segunda-feira, maio 31, 2010

PORTUGAL ENEVOADO

Como quase sempre ao longo da minha vida, o nosso país está envolto em névoa. As pessoas estão cá, estão vivas, mas movem-se de um lado para o outro como fantasmas, não se conseguem distinguir bem, no meio da névoa. Algo lhes roubou a côr, o viço, a alegria. Sempre me lembro desta malfadada bruma a envolver as pessoas. Dantes - oh meu Deus, há quanto tempo - dantes era o Salazar malvado, ditador e rústico. Agora é o iluminado e predestinado Sócrates, sem esquecer os longos anos do competente e aureolado Cavaco. Tudo gente ilustre - bem uns mais que outros, como decerto se lembrarão. A porcaria da névoa, da bruma é que é sempre a mesma. Está sempre omnipresente, pegajosa e húmida. Entra por qualquer pequeno buraquinho e inunda-nos a alma, suga-nos a vontade de lutar, sei lá que outros efeitos nefandos traz esta maldita névoa.
Para já não falar no reumático, nas dores na coluna e nos joelhos. É uma perfeita desgraça, esta névoa.
Sabem, eu nunca percebi se esta névoa vem do mar, de longe, ou se afinal vem desta gente triste e fria que povoa o meu país. Acho que são as pessoas que fabricam esta neblina, para disfarçar os que lhes vai na alma. Para que a miséria e o desalento não se notem tanto.
Ou então é castigo. Alguém me sabe dizer que tamanho pecado cometemos nós, os portugueses, que vilanagem medonha cometemos, para sermos tão duramente castigados por esta névoa maldita que não nos larga há séculos ?? Que mal fizemos nós a Deus e aos Santos para nos atirarem esta humidade peçonhenta e, ainda por cima, nos brindarem com chefias e lideranças tão declaradamente tontas e incompetentes como aquelas que temos tido ?
Mas quem é que precisa de timoneiros que nem sequer sabem para que lado se hão-de virar ?
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