terça-feira, outubro 19, 2004

GARÇAS A DEUS !

Gosto de chuva, já o disse outras vezes. Gosto de chuva, mas assim não ... já vos conto !
Hoje, quando regressava a pé do Colombo para minha casa, o vento atirava-me a água da chuva para as pernas, insistentemente, teimosamente.
Chuva e vento, mistura complicada. Os chapéus viram-se do avesso, a água penetra insidiosamente, as árvores abanam e despejam-nos água em cima...
Então, e no meio desta desventura pluvial, não é que lá estavam elas ? Tranquilas, brancas, paradas, aguardando uma aberta no tempo.
As garças ! As garças do costume, naquela quinta em frente do Colombo de que já vos falei tanta vez. Hoje eram umas doze ou treze, umas gotas de água nos meus olhos não me deixaram contar bem. À chuva, pousadas no chão por entre as ervas, à procura de minhocas ou outra bicharada. Digo eu, sei lá, não conheço muito bem os gostos alimentares das garças.
Pois olhem que as garças não pareciam particularmente impressionadas com a chuva nem com o vento. Também é verdade que todas elas tinham vestido aqueles impermeáveis de penas brancas, e eu não. Mas a questão não é de gabardine, não, é de modelo de vida. Aquelas garças gostam de chuva, não sabem o que é molhar a roupa toda e sentir os pés encharcados.
De onde virão elas ? Do estuário do Tejo, das bandas de Alcochete, onde sei que vivem muitas ?
Como raio é que descobriram que ali há boas minhocas e escaravelhos ?
A verdade é que, graças a elas, as garças, cheguei a casa feliz, apesar de molhado.
Aquelas garças fazem-me sempre bem ao espírito.

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