segunda-feira, junho 04, 2007

OS GALEGOS SOMOS NÓS !!

Os trabalhadores da Galiza ganham hoje um salário médio da ordem dos 1.200 euros mensais, o dobro do salário médio no Norte de Portugal. Com taxas de crescimento da ordem dos 4% e desemprego bem abaixo do nosso, a Galiza de hoje é muito diferente do que era há 50 ou 60 anos atrás, onde milhares de pessoas emigravam para Portugal á procura de uma oportunidade. Ainda há quem se lembre dos amola-tesouras , dos negociantes de tecidos, dos empregados de restaurante e mesmo dos donos desses restaurantes, todos galegos. Nessa época, a palavra galego aplicava-se a alguém pobre e que se matava a trabalhar. Trabalhei que nem um galego, dizia-se ...
Mas que raio há de errado connosco ? Que fado miserável e desgraçado é o nosso, sempre condenados á miséria, sempre a queixarmo-nos de tudo e de todos ? Que maldição nos lançaram ? Porque havemos nós de continuar sempre a trabalhar que nem um galego e a ser ... português, no que ao salário respeita ?
Sabem que este é um tema querido de muitos intelectuais ? Que muitos cérebros portugueses e alguns até estrangeiros se debruçaram sobre este enigma ?
Por mim, já li teorias interessantes, já ouvi muita gente, já vi bastante do nosso país e continuo a espantar-me : ainda oiço coisas como aconselhar-se moderação salarial, porque a nossa economia é pouco competitiva, sem NUNCA se acrescentar qualquer medida ou sugestão para melhorar a tal competitividade. Esta é uma afirmação recorrente, por exemplo do sr. Governador do Banco de Portugal.
Pois bem, e sem medo das palavras, de uma vez por todas : o que se passa é que os nossos empresários são, por norma, um bando de desqualificados. Não temos empresários bons, assim como também nos faltam bons políticos. E também não temos, acho eu, Governadores do Banco de Portugal com mais senso e menos hipocrisia económica.
Quando se fala de produtividade, de competitividade, porque raio de raciocinio enviesado se fala logo dos trabalhadores ? Então a culpa é dos trabalhadores se a magnifica fábrica Lanifícios de Vizela, Lda ainda opera com máquinas do século passado e se derrete todo o seu capital nos Ferrari dos Sr. Augusto e do filho ? A culpa da falta de competitividade é dos operários do vidro da Marinha Grande ( há uns anos atrás, hoje faliram quase todas ) obrigados a usar fornos do tempo da Maria Cachucha ?
Quando se planeiam cursos de formação e qualificação profissional, como é que ninguém se lembra de organizar cursos de empresários e gestores ?
Vão por mim, o problema de Portugal não é, nem nunca foi o da qualidade e generosidade da nossa mão-de-obra. Como se sabe, infelizmente, pela qualidade do contributo que muitos compatriotas nossos dão á economia de países como a Bélgica, Luxemburgo, França ou Alemanha.
Não, claro. O problema é da péssima qualidade ( em média ) dos nossos empresários. E já que estamos com a mão na massa, também dos nossos políticos. E depois, este nacional-cunhismo que em nada fomenta a qualidade, a eficiência. Sim, só por mero acaso é que o filho do sr. Ministro disto ou daquilo é melhor que aquele rapazito da Guarda, bom aluno e muito persistente e esperto. Mas é sempre o filho do sr. Ministro que ocupa o cargo, não é ? Que mal tem que o rapaz não seja nenhum génio e que só vá fazer disparates ?
Bom, digam-se as verdades. Acabe-se com a corrupção e o tráfico de influências. Fomente-se o aparecimento de novos empresários, com coragem e vantagens económicas e fiscais. Aposte-se muito forte nisso, caramba. Incentivem-se os cérebros a aderir ao empreendorismo. Penalizem-se os empresários que nada tentam para a inovação e reapetrechamento tecnológico das suas empresas e que assim condenam os seus trabalhadores a salários de miséria. Retomem-se valores universais tais como a competência, a honestidade e a isenção. Mas a sério, nada de hipocrisia e fantochadas.
Aposto que, se assim fosse, em 10 ou 15 anos Portugal estaria francamente diferente.
Não tenho esperanças, porém.

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