quarta-feira, agosto 11, 2010

TEIMOSIA MINHA OU LEVIANDADE DE ALGUNS ?

Vem-me acontecendo isto com bastante regularidade, e eu já nem tenho a certeza de nada. Entre conhecidos, discutindo isto e aquilo, vejo pessoas que emitem opiniões muito longe da realidade ( pelo menos daquilo que para mim é a realidade ), com o maior dos à vontades, assumindo completamente o direito à opinião expressa, ainda que saibam muito bem, lá por dentro ( acredito eu, se assim não for ainda é pior ) que a sua opinião é mal fundamentada ou não fundamentada de todo.
Creio que a atitude tem a ver com o amor próprio, com a vontade de realçar o seu papel na sociedade, uma série de coisas dessas, que também a mim importam.
A diferença, muitas vezes, é que eu gastei muitas horas de leitura e meditação, ou longos anos de prática profissional, antes de emitir essa opinião e vejo que os outros falam apenas por ouvir dizer ou, em alguns casos, por anos de actividade profissional sem qualquer enquadramento doutrinário ou legal.
Estas circunstâncias sempre me irritaram. Nas conversas de restaurante ou de café, somos todos peritos em tudo, desde a política ao futebol. Eu também.
A verdade é que nunca aprendi a calar-me, nestas ocasiões, e frequentemente me vejo envolvido em disputas parvas, no meio de argumentos de duvidosa racionalidade, irritado, quase aos berros.
Depois, fico chateado e cansado, mas o mal está feito.
Estou farto disto. Estou farto destas situações. Estou também farto ( e magoado ) que pessoas que me são próximas se coloquem em oposição a mim, sistematicamente, não pelo valor dos argumentos em si mas apenas porque acham que não se deve falar alto numa discussão.
Para falar verdade, acho que abuso, por vezes, da minha impaciência e má-educação. Porém, também é verdade que já descobri, por mim, que hoje ninguém gosta de aprender com ninguém e que todos se acham qualificados para falar de tudo em pé de igualdade com os outros. Já não existe modéstia nem vontade de aprender, só existem direitos de igualdade e de livre expressão de opinião.
A excepção é quando algum tipo fala na TV. Aí, dá a ideia que essa pessoa passa automaticamente a ser invadida por uma auréola de sabedoria omnisciente. Essa pessoa passa a ser importante. Como o engº Sócrates antes de ser presidente do PS, nas suas conversas na TV com o dr Santana Lopes, outro candidato a iluminado, por falar na TV.
Se não falarmos na TV, somos iguais a todos os outros, quaisquer que sejam os nosso argumentos.
Para mim, esta história é apenas uma das corrupções introduzidas pela democracia : se o meu voto vale o mesmo que o teu, então a minha opinião é tão boa como a tua.
E não me convences do contrário. JAMAIS.

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