quarta-feira, junho 20, 2007

NÃO NOS PODEMOS QUEIXAR DE ESTAR MOLHADOS, SE ANDARMOS Á CHUVA ...

Parece que o senhor José Socrates (JS ), cidadão deste país mas também Primeiro-Ministro, neste momento, apresentou queixa-crime contra o cidadão António Albino Caldeira (AAC ) , professor em Alcobaça, devido ás afirmações deste no seu blogue sobre o processo da licenciatura do primeiro, na Uni.
Não li a totalidade dos escritos de AAC no seu blogue, mas li alguns. Foi ele, nesse blogue, que levantou a celeuma, depois agarrada pelos orgãos de comunicação social.

Claro que JS tem todo o direito de apresentar queixas sobre quem ele quiser, não é isso que está em causa.
O facto de o fazer agora, porém, enquanto titular do cargo que ocupa, é extremamente revelador da sua personalidade.

Vamos agora aos factos : JS sente-se ofendido ( atacado ? ) por questionarem a forma como terminou a sua licenciatura na Uni. Na sua opinião, fez tudo com lisura e não teve qualquer responsabilidade em nada.
Tudo bem, cada um pensa o que quiser dos seus actos. Embora nunca ninguém seja bom juiz em causa própria, como se sabe.

O que eu não posso, porque ficaria a pesar na minha consciência, é deixar de dizer o seguinte :

1º ) Sou engº civil, com a licenciatura terminada no IST sog a égide da Academia Militar, dado que sou militar de carreira ( agora na reserva, prestes a passar á reforma ) ;

2º ) Estive muitos anos inscrito na Ordem dos Engenheiros, tendo depois cancelado a minha inscrição, por motivos pessoais ;

3º ) Tenho orgulho pessoal em ter “tirado” um curso de Engª Civil primeiro na Academia Militar, depois no IST, com professores qualificados e exigentes, dos quais recordo o célebre Prof Edgar Cardoso, em Pontes. Terminei o curso com uma boa média geral, acrescente-se ;

4º) Nesse tempo, nesse curso, seria IMPENSÁVEL que o mesmo Prof fosse responsável por quatro cadeiras, assim como seria IMPENSÁVEL fazer testes, ainda que de uma coisa chamada Inglês Técnico, através de fax ;

5º) No meu tempo, no IST, para que um aluno fosse convidado a dar aulas, após terminar o curso, era preciso que esse aluno fosse de facto um “craque”, do género 18 ou 19 de média ;

6º) Se eu tivesse concluido uma licenciatura em Engª Civil numa Universidade como a Universidade Independente, em idênticas condições ás de JS, NUNCA na vida teria a coragem de me intitular engenheiro, inscrito ou não na Ordem. NUNCA. Para mim, ser engº tem outra dignidade científica, técnica e intelectual ;

7º) As pessoas são obviamente diferentes, nos seus procedimentos habituais e na forma como se apresentam e actuam em sociedade. Por isso, acho que JS tem todo o direito a agir como quiser, embora seja obrigado a aceitar a opinião dos seus concidadãos, quanto ao mérito dos seus procedimentos ;

8º ) JS não se pode furtar a que qualquer pessoa, neste caso EU, faça um juízo de valor negativo sobre a qualidade científica e técnica daquelas cadeiras que fez na Uni, da forma como aparentemente foram leccionadas. Acho também que JS é obrigado a reconhecer-ME o direito a pensar que os cargos que desempenhava na altura tenham tido eventualmente influência na forma como todo o processo decorreu. Verdadeiro ou falso, com o seu conhecimento ou sem ele, tenho o direito a colocar essa hipótese e a escrever a minha OPINIÃO sobre ela. A verdade é que eu nunca poderia ter enviado um fax ao director do IST , nem a nenhum Professor, começando com um “Meu caro ... “ ;

9º) Acho que, se for verdade que JS apresentou uma queixa-crime contra AAC, este procedimento em nada engrandece JS, nem dignifica e fortalece a democracia portuguesa. JS não é hoje apenas um vulgar cidadão, qualquer atitude deste tipo que eventualmente tenha tomado questiona as liberdades fundamentais de uma democracia, fomentando o medo e o passivismo.
Por mim, odiei demasiado essas coisas ao longo da minha vida para agora as aceitar.

Sem comentários:

Enviar um comentário