terça-feira, fevereiro 24, 2004

O MITO DO D.SEBASTIÃO AO CONTRÁRIO

Hoje lembrei-me, de repente, que sou uma espécie de D. Sebastião ... só que totalmente às avessas, de pés para o ar. Duvidam ? Vamos ver : para começar, o sujeito era Rei, filho de gente de teres e haveres. Eu não, nem rei nem descendente de gente rica ... Lá o rei ainda dispensava, nunca gostei de protocolos, mas o resto daria jeito, não é ?
Depois, o D. Sebastião era um jovem, mesmo um puto, sem qualquer experiência de vida ... mais uma vez exactamente ao contrário, por aqui a juventude só se for de espírito ( e mesmo assim nem todos os dias ) e também já poderia dispensar alguma experiência de vida, começa a não ser precisa para grande coisa ....
Ao D. Sebastião se dedicaram poemas, canções, estátuas e filmes, a mim nunca ninguém dedicou mais do que uma carta, proveniente da minha Repartição de Finanças, a dizer-me que tinha sido escolhido ... para ter as minhas declarações de IRS inspeccionadas ! Hã, pois é, queria ver o D. Sebastião a ter de ir às Finanças explicar porque é que tinha gasto aquela pipa de massa com o Álcacer_Quibir ...
E daí, provavelmente alegaria ter sido um investimento em mais uma missão de "peace-keeping", de manutenção da paz, como aquelas que hoje se fazem em Timor ou no Iraque : e aí, mais uma vez, estou em campo oposto, nem sequer sou capaz de manter a paz dentro de mim próprio.
Mas não pensem que as semelhanças invertidas acabam aqui : depois da tragédia suceder ( aí não me parece que o oposto - um grande êxito - se me aplique ) o desventurado e jovem Rei tornou-se uma lenda, com todo o povo a carpir a mágoa do seu desaparecimento e a esperar por ele, numa manhã de nevoeiro ... Pois, mas comigo é uma vez mais o inverso : cada vez mais me dá a ideia que as pessoas me querem ver pelas costas, com ou sem nevoeiro ! Ehehehehehe !
Em síntese : o não-Sebastião, o indesejado !

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