terça-feira, outubro 14, 2003

MUDAR O POVO INTEIRO ?
Desde muito criança que ouço dizer que estamos em crise económica.
Antes do 25 de Abril era a crise do isolamento político do país, da inexistência de liberdade da iniciativa privada e do custo da guerra colonial.
Depois, ao longo de sucessivas crises, dizia-se que o problema estava nos estrangulamentos estruturais da nossa economia, ou nas más conjunturas internacionais, ou ainda nos aumentos salariais incomportáveis ( ?? ) e na baixa produtividade dos nossos trabalhadores.
Nestes ultimos trinta anos ouvi responsáveis políticos afirmar, vezes sem conta, que se iam entregar de alma e coração ao combate à fraude fiscal, à melhoria da educação, ao aumento da produtividade e da competitividade, à modernização da nossa economia.
Ouvi pedidos de paciência, ouvi exortações para “apertar o cinto”, que era apenas durante uns tempos e que mais tarde teríamos finalmente o desafogo merecido.
Nos ultimos três ou quatro anos, a ladaínha mudou : agora é o cumprimento do limite no déficit das contas públicas, é preciso antes de mais endireitar as finanças e só depois é que ...
Meu Deus, a verdade é que me dei conta, passados todos estes anos, que somos um país já não só adiado mas completamente condenado. Ou pelo menos fora de prazo. Com elites despojadas de valores ( que não os puramente materiais ), incapazes de motivar um povo analfabeto, ignorante e mais propenso à inveja que à iniciativa. Com empresários esmagadoramente de nível 4ª classe atrasada. Com pessoas incrédulas e cínicas, como eu.
Que fazer ?
Pois bem, um amigo meu, há tempos, à hora de almoço, descobriu a solução.
Eu tinha sugerido, numa ultima esperança, que contratássemos gestores e mesmo governantes estrangeiros, alemães ou suecos, para ver se era possível andar com este país para a frente.
Foi então que esse meu amigo se saiu com esta frase sábia e definitiva :
“Só os gestores e governantes, pá ? Então não se pode mudar o povo inteiro ?? “

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