domingo, junho 03, 2007

ROTINAS

Sou um homem de rotinas.
Gosto de hábitos que ajudem a dar um sentido á minha vida. Sem esses hábitos, tenho a péssima tendência de não fazer nada e deixar o tempo passar, enquanto leio ou vejo TV. A cabeça não pára, continuo sempre a pensar nisto ou naquilo, mas as pernas, na ausência de compromissos ou hábitos, acham por bem descansar e nada nem ninguém as convence a sair dessa letargia.
Preciso pois de hábitos.
Ou de projectos, porque me entusiasmo facilmente com novas ideias, novos rumos, coisas a atingir. Entro então em estado “febril”, a adrenalina em pleno, esqueço-me de comer, durmo pouco, pareço incansável.
O chato é que, noutras ocasiões, não tenho projectos em carteira e as minhas rotinas são alteradas por qualquer motivo. Sinto-me então “desligado” da corrente, sem nenhuma vontade de fazer nada.
Hoje foi um desses dias. Tinha a bateria em baixo quando acordei, senti logo. Mais tarde, as pessoas com quem costumo almoçar aos domingos tinham mais que fazer. Fui-me então deixando ficar por casa, vagamente aborrecido e cheio de pena de mim próprio. Vi um ou dois filmes, outras tantas séries, almocei e pouco mais.
Descobri, entretanto, que na TV passam, nos vários canais, mais de 39 séries sobre hospitais, médicos e pacientes. É obra, caramba, um perfeito desperdício ! O sr. Ministro da Saúde que não as veja, ainda encerra meia dúzia delas, pelo menos as que passarem nos canais publicos, não é ?
E se não são de médicos e hospitais, são de detectives, investigadores e criminosos. Normalmente, gajos brilhantes que descobrem sempre tudo e prendem os maus, rapidamente e a baixo custo, nada que se compare com a nossa PJ, enfim ...
Também redescobri a minha velha antipatia pelos domingos, pensava eu que isso me tinha passado. Mas não, continuam a ser dias horrorosos, pardacentos, mais antecâmara de nova semana de luta que dia de descanso. Estilo ultimo dia de condenado.
Não gosto de domingos, definitivamente, nem de não saber que hei-de fazer.
Devolvam-me as minhas rotinas, por favor.
Ou ofereçam-me um milagre.

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