domingo, outubro 23, 2011

MENTIRAS ...

Haverá uma só pessoa em Portugal, descomprometida ( isto é, que possa pensar ) que não veja como o governo PSD/CDS elegeu os funcionários públicos como os "patrocinadores" oficiais da crise ? Acham que há alguém ? Claro que não, os desgraçados patrocinadores já "deram" 5% em média, sózinhos, depois meio subsídio de Natal ( ou já se esqueceram ) , este em conjunto com toda a malta que trabalha, e, finalmente, em 2012 e 2013, os dois subsídios, num valor superior a 14% dos vencimentos.
Toda a gente explica a crise, nas conversas de café, a suprema forma de conhecimento em Portugal, que a crise apareceu porque o país vive acima das suas possibilidades. Acho que não é assim, os únicos que viviam acima do que podiam eram os funcionários, todos os outros estavam bem.
Para justificar essa decisão, já ouvi as mais variadas e tresloucadas opiniões. Desta vez não opiniões emitidas à volta de um café e uma aguardente, mas afirmações oficiais de membros do governo. A saber :

a) São só os funcionários públicos porque ganham mais 10 a 15% que os outros do sector privado ;
b) ... porque é a única forma de diminuir a despesa do Estado e não de aumentar os impostos como seria se pagassem todos ;
c) ... porque afinal os funcionários têm ( ainda ) segurança no emprego.

Como o leitor pode ver, é só escolher. O problema é que as várias explicações não são coerentes entre si, umas são de uma natureza as outras querem dizer coisas diferentes.
Balelas. Não fujamos à palavra : mentiras !
Se é preciso pagar erros e asneiras, ou azares de conjuntura, que sejamos todos a pagá-los : trabalhadores do sector privado, funcionários públicos, gente com dinheiro ganho em aplicações financeiras, bancos, empresas, bolsa de valores, etc ...
Esquecer tudo isto e concentrar os esforços num só sector, os trabalhadores do Estado, só pode ser explicado por uma política deliberada de ataque ao Estado, minando o seu alicerce básico, a motivação das pessoas que dão corpo e vida a esse mesmo Estado. Claro, adicionalmente estão a reduzir despesa ; mas o que de facto lhes interessa, na minha perspectiva, é desorientar e desmotivar toda a máquina do Estado.
Se isso acontecer, óptimo, mais fácil será, no futuro imediato, destruir toda a máquina do Estado na saúde, no ensino, em todos os sectores que, por ideologia, o Governo pretende entregar ao sector privado.
Em síntese, aquilo a que assistimos é a uma tentativa de aproveitamento da crise para concretizar uma agenda liberal de destruição do Estado. O azar dos pobres funcionários públicos é que estão entre o Governo e essa agenda liberal e, ainda por cima, podem ser e estão a ser usados como catalizadores da destruição.
Mas sabem, acho que não vai ser como eles pensam e projectam.
Acho que a malta vai perceber a tempo de ...
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