quarta-feira, dezembro 24, 2003

DIA 24 DE DEZEMBRO, OITO DA NOITE
Hoje é a véspera do dia de Natal. É o dia da vinda do Pai Natal, lá pela meia-noite ... pelo menos era assim, quando eu tinha 6 anos. Lembro-me de pensar como é que ele conseguia estar na casa de todos os meninos ao mesmo tempo ! Quer dizer, acreditava no Pai Natal, mas parecia-me que havia ali qualquer coisa ...
A minha grande mania nesta época, nessas idades, era arranjar o presépio. As árvores de Natal ainda não se tinham popularizado, ninguém passava sem um presépio, por mais simples que fosse. O meu era um presépio todo “biológico”, como se diria hoje. Passava horas à procura de musgo, nos recantos das oliveiras e dos valados. O presépio tinha que ter lagos, com água “a sério”, com uma cascata. A cascata era indispensável. Um ano, fiz as figuras todas do presépio, em barro, incluindo ovelhas que dariam para vários rebanhos. Os Reis Magos colocaram-me um problema sério, não encontrei tinta para pintar de preto um deles. Acho que as figuras não agradariam nada à Rosa Ramalho ou ao sr. Franco daquele presépio animado que há entre a Malveira e a Ericeira .... mas eu fiquei com uma felicidade tremenda, de artista criador.
Que teria acontecido a essas figuras ?
Ah, e luzes, muitas luzes. As luzes eram feitas de pequeninas torcidas a flutuarem em azeite, dentro de caricas. À noite, o presépio com estas luzinhas indecisas ficava com um ar romântico, quase religioso. Depois de tudo pronto, eu ficava horas, sentado, a olhar para todos os pormenores, a alegrar-me com a minha obra.
Hoje, aqui em Lisboa, nem sequer sei onde poderia ir procurar musgo ...
Vejam bem : são quase 20:00 horas do dia 24 de Dezembro de 2003 e eu estou aqui a escrever estas linhas, com recordações dos meus 6 e 7 anos ...acho que vou acabar isto e comer um sonho. Dos outros.
Tenham um bom Natal, amigos.

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