sábado, novembro 29, 2003

OBRAS NO CONDOMÍNIO
Hoje, sábado, foi dia de obras no prédio. Era preciso levantar cedo, porque o homem que vinha mudar os intercomunicadores chegava às 8:30. Claro que só chegou ás 9 e picos, mas eu, feito burro, lá estava pronto às 8 e meia e até já tinha ido ao café da esquina ( “A Carripana” ) beber a minha bica.
Às 9 estava prevista a chegada do pedreiro ( ou algo semelhante ) que vinha tentar a impermeabilização de um terraço que existe por cima do meu andar. Esse terraço não me grama e Inverno sim Inverno não despeja-me uma torrente de água na cozinha, o que me irrita á brava.
Já estão a ver, não ? Às 10, lá chegava o homem, acompanhado de um filho, miudo ainda em idade de secundário, já a ajudar o pai nestes biscates.
Juntámo-nos todos, lá por cima, o administrador do condomínio, o pedreiro, o filho e eu, a olharmos com ares entendidos para o terraço. O administrador, homem grande e pesadão, saltava em cima da tijoleira para avaliar se estavam bem colados ao pavimento ou não. O pedreiro acendeu um cigarro e ia tirando umas fumaças enquanto olhava com os olhos semi-cerrados para a tijoleira. O puto espreitava as núvens e avisava : “é capaz de chover”. Eu perguntava :”Então, que é que vamos fazer ?”. O cão da porteira ladrava.
Quase se ouvia o ranger daqueles cérebros todos na análise da terrível situação. Finalmente, arrisquei ( sempre sou engº civil, co’s diabos ) “não é melhor arrancarmos isto tudo, ver o que está por debaixo, depois ...etc...etc...? “.
Era, sim. Claro, corroborou o pedreiro. Então, se tem que ser, lamentou-se o administrador, a ver umas lecas a irem-se à vida ...
E lá se começou o trabalho. Ou melhor, começou o filho do pedreiro a dar uma marteladas tímidas numa chave de parafusos, a tentar descolar a tijoleira ... Homem, assim nunca mais ! Pois é, lamentou-se o pai, se me tivessem dito que era preciso levantar a tijoleira eu tinha trazido o martelo eléctrico, mas assim .... Ou seja, o cliente tem que avisar o artista quanto às ferramentas que ele deve trazer, tá visto.
Resignado, isto afinal é Portugal, desci a casa e trouxe um martelo e um escopro que tinha por lá. Sempre o puto podia partir melhor a tijoleira ...
Bem, e assim continuou, ao ritmo alucinante de dois metros quadrados por hora. Razão afinal tem a Drª Manuela Ferreira Leite : temos claramente um problema de produtividade em Portugal.
Entretanto, fui almoçar e fazer umas compras, com a minha filha, rotina habitual aos sábados. Quando voltei, o pedreiro estava a estender um rolo de tela no espaço entretanto preparado, olhando para as núvens com ar céptico. Lá acendeu o maçarico e começou a colar a tela ... não demorou muito tempo para se perceber que a tela também não chegava para a área toda ... Eh pá, um gajo não tem culpa, não lhe tinham dito quantos metros quadrados eram ...( por acaso eu tinha feito as medições mas palpita-me que o esperto do administrador, num golpe de génio, omitiu esse dado ao pedreiro, quando combinou a vinda dele ).
Enfim, segunda feira vai continuar a aventura. Espero que entretanto não chova muito, vai ser o pandemónio se chover.
Que não, diz o homem, ele já pincelou o pavimento todo com aquele produto maravilha que trazia numa lata e que indicava no rótulo : tapa-poros para paredes de alvenaria ...
De maneira que o leitor está mesmo a ver o que vai acontecer se chover enquanto o homem não cola o resto da tela ...
Ai, ai, este nosso Portugal, é tão girooooooooo !

Sem comentários:

Enviar um comentário