sábado, novembro 15, 2008

ISTO NÃO É POLÍTICA, É OBSTINAÇÃO ... ou a diferença entre um político e um Messias

Nunca me filiei em nenhum partido político. Tenho horror a que me imponham uma certa opinião sobre algo. Odeio unanimismos, mesmo se sobre coisas tão simples como um bom jogo de futebol.
Dito isto, a crise Governo-Professores dos últimos tempos tem-me dado muito que pensar, no que respeita ao papel dos partidos políticos na procura de soluções para o desenvolvimento do país. Concretizo melhor : do papel dos partidos políticos portugueses.
Os partidos políticos portugueses eliminam a capacidade de pensamento crítico de grandes massas de cidadãos. A certa altura, perante um determinado problema, muitas pessoas parecem perfeitas máquinas de recitação de palavras. Já nem as entendem, vomitam-as em torrente, sempre as mesmas, até à náusea total de quem os ouve. A verdade, o interesse colectivo, já nada disso lhes interessa. Apenas conta a repetição do que diz o chefe, apenas isso lhes dará vantagem no futuro, quando o filho precisar de emprego ou ele próprio desejar um tacho dos bons.
No nosso actual panorama, apenas um ou outro militante em cada partido ousam pensar pela própria cabeça. Honra aos heróis. Quanto a todos os outros, deixaram-se transformar numa massa putrefacta de sombras acéfalas.
No Parlamento, chamam-lhes disciplina de voto. Mas quem se lembraria de inventar esta manipulação descarada e viciosa da vontade e inteligência humanas ? Como é que pudemos permitir uma coisa destas ? Que sentido faz então haver deputados de cada região ? Apenas para os poder espalhar pelas diversas comissões ?
Oiçam as declarações actuais do Primeiro-Ministro, da ministra da Educação e do inefável ministro Santos Silva. Percebam-lhes as motivações, as tácticas. Adivinhem o que vão dizer, mesmo antes de abrirem a boca. Oiçam … e pasmem.
Alguém acredita que por detrás do que dizem estão genuínos interesses colectivos da educação e do país ?
Tretas, nos seus lábios apenas consigo ler uma coisa : a defesa teimosa e obstinada dos seus próprios interesses políticos. Até mesmo quando já se percebeu que estão a dar tiros nos pés.
Esta gente não tem a percepção mínima do que deverá ser a política moderna : a arte de gerir expectativas e conflitos. Esta gente ainda continua a pensar que fazer política é impor a sua vontade a todos os outros.
Só espero que em próximas eleições o país lhes retribua o desvelo com que eles o tratam.

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