terça-feira, abril 12, 2011

NÓS SOMOS PIORES QUE O FMI, ADMITAMOS

Façamos algo que não é habitual em Portugal, pelo menos no meio político. Falemos verdade. Pelo menos tentemos ser sérios.
Esperam-nos dias duros, com mais cortes nos vencimentos e pensões. Mais impostos, também. Todos os impostos, IVA e IRS. E outros, IMI e na área automóvel.
Bom, admiram-se ? Acham que o FMI e o FEE são maus e gostam de fazer sofrer os povos ?
Bem, bons propriamente não são, mas a questão não se pode colocar assim. Quem empresta dinheiro, e sobretudo quem empresta dinheiro nestes montantes, quer ter a certeza que o credor vai conseguir pagar o empréstimo, juros incluidos. Vocês não fariam o mesmo se pudessem, sobretudo se estivessem a emprestar a um país que passou os ultimos anos a estoirar dinheiro ?
Os cortes a que vamos ser obrigados têm esse objectivo. Há outras questões de outro âmbito, como irão ser decerto as mexidas forçadas na legislação laboral, mas isso já entra noutro filme, bem mais prepotente e injusto.
Quanto aos dinheiros, a verdade é que quem só gasta o que tem, ou o que pode pagar a breve prazo, não é obrigado a cortes. Portanto, malta, deixemo-nos de chorar no leite derramado e centremo-nos no essencial.
Para mim, o essencial seria, como já várias vezes referi, perceber :

a) Onde foi gasto, e com que rentabilidade social, o dinheiro que excedeu o orçamento nos ultimos 10 ou 15 anos. Porquê ? Quem beneficiou com esse acréscimo de gastos ?

b) O dinheiro agora "emprestado" pelo FEE e FMI irá ser aplicado como ? Onde ? Para pagar o quê ? Quanto desse dinheiro será emprestado à Banca ? Como será pago ao Estado ?

c) Como será repartido o esforço de pagamento desse empréstimo, DE UMA FORMA CLARA ? Como se assegura que o esforço é proporcional à disponibilidade dos diversos actores ? Como se assegura que o Estado vai mesmo emagrecer, acabando com os institutos e empresas desnecessárias ?

d) MUITO IMPORTANTE : COMO SE VAI GARANTIR O IMPULSO PARA QUE A ECONOMIA NÃO ESTAGNE OU REGRIDA DEFINITIVAMENTE E POSSA HAVER UMA RECUPERAÇÃO ?

A leitura dos pontos anteriores mostra que não há uma preocupação grande da minha parte em saber que cortes vão ser. Não nos enganemos, os jornais e a TV vão vomitar toneladas de lixo sobre esses cortes e coisas do género, mas muito pouco sobre o resto. Nem os orgãos de comunicação nem os partidos políticos, esses apenas preocupados agora com as eleições.
Vão ver, amigos : uma vez mais, as coisas importantes e urgentes não irão ser discutidas. Nem nunca serão.
... e daqui a 20 anos, cá estará o FMI outra vez.
São uns chatos.

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