ATIRAR DINHEIRO PARA A CRISE ... E SAIR DE LÁ QUEIMADO !
Leitor, há cerca de um ano os lideres mundiais reuniam-se e debatiam a tremenda crise financeira. Os bancos, sociedades financeiras e as bolsas debatiam-se com milhões de produtos "tóxicos" que já ninguém queria comprar. Esses bancos e sociedades financeiras, com falta de liquidez, ameaçavam falência e, com ela, toda a economia iria colapsar. A palavra de ordem para os governos foi então a de injectar dinheiro, a qualquer preço, nos bancos e sociedades financeiras. E onde mais fosse preciso.
Nem um ano depois, por causa dessas brincadeiras, os défices públicos de muitos países mostraram o reverso da medalha. Em alguns países, esse défice anual aparecia por cima de grandes dívidas públicas acumuladas de anos anteriores.
Enquanto nos EUA as coisas continuaram sob o signo do combate à mesma crise, aqui na Europa apareceu repentinamente a histeria de outra crise, a do défice público. Como se não fosse algo perfeitamente expectável do anterior. Países como a Alemanha de Ângela Merkel começaram uma pressão tremenda sobre os défices, ainda a crise anterior não estava acabada. E a pressão pegou, hoje já nem o BCE fala da outra crise, já só fala da crise dos défices.
Estas atitudes, na Europa, são surrealistas e suicidárias. São coisas destas que fazem da Europa uma invenção não sedimentada, uma tentativa falhada e não assumida, algo em quem o Mundo não acredita. Sinceramente, acho que a Alemanha não está interessada na Europa, agora que a integração da ex-RDA está politicamente concretizada e a ser economicamente digerida.
Primeiro o importante eram as nozes, seis meses depois já são as vozes. Nada disto faz sentido, mas a verdade é que todos os políticos e funcionários importantes da Europa alinham e discutem estas coisas, de uma forma mecânica, acéfala, sem nenhum rasgo de clarividência estratégica. Um bando de gente sem chama nem génio, esta Europa de hoje !
Como pano de fundo destas duas crises - a dos bancos e as dos défices - o que consegue o leitor identificar como constantes ? Já reparou nisso ?
Ah, pois é, as sempre presentes entidades financeiras, bancos e bolsas. Sempre elas. Primeiro, quando ficaram atrapalhadas e quase arruinadas, aqui del-rei e enchemos todas elas de dinheiro. Agora, quando ficámos "descalços" por causa do dinheiro que lá pusemos, que faz essa gente ? Especula, compra, vende, arranja forma de aumentar os juros, continua a ganhar rios de dinheiro, como sempre ...
E a Europa, parvinha e ingénua, a deixar-se ir, a deixar-se explorar indecorosamente !
Pois é, leitor, para quando a tão propalada como indispensável regulação da actividade financeira a nível mundial ?
Quando deixaremos de ser vítimas fáceis desta gente sem escrúpulos nem cara ?
Para quando uma Europa unida e coesa, não dependente dos mercados especulativos financeiros fora da Europa e, já agora, também não dependente do guarda-chuva americano no que respeita à defesa ?
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