sexta-feira, abril 01, 2011

OS BRUXEDOS DO SÉC XXI

A vida das sociedades modernas está cheia de coisas inexplicadas, mitos, esquemas preversos de fazer dinheiro, bruxarias dos tempos modernos.
Pensamos que estamos a séculos daquilo a que chamamos Idade Média mas a verdade é que em muitos domínios estamos tão às escuras como então. No nosso dia a dia, somos invadidos por coisas estranhas e misteriosas como os "ratings", o valor dos juros quando pedimos dinheiro emprestado, a voz dos "mercados" e muitas coisas desse tipo. Ouvimos, engolimos em seco, lamentamo-nos ... mas nem sequer sabemos bem que gajos são esses que nos andam a lixar todos os dias. Não sabemos, mas também não perguntamos nem ninguém nos elucida. Uma grande confusão.
Vejamos uma delas, as empresas de rating. Uma data de senhores e senhoras supostamente bem qualificados e informados emite juízos sobre a maturidade e idoneidade de países e empresas, quanto à sua capacidade de respeitar compromissos financeiros. Essa malta olha para um país, mastiga uns tantos dados e classifica o país como um devedor seguro, que vai pagar o que deve ou um devedor que não merece a confiança de ninguém no Mundo.
Enganam-se ou acertam sempre ? Não, enganam-se frequentemente, e, mais do que isso, são suspeitas de não serem totalmente isentas nas suas avaliações. Na recente mega crise de 2008, por exemplo, as grandes empresas envolvidas directamente na crise estavam avaliadas no grau máximo de "gente de confiança". Pequenos enganos, claro.
De que vivem essas empresas ?
Surpreendentemente, são contratadas e pagas pelos países e empresas a quem atribuem as avaliações. Isto, porque neste Mundo de gente esquisita, empresa ou país que não possua uma avaliação dessas não vale nada ...
As suas fontes de rendimento, porém, mostram o enorme equívoco original em que se baseiam estas firmas : então avaliam quem lhes paga ? E a mão não lhes foge para glorificar quem lhes dá os dólares, que foi exactamente o que aconteceu na crise de 2008 ?
Grande e esquisito negócio, este.
Bom, e responsabilidade por errarem a avaliação ? Podem ser processadas por danos causados ?
Não. Não há legislação nesse sentido.
Recentemente ( está a acontecer ) a Europa fez saber a estas agências ( são todas americanas ) que iria produzir legislação para as responsabilizar nos casos em que provoquem prejuízos a países ou empresas com avaliações erradas.
Aceitaram ?
Não, responderam, soberbas e omnipotentes, que se a Europa avançar com essa medida não vão atribuir ratings aos países periféricos da Europa, ou seja, àqueles que exigem mais cuidado nessas avaliações.
Este episódio pode dar-vos uma pequena ideia da arrogância destas empresas, da sua total irresponsabilidade nestas crises.
Acreditam neste esquema ? Isto não é uma coisa de atrasados mentais, aturarmos estes gajos ?
Apenas mais um pequeno pormenor : já alguém nos elucidou quem e como são fixadas as taxas aplicadas nas compras das dívidas soberanas ? Aquilo é apenas bruxedo, baseia-se nas transacções diárias dos títulos de dívida nos mercados secundários ou é à vontade de algum senhor instalado em algum trono de oiro em Wall Street ?
Ninguém explica, não há jornalistas a perguntar, fingimos todos que sabemos.
Pois bem, eu não sei de nada. Por formação, não acredito em mecanismos que não conheço. Irritam-me essas empresas de rating. Irritam-me as taxas todos os dias crescentes. Irrita-me a desregulação e desresponsabilização que reina em todo o Mundo. Irrita-me, sobretudo, que venha a ser eu ( e vocês também ... ) a pagar as asneiras e novo-riquismos dos outros.
A vocês não irrita ?

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