domingo, janeiro 04, 2004

SÃO CAMINHOS DIFERENTES, ÓH SUSANA, NÃO CHORES MAIS POR MIM !

Tenho tido uma experiência muito enriquecedora com este pequeno blogue, lido diariamente por uma escassa dezena de pessoas. Pois bem, algumas dessas pessoas acham que eu devia deixar de escrever sobre as coisas erradas que vejo no nosso país ou, pelo menos, de não ser tão obsessivo quanto a elas. O que é mais curioso ainda é que, segundo julgo saber, são pessoas que também não aprovam as coisas que eu tento denunciar.
Então, que as leva a pedirem-me para falar de outros assuntos ?
Só posso especular. E penso que essa sua atitude revela um traço fundamental da nossa cultura portuguesa, quem sabe se ainda herdado do fatalismo árabe. Reconheço esse traço, embora nem sequer seja capaz de o caracterizar completamente. Trata-se de algo que nos leva a pensar que as coisas hão-de mudar, mais tarde ou mais cedo, sem ser preciso fazermos nada quanto a isso. O que for, soará. Não vale a pena matarmo-nos. Ora, eles que se lixem. Por mim, não lhes passo cartão. São todos iguais, para que me hei-de ralar ?
Muitas vezes, a par desta atitude, criamos focos de interesse e de paixão nas nossas vidas. Podem ser a Arte, a Ciência, a Literatura, a Dança, o Teatro, o Amor ao próximo, que sei eu ... o que importa é procurar o sentido ultimo da vida na Beleza que nos rodeia ... e o resto que vá para o Inferno.
Sabem ? Eu já deixei de utilizar e de acreditar em argumentos éticos, do género “é um dever procurar o bem social antes do bem individual”. Nada disso. Admito e aceito que cada ser humano é livre de escolher as suas prioridades e de procurar a sua felicidade pessoal. Tempos houve em que não pensava assim, achava que existiam imperativos sociais indeclináveis válidos para todos.
Mas agora, penso que cada um que escolhe o seu caminho, não é ?
Eu também escolhi o meu, deixem-me construi-lo até ao fim, por favor. Nunca serei capaz de ser feliz sabendo que há tanta coisa horrorosa a passar-se no dia a dia nas nossas costas.
Embora á minha escala microscópica, quero sentir que posso influenciar a mudança, que posso ajudar a melhorar. É afinal dessa atitude – e de alguma mudança que por milagre aconteça – que retiro o prazer de viver.

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