarar que iremos cumprir a todo o custo as metas inicialmente traçadas, e a jurar que nunca procuraremos renegociá-las, é tão enérgico nestas declarações que ... parece que não deseja que nada mude e que as condições continuem mesmo más.
E pensando bem, se calhar até lhe convem, é o unico enquadramento político que lhe permitirá prosseguir nas destruições e demolições da máquina do Estado. É uma ideia horrível, mas possível, não sejamos ingénuos. Nessa lógica, para a troupe neo-liberal, quanto pior ... melhor.
Mas aposto o que quiserem que assim não vamos lá. Vão ser indispensáveis novos prazos e novas taxas de juro. E uma ladeira menos íngreme para as taxas anuais para o défice. Aposto o que o leitor quiser.
A menos que tudo isto ainda seja mais idiota do que eu penso e que esta malta ainda não tenham percebido ( apesar da Grécia ) que este caminho não tem saída.
Seja como for, leitor, o pior deste filme é que nós é que o estamos a pagar com língua de palmo, sem sequer podermos discutir as condições.
Sinceramente, leitor, acha normais todas estas coisas ?

PS - eu não acho, como se percebe pelas minhas palavras. E no próximo sábado poderão encontrar-me no Rossio, com muitos mais militares, a mostrar claramente que não gostamos mesmo nada do que este Governo está a fazer. Tudo democrático e calmo, não tenham receio, não haverá fardas nem espingardas nem carros blindados nem nada. Apenas nos queremos fazer ouvir, que isto da democracia não se esgota no voto de quatro em quatro anos, e cada vez mais temos de também falar, nesse intervalo. Tanto mais que antes do voto se dizem umas coisas ... e depois do voto se fazem outras.


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