quarta-feira, janeiro 21, 2004

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GARÇAS BRANCAS EM CAMPO VERDE

Voltaram. Quatro garças brancas, a “pastar” naquele espaço verde da ultima Quinta em Benfica, em frente do Colombo. Pensei que seriam dois casais, mas não percebo nada do sexo das garças. Ademais, estavam longe e de longe já nem certos homens eu distingo das mulheres, quanto mais garças macho ou fêmeas.
Houve qualquer coisa que entrou nos eixos, cá dentro de mim. Aquelas garças fazem parte do meu ficheiro de configuração interna. Nos ultimos tempos tinha-lhes sentido a ausência. Continuo sem fazer a mais pequena ideia de onde vêm os bichos e de como descobriram aquele espaço. Devem fazer reconhecimento aéreo para localizar bons locais de caça. Ou de turismo, sei lá o que elas andam para ali a fazer.
Para lá das garças, estive hoje no Colombo. Almocei uma salada ligeira, de frango. Ando a ver se perco dois ou três quilitos, mas fico sempre irritadiço quando me ponho a comer estas saladas magras. Será que as garças fazem dieta ? Duvido, os seres realmente livres não costumam fazer dietas.
Depois daquele simulacro de almoço ( aquilo é lá almoçar ? ) comprei o jornal e duas revistas e fui-me sentar um pouco a ler. Enquanto lia ia olhando à minha volta. A vida dentro de um Centro Comercial é muito variada : vi uma mãe a dar o biberão a um recém-nascido em estágio para a claque do Benfica ( berrava que se fartava ! ) ; dois velhotes a cabecear de sono mas tentando manter um ar de dignidade ( já viram como um gajo a dormir de boca aberta é ridículo ? ) ; três ou quatro teenagers fugidos de alguma Escola perto ; um casal com ar provinciano, sentados muito direitos, ele a olhar para tudo com um ar desconfiado, ela a puxar sempre a saia, não vá o diabo tentar os homens ; finalmente, uma jovem com um ar indefinido, pareceu-me empregada de loja ou coisa parecida, ostentando um daqueles telemóveis que parecem canivetes suiços, sabem, com música, máquina fotográfica, web camera e volante de 3 aros forrado a pele. Esperem, cortem essa ultima, essa ainda os gajos não descobriram. Aqueles telemóveis são caríssimos, como é que aquela miúda anda com um deles ? Arquivei essa pergunta, hei-de perguntar isso ao Pacheco Pereira ou ao Nuno Rogeiro, esses gajos sabem sempre tudo.
Para não parecer do tempo da outra senhora ( que até sou ), rapei do meu próprio telemóvel e .... surpresa, tinha uma mensagem SMS muito engraçada, que me restituiu a boa disposição. Não vos vou falar da mensagem, é um assunto meu, mas dediquei uns minutos a esgaravatar nas teclas minúsculas, a preparar e a mandar uma resposta.
Quando levantei os olhos, a jovem do canivete suiço com telemóvel incorporado olhou-me com mais consideração, embora ainda ligeiramente condescendente. Apesar de tudo, o meu não é forrado a pele, perdão, não tira fotografias, nem tem sons polifónicos, que é uma coisa que eu nem sequer sei muito bem o que é, mas me parece ser tocar a 5ª Sinfonia de Beethoven ( ou será um concerto de violino de Chopin ? ehehehe ) quando alguém nos quer falar.
Seja como for ( este “seja como for” é uma expressão muito boa, não é ? ) .... seja como for, dizia eu, acabei por ler tudo, ficar chateado ( entretanto já eram cinco ou seis velhotes a passar pelas brasas ) e resolvi pirar-me para casa. Sempre faço alguma coisa, posso escrever neste blogue.
Espero que agora os meus leitores não me venham bater, insinuando que esta escrita é muito light e que pareço aquela senhora meio magricela que publica três livros por ano e está convencida que é escritora ...
Ciao.

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