quinta-feira, outubro 01, 2009

OS NOVOS VENDEDORES DE BANHA DA COBRA

A vida política moderna é uma selva de factos. Uns reais, outros nem por isso. Os personagens são muitos e variados : chefes dos partidos políticos e sua corte, Governo e seus milhentos actores, agências governamentais actuando de cara descoberta ou nem por isso, jornais, televisões e rádios, jornalistas, polícias de investigação, ministério público, tribunais, militantes de partidos, e, finalmente, o cidadão comum.
Tentar perceber as movimentações de todos estes actores e agentes é tarefa gigantesca e quase impossível, sobretudo porque nenhum deles parece muito interessado em actuações claras e bem visíveis. Na maior parte dos casos, nunca se sabe nada do que aconteceu, quer o caso vá a julgamento publico ( uma imensa MINORIA das vezes ) quer fique bem afastado dos tribunais. Não se sabe nada e muito menos se pode provar seja o que for. E mesmo que se prove alguma coisa, há sempre os recursos, as delongas mais ou menos artificiais, esperando que tudo se apague na memória das pessoas. Tudo isto porque a política, actualmente, nada tem a ver com a verdade das coisas, é apenas um jogo de sombras chinesas, onde umas quantas notícias ou boatos fazem surgir novos pseudo factos escondendo assim os verdadeiros.
A política virou jogo de marketing comercial. Grande parte dos políticos modernos jogam com imagens, com projecções mentais, com a criação de mitos e expectativas, com ilusões. Os vendedores de banha da cobra ( lembram-se ? ) desapareceram e deram lugar a estes novos artistas das ilusões.
Uma campanha política faz-se hoje exactamente como o lançamento de um novo CD para uma banda de pop : musica, videos, fumo, som, bandeiras em agitação permanente, segundos planos que vão aquecendo o publico até à entrada do artista, o delírio programado quando este entra, os sound bytes que emite, a milhares de watts de potência, enquanto o écran gigante dá a sua imagem enorme, piramidal, do tamanho da sua DESEJADA grandeza.
Voltemos á interpretação da realidade, uma vez que julgo ter já demonstrado ser impossível chegarmos á verdade dos factos, na selva política moderna.
Há ainda uma ou outra forma de tentarmos não ser enganados. Isso exige total descomprometimento e muita atenção. Um dos truques é perguntarmo-nos sempre, perante qualquer novo “facto”, A QUEM INTERESSA ESSE NOVO FACTO NESSA PRECISA ALTURA. Se o leitor aplicar esse método, vai ver que pode errar, uma vez ou outra, mas que acerta na maior parte das ocasiões.
Se o leitor aplicar essa metodologia de análise vai poder sobreviver melhor nesta selva e até talvez explicar aos amigos certas “maroscas”.
Tenha sempre em atenção, leitor : há factos que são reais e há factos inventados. Tanto para uns como para outros existem actuações de aproveitamento ou exploração de efeitos. Seja sempre frio, atento e muito crítico. Não se deixe embalar por emoções. Não deixe que o vendedor de banha da cobra lhe saque uns cobres valentes e, em troca, lhe entregue uns cobertores que se desfazem na primeira lavagem. Não seja crédulo nem ingénuo. Não desanime nem deixe de pensar quando ouve enérgicos desmentidos e protestos de inocência. VEJA SEMPRE QUEM FICOU A GANHAR, POR DETRÁS ESTARÁ SEMPRE O AUTOR DA BRINCADEIRA.

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