sexta-feira, janeiro 28, 2005

ACABEM COM OS DEBATES : PONHAM-OS A FAZER COISAS, EM VEZ DE PALAVRAS !

Ontem assisti a mais um debate, na RTP1, desta vez sobre o estado da Justiça, em Portugal. Presentes estavam o actual Ministro, um ex/futuro Ministro (?), do PS, juízes, procuradores, advogados, políticos representantes de cada partido político e até público, aqueles que acabam por pagar tudo e não ver nada em troca.
Eram pessoas inteligentes, todas elas preocupadas em mostrar isso mesmo. Choveram as críticas, foram adiantadas algumas hipóteses de solução. A Justiça não funciona em tempo útil, em Portugal : a culpa é dos códigos, da falta de meios, da ineficácia (??) e falta de gestão dos tribunais, do excesso de acções que não deviam ir parar aos tribunais, da formação dos juízes, da Judiciária que não devia ter autonomia na fase de inquérito, do Ministério Público e de mais trezentas e vinte e nove causas diferentes...
Ri-se, leitor ? Encolhe os ombros, não é ?
Mas é assim que as coisas se passam em Portugal : os nossos diagnósticos das situações são sempre confusos, temerosos dos grupos de interesses, atabalhoados, apontando sempre para uma multidão de causas ... Obviamente, quem quiser fazer alguma coisa fica baralhado e acaba, como sempre, por ter de deixar as coisas na mesma.
Quem não é capaz de apontar apenas duas ou três causas dos estrangulamentos, não será nunca capaz de os resolver. Podem crer.
Esta é uma questão genética na nossa cultura : o nosso gozo está em mexer e remexer nos problemas, discuti-los infindavelmente, analisá-los de cabo a rabo, mostrar como somos cultos e inteligentes, mas ... nada de os resolver. Isso é aborrecido, não é interessante, como diria a ainda ministra da educação.
Todas estas discussões se passam a um nível de grande “elevação”, é tudo gente importante e educada, há verdades que não se podem dizer, tá a ver ??
E depois, o leitor já viu profissionais ( os juízes e outros ) mais alheados do estado das coisas, mais afastados da gestão do seu espaço diário de trabalho ? Comparem com médicos na organização da saúde, com os professores na organização do ensino, com os militares na organização da defesa ... Juízes ? Envolver-se na desburocratização do funcionamento dos tribunais e na organização da Justiça ?
Ná ... eles devem ser independentes, pá... Não devem meter-se nessas coisas, são gente superior, com vencimentos e regalias milionários para o nível português, para quê incomodarem-se ?

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