terça-feira, outubro 26, 2004


REQUIEM PARA UM AMIGO AMARELO
O meu gato partiu.
O Cenoura foi de viagem para os campos verdes com que sempre sonhou, onde abundam os ratos, gafanhotos e passarinhos que ele nunca conseguiu apanhar por aqui, em minha casa.
O gato amarelo da minha filha, que eu ajudei a criar e que sempre amei, já não está connosco. Desistira de viver, debilitado por uma anemia tremenda que lhe retirara toda a alegria e vivacidade.
Era uma sombra daquele gato brincalhão, de olhos claros e vivos, que nos incitava à brincadeira com sussurrados miaus. Já não vinha ter comigo à mesa de trabalho, por volta da meia-noite, com cabeçadinhas significativas para eu lhe dar comida.
Aos dois anos e pouco, a vida traiu-o . O seu sangue diluiu-se, debilitado por um qualquer virus cruel que nada se interessa por gatos e ainda menos pelos laços profundos que ele tinha estabelecido com os donos.
Sinto-a de novo, a revolta e a angústia. Estou tão farto de perder pessoas e agora companheiros amigos à minha volta ...
Sei que um gato não é uma pessoa, mas a verdade é que foi uma das melhores coisas da minha vida nos ultimos dois anos. Ouvia-me sempre, embora nem sempre concordasse: de vez em quando mostrava-me a sua discordância com uma dentada...
Acho que ainda vou ouvir, por muito tempo, os seus raros miados de prazer ao sol da varanda...
Partiu, o Cenoura. Para sempre. Com ele foi também uma parte da minha vida.
Boas caçadas, amigo, até sempre !

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