terça-feira, julho 06, 2004

O MEDO DE PERDER O PODER

A posição dos partidos que não querem eleições antecipadas é cínica e despudorada. Ninguém que ocupe uma posição de poder legitimada pelo voto popular pode alguma vez, seja em que circunstâncias for, recusar novas eleições. Em democracia, a soberania não se delega em representantes eleitos, o que se delega é apenas o exercício temporário do poder. Em principio, por um período de tempo pré-determinado, sim, mas sempre sujeito a interrupção, caso as circunstâncias o justifiquem.
Alguns dos senhores e senhoras que são nossos representantes eleitos tendem a esquecer-se destas verdades básicas e nem mesmo têm vergonha de revelar que NÃO querem eleições. Esta é a verdade : FOGEM de eleições, EVITAM perguntar às pessoas como querem ser governadas.
Há que respeitar as eleições de 2002, dizem. Mas não seria melhor respeitar umas frescas, que sejam feitas AGORA ? O que é melhor, a vontade do povo em 2002 ou a vontade do mesmo povo AGORA, depois de tudo o que aconteceu ?
Vamos então fingir que as pessoas permanecem com as mesmas intenções de voto que em 2002, depois de uma união de partidos que surgiu á posteriori, depois de uma longa série de promessas eleitorais esquecidas, depois daquele em quem votaram ter desertado para Bruxelas, depois de dois anos infernais de uma contenção orçamental que foi só para alguns e sem resultados positivos visíveis ? Hem ? Votaríamos hoje como votámos em 2002 ? O tanas é que votávamos ... Viu-se nas ultimas eleições para o parlamento europeu. Viu-se.
QUEM TEM MEDO DE PERGUNTAR AOS PORTUGUESES O QUE QUEREM ?
Ao contrário do que toda a gente parece acreditar, não penso que a estabilidade política seja o bem absoluto a preservar na gestão da coisa política. A legitimidade e a genuinidade do poder são valores bem mais importantes.

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