domingo, fevereiro 22, 2004

UM MOMENTO SOB A PONTE

Ao caminhar, junto do pilar da ponte, uma mulher jovem ergue o rosto para o sol e sorri. Há momentos destes, mágicos, perturbantes. A felicidade dela, naquele momento, era algo que quase se podia tocar. Um sorriso fácil, leve, bonito, como só uma mulher é capaz de fazer. Fazia muito frio, o vento estava forte e gelado, havia ondas no Tejo, mas ela sorria, jovem, confiante, bela.
A máquina disparou-se quase sózinha, é muito sensível a sorrisos daqueles. Eu, o companheiro da máquina, limitei-me a assistir e a premir o botão, ela já tinha escolhido o modelo, o enquadramento, a focagem, tudo na passagem, rumo ao carro aconchegante.
O Tejo sempre atraiu mulheres jovens que sorriem ao vento, ao sol e às gaivotas. E homens no Outono, atentos à beleza desses sorrisos que lhes recordam Verões passados, outros sorrisos e outros ventos.
A vida tem momentos destes, únicos, enquanto a água corre sob a grande ponte.

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