quinta-feira, janeiro 01, 2004

O DÉFICE É DE PRINCÍPIOS, NÃO FINANCEIRO
Uma amiga minha dizia-me, há dias, para eu escrever mais sobre as coisas belas da vida ...Eu sei, torna-se chato estar sempre a ler sobre as desgraças deste País e do Mundo, não é ? Se eu vivesse da escrita, se tivesse uma coluna numa revista ou jornal, teria que ter em atenção esse aspecto, sim. Mas isto é um blogue. No fundo, destina-se mais a ser uma válvula de escape para mim que algo feito a pensar no prazer do leitor. A verdade é que é muito dificil fruir a beleza quando à nossa volta vemos que crescem pântanos de corrupção e montanhas de interesses ilícitos. A maior parte dos dias tenho a sensação de um país a esboroar-se, parece-me ver a podridão moral a crescer por toda a parte, como um fungo preto numa velha parede.
Não me quero armar em homem de grande sensibilidade ou em lutador político infatigável. Nada disso. Só que , ultimamente, em cada sorriso de um ministro eu vejo contas na Suiça ( dos primos, é claro ), entendimentos com empreiteiros, filhas a entrar na Universidade por cima dos outros, professores colocados com cunhas, o Primeiro-Ministro todo sorridente, a título pessoal, no casamento da filha do Presidente de Angola, um dos regimes mais corruptos do Mundo ...
Vamos falar de amor, e esquecer isto ?
E os outros, os ilustres cidadãos anónimos deste meu país, não ficam melhor na foto : vigarice nos impostos, a corrupçãozinha em toda a parte, a moral hipócrita dos que se opõem ao aborto e o vão praticar a Londres ou Espanha, os olhos rasteiros de quem nunca nada lhe diz respeito, a mentira descarada e sem vergonha nas declarações de um mero acidente de carro .... quem não viu já estes filmes ?
Vamos falar de amor, e esquecer isto ?
Claro, a beleza (ainda) existe e temos que a olhar e sentir, a menos que sejamos masoquistas e candidatos a uma neurose galopante. Mas lá que é dificil, é. Nos ultimos tempos, é raro o dia em que saio de casa e não sou assaltado por uma qualquer circunstância que me destrói o humor e a ( pouca ) esperança.
De tal forma que ando a matutar neste tema curioso : actualmente, em Portugal, pode-se ser uma pessoa medianamente informada e, ao mesmo tempo, uma pessoa feliz ?
Os leitores que respondam ...

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