domingo, outubro 17, 2010

OS ANOS DA RAIVA E DA VERGONHA

Toda esta situação é vergonhosa. Ou devia ser, para quem é responsável por termos chegado aqui.
Vergonha de andar anos a fio a receber, do dinheiro dos contribuintes, quantias absolutamente exageradas, sem a menor preocupação, sem limite, sem recato.
Vergonha de ver crescer a pobreza, o desemprego e mesmo assim, continuar a sacar o mais possível do dinheiro de todos.
Vergonha de tudo fazer para aumentar os gastos, os desperdícios, a insanidade total da fúria despesista.
Vergonha por todos os pseudo-institutos e empresas municipais e grupos de missão e tudo o que sirva para garantir mais uns largos milhares de euros mensais para os bolsos dos senhores e senhoras.
Vergonha de todos os estudos, trabalhos e simples conselhos comprados a peso de oiro fora dos orgãos públicos, só para agradar a amigos.
Vergonha de tantas e tantas parcerias público privadas, verdadeiros sorvedouros de milhões de euros sem controlo nenhum e muito pouca utilidade pública.
Vergonha de tantos pseudo banqueiros que desviam milhões e nem sequer a face perdem. Vergonha de tantas e tantas decisões parvas, erradas, completamente estranhas ao interesse nacional.
Vergonha de tantas autoestradas sem finalidade nem trânsito.
Vergonha de TGVs quando ao mesmo tempo deixaram destruir o Caminho de Ferro como transporte de mercadorias em todo o país.
Vergonha de tratarem o país com a mesma displicência e falta de brio com que tratam das suas vidas privadas.
Por fim, vergonha de virem agora, depois de tudo o que fizeram de errado, depois de tudo o que gastaram doidamente, virem agora, à força, sob ameaças, com chantagens, extorquirem-nos ainda mais.
Vergonha de fazerem tudo isto, primeiro gastar mal e demais e depois de nos virem pedir para pagar a factura, com um sorriso nos lábios e resquícios de sobranceria e altivez.
Se esta gente a não tem, eu tenho.
Tenho vergonha de não ser capaz de fazer nada para impedir o meu país de ser alvo do saque desta gente.
Tenho vergonha da minha impotência perante estes abutres. Tenho vergonha de não ter coragem, em alternativa, de voltar costas a tudo isto e de ir viver para um qualquer Lanzarote.
Tenho vergonha também de compartilhar o meu país com pessoas que nada ouvem, nada vêem e que dizem que a culpa de tudo isto é da crise, que se há-de fazer.
Tempos de vergonha, de luto, de raiva, de impotência.

Sem comentários:

Enviar um comentário