segunda-feira, novembro 17, 2003

O IRAQUE E BUSH NÃO SE ENTENDEM : E AGORA ?
Alguém sabe bem o que se está a passar hoje no Iraque ? Eu confesso a minha ignorância, apenas posso traçar hipóteses, com a experiência histórica de outras situações.Vários cenários são possíveis, para aquelas acções a que temos vindo a assistir. Grupos pequenos e organizados de homens de Saddam Hussein ? Células da organização de Bin Laden ? Grupos de habitantes hostis aos americanos sem ligação a Hussein ou Bin Laden ? Uma mistura de algumas das hipóteses anteriores ?
O que parece óbvio é que são acções de intimidação e desgaste dirigidas não só contra as tropas da coligação, mas também contra as organizações humanitárias entretanto instaladas no Iraque e até contra sectores políticos iraquianos colaborantes com as tropas da coligação. Por isso, aposto não tanto em Bin Laden mas mais em Saddam Hussein, cujas capacidades de sobrevivência e de reorganização terão sido perigosamente subestimadas.
A actuação dessas eventuais células “resistentes” é muito facilitada pela ausência de segurança e de condições básicas de vida das populações iraquianas. De facto, olhando a esta distância, não faço a mínima ideia das razões que têm impedido os americanos de regularizar o abastecimento de água e luz a Bagdad. Nem compreendo o seu aparente desinteresse ( ou incapacidade ) em policiar a vida da cidade, como se isso não fosse da sua responsabilidade. ( ao contrário, os ingleses parecem ter conseguido alguns êxitos na zona sob a sua jurisdição, para onde foram os nossos homens da GNR. )
Se eu vivesse em Bagdad, ainda que nunca tivesse gostado de Saddam, provavelmente já estaria a esta hora zangado com os americanos e começaria a desejar que se fossem embora.
A verdade é que, a pouco e pouco, o Iraque começa a parecer-se não com o Vietnam, como alguns sugerem, mas com um país militarmente ocupado onde o invasor enfrenta forças de resistência muito activas. A libertação planeada ( ?? mal, pelos vistos ) pelos americanos está muito longe de ter acontecido no Iraque e arriscamos, a médio prazo, uma retirada precipitada e perigosa.
Este resultado viria sem dúvida a agradar a muitos dos que discordaram da arrogante e insensata aventura de Bush. Não é o meu caso, embora tenha sido contrário à invasão. Seria algo de resultados imprevisíveis, em termos políticos globais, e totalmente catastrófico, em termos humanos locais, uma saída precipitada do Iraque que deixasse o terreno livre ao regresso de Saddam Hussein.
Convirá não esquecer que os americanos já fizeram coisas parecidas antes, por mais de uma vez. É que as administrações americanas só são defensoras dos direitos humanos ( para uns ) ou imperialistas ( para outros ) enquanto a opinião pública está do seu lado ou as eleições vêm longe ...
Uma coisa tenho por certa : o futuro próximo do Iraque vai influenciar decididamente o futuro da comunidade internacional. Razão acrescida para estarmos atentos e não deixarmos o Iraque apenas nas mãos do sr. Bush.
Já vimos que não se entendem muito bem.

Sem comentários:

Enviar um comentário