A MAFIA DO GÁS NATURAL ou O ABUSO PERMANENTE DO CONSUMIDOR
Aqui há uns anos atrás, alguns empresários, escudados no poder político, eternamente desinteressado da defesa do interesse público, decidiram introduzir em Portugal o gás natural. Ou vice-versa, pouco me interessa agora. Em vários locais do País, designadamente em Lisboa, já existia uma rede de distribuição do chamado "gás de cidade". A grande maioria dos prédios da capital dispunham de redes para este tipo de gás, ou em chumbo ( as mais antigas ) ou em tubo galvanizado.
Quando da introdução do gás natural, prometeram-se mundos e fundos, mas a verdade é que NÃO FORAM EXECUTADAS NENHUMAS BENEFICIAÇÕES OU SUBSTITUIÇÕES DAS REDES DE GÁS DOS PRÉDIOS DA CIDADE ! Não era preciso, afirmavam, o gás natural trabalhava à mesma pressão do gás de cidade !
Toda a gente engoliu esta inverdade. A verdade, verdade, que se tem vindo a revelar dramaticamente ao longo destes últimos anos, é que o gás natural é um gás seco, ao contrário do gás de cidade. Este último, com a humidade que lhe estava associada, garantia a estanqueicidade das canalizações, muitas delas com uniões feitas à custa do velho fio de sisal que só é eficaz enquanto húmido.
Lembro-me que, colocado o assunto na Assembleia da República, a GDL garantiu que iria "humidificar" o gás natural, para evitar a proliferação de fugas nas velhas redes da cidade.
Cumpriram o prometido ?
NUNCA !
Diariamente, um pouco por toda a cidade de Lisboa, a GDL obriga os consumidores a ensaios das suas instalações, que invariavelmente chegam à conclusão de que existem quebras de pressão, vulgo fugas. Ao darem essa triste notícia ao cliente, juntam logo uma lista de firmas reparadoras, dizendo ao cliente para telefonarem. Em resumo, há largas dezenas de famílias em Lisboa, TODOS OS DIAS ( gostava de saber quantas ) a serem exploradas, pagando a essas firmas largos milhares de euros que deveriam ter sido despesa da GDL. Ninguém lhes pediu o gás natural, meu Deus, o gás de cidade era perfeito e nunca havia fugas !!
Em simultâneo com a introdução do gás natural, deu-se a criação de centenas de firmas para reparação das tais fugas que toda a gente do meio sabia que iam aparecer. Ao mesmo tempo, criaram mais uma quantidade de entidades inspectoras, para fiscalizar o trabalho das outras. Tudo coincidências curiosas. Umas e outras firmas numa obscena mistura cruzada de capitais, acabando todas por pertencer ou ter interesses umas nas outras.
O "cozinhado" continua diariamente, toda a gente já percebeu o que eles fazem e fizeram mas ninguém tem alternativas, se quiser continuar com o gás natural.
Conheço pessoas e até restaurantes que, cansados desta tourada e desta exploração, se viraram para o "tudo eléctrico" ou mesmo para o gás propano, em depósitos industriais.
Enfim, negócios à portuguesa, com tudo o que esta expressão implica de irresponsabilidade e de falta de vergonha.
A MAFIA do gás natural, em Lisboa, não é nada natural, amigos, é mesmo uma mafia totalmente artificial que todos nós toleramos por indiferença e comodismo.
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