quinta-feira, dezembro 11, 2003

VAMOS ACABAR COM O ESTADO - OS NEGÓCIOS AO PODER !
A furia liberalizadora deste Governo é espantosa, até mesmo para quem já deles esperava uma atitude deste tipo. Não se trata apenas de empurrar o Estado para fora de todos os sectores da economia que podem vir a constituir área de negócios privados. Esta verdadeira “negociarização” da economia é feita com uma pressa mal disfarçada e uma raiva genuina. Nota-se a frustação acumulada de todas as transformações que o país sofreu nos ultimos anos, o desejo incontido de as inverter o mais depressa possível, o afã de reconfigurar as antigas relações de poder.
A questão é velha, mas não deixa de ser um espectáculo quase degradante, assistir a esta actuação despudorada, apressada, cínica e violenta.
Claro que quem ouvir os argumentos ( e esquecer as verdeiras motivações ) destes senhores, fica comovido com o interesse que demonstram pelo bem-estar dos portugueses e pelo respeito dos seus direitos. Tudo é feito no superior interesse das populações, é esta a forma de tornar o país mais eficiente, mais moderno, mais justo, mesmo.
Claro que sim. É que os interesses privados que espreitam a retirada do Estado para iniciar os seus negócios tem vocação de samaritanos, não sabiam ? A sua vocação é servir as populações, não lhes interessa o lucro para nada, pois não ? Eles vão gerir os hospitais, as escolas, as universidades, qualquer dia as polícias e as forças armadas por simples altruismo e vontade de servir o país. E ainda vamos fazer poupanças, caramba ! Vai ficar tudo muito mais barato, vão ver !
A célebre ministra das vendas de património ao desbarato descobriu agora um facto incrível : afirma ela que de todos os funcionários públicos apenas cerca de metade trabalha directamente para servir o público. E, assim sendo, ainda há muitas funções no Estado que podem ser entregues ao sector privado. Fantástico, fiquei impressionadíssimo com o rigor destes números. Impressionadíssimo, sim, com a leviandade e ligeireza com que estas afirmações são feitas. E mais : com o populismo que lhe está subjacente.
É óbvio, não ? Se metade apenas dos funcionários é que serve o público, vamos ver-nos livres dos outros e poupamos milhões ! Bora !
Pois é ... será que a função da srª Ministra, como funcionária pública que tb é, foi contabilizada também como servindo directamente o público ? Não me parece que a ministra das finanças exerça a sua função atrás de um guichet ... ou é ?
Hummm ... e daí .... olhem, por sinal, neste caso concreto, até me atrevo a afirmar que nada se perderia em privatizar a função e atribuir o lugar da ministra a um qualquer gestor financeiro. Não seria dificil a qualquer um fazer melhor que ela ... e até talvez ficasse mais barato !
Mas é bom que comecemos a pensar que é urgente corrermos – democraticamente é claro – com esta gente dos centros de poder do nosso país.
Ou não acham ?

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